segunda-feira, setembro 21, 2009

Artigo de Opinião de João Vieira Pinto

1
Benfica repete Guimarães: ganha sem jogar bem

Apesar de ter sido a equipa que mais quis mandar no jogo, que assumiu a iniciativa e nunca deixou de procurar a vitória, o Benfica conseguiu o segundo triunfo fora sem jogar bem. É a vencer jogos em circunstâncias como estas que, muitas vezes, se entra no caminho do êxito. De resto, o Benfica, mesmo marcando cedo e de bola parada, o que já começa a ser um hábito, não conseguiu impor a dinâmica de outros jogos e o que pareciam ser facilidades iniciais tornaram-se dificuldades muito sérias. É certo que o relvado não ajudou, mas o Benfica afunilou demasiado o jogo, fazendo exactamente o que menos lhe interessava, frente a um adversário que jogou com três centrais e dois pivôs defensivos. Faltou ao Benfica jogo pelas alas e qualidade no último passe, em algumas situações. Independentemente disso nota-se que é uma equipa guerreira, com uma cultura de vitória melhor do que a da época passada. E tem a tal vantagem de estar a conseguir ganhar mesmo quando não joga bem, o que é fundamental para quem quer ser campeão.


2
Keirrison continua inadaptado

Tendo deixado Cardozo no banco, Jorge Jesus voltou a apostar em Keirrison no ataque, mas este brasileiro continua a ser, claramente, um jogador inadaptado. Está a complicar a sua própria acção e quem sabe se até o futuro no clube, pois não tem conseguido aproveitar as oportunidades que tem tido - e já são algumas… - e está a lutar com uma concorrência muito forte. Sabe-se que é um jogador com talento, mas a verdade é que não o tem demonstrado e, nesta altura, arrisca-se a ir para o fim da linha, pois para o mesmo lugar o Benfica também tem Cardozo, Saviola, Nuno Gomes e Weldon. Quando me refiro aos problemas que o Benfica teve ontem no último passe não posso esquecer que se é verdade que os avançados não estavam a ser bem servidos, não o é menos que Keirrison não conseguia criar espaços para receber a bola.


3
Leiria foi adversário perigoso

O Leiria, utilizando muitos jogadores na faixa central, beneficiou do facto de ter conseguido empatar cedo, o que lhe permitiu manter a estrutura inicial, que apontava para uma grande concentração defensiva e transições rápidas, confiando na qualidade de jogadores como Carlão, Silas e Ricardo Pateiro, e mais tarde na velocidade de Kalaba. A postura leiriense fez deste um jogo perigoso para o Benfica, que apesar de dominar não conseguia fazer fluir o seu futebol e mais do que uma vez permitia à equipa da casa sair da zona de pressão e de criar lances de perigo. Aliás, pertenceu ao Leiria a grande oportunidade da segunda parte.


4
Contra três centrais os laterais têm que subir

À semelhança do que aconteceu em Guimarães, o Benfica em Leiria voltou a ver-se atrapalhado ao jogar contra três centrais. Isto aconteceu porque a equipa não percebeu que o espaço estava nas alas e insistiu em jogar pelo centro. Nas poucas vezes que a equipa procurou as alas criou lances de perigo. No actual esquema do Benfica, é preciso ter laterais que subam e saibam aproveitar os corredores. Maxi Pereira sabe fazê-lo mas ainda não está no seu melhor e Shaffer raramente subiu. O único que percebeu que era por ali que havia caminho aberto foi Aimar, mas mesmo assim insistiu poucas vezes em cair nas linhas.


5
Javi García é quem equilibra a equipa

Num jogo em que não acho que haja alguém a merecer o título de melhor em campo, prefiro realçar a importância de Javi García no meio-campo do Benfica. Muito forte fisicamente e muito bom em termos tácticos, é ele quem permite aos outros médios saírem para o ataque de forma despreocupada, porque sabem que contam sempre com ele para o que der e vier. Sem Javi García em campo o caudal ofensivo não poderia ser o mesmo. Para além de equilibrar a equipa e ser fundamental no sistema defensivo, é também o espanhol quem protege e compensa as subidas de David Luiz.


6
Substituições meteram medo

As substituições do Benfica tiveram um papel importante no desfecho da partida. Não por aquilo que Cardozo e Nuno Gomes acrescentaram em termos de futebol jogado, mas sim pelo respeito que impuseram ao adversário. A entrada dos dois goleadores numa equipa que já tinha bons avançados em campo meteu medo e condicionou o jogo.

1 comentário:

Jimmy Jump disse...

Jogo fraquinho do Benfica em Leiria, muito por mérito da estratégia defensiva de Manuel Fernandes.
A pouca inspiração de Ramires, Di Maria, e Keirrinson (com claras dificuldades de adaptação) não ajudaram em nada.
Destaque para a dupla Aimar&Mamadou.
A exibição destes jogadores, obviamente por motivos opostos, permitiu ao Benfica sair de Leiria com uma vitória importante, num campo que não se afigura nada fácil para os rivais.
Relativamente lance que decidiu o jogo, dizer que na minha opinião o penalty foi bem assinalado. Apesar de ser uma falta menos gritante que a de Álvaro Pereira sobre Alan, a meu ver isso não pode constituir motivo para que aquela entrada de todo ortodoxa ficasse impune.