segunda-feira, setembro 14, 2009

A Propósito da Experiência dos 6 Árbitros da Liga Europa

1 - A Liga Europa será palco da continuação da experiência iniciada em alguns jogos dos mini-torneios do Europeu sub-19 de 2008 com a introdução de dois árbitros de área, para além dos três elementos tradicionais da equipa de arbitragem.
Não posso deixar de concordar com o princípio, mas penso que os custos desta medida não cobrem os seus benefícios.
Se, por um lado, se limitam os erros de julgamento nas zonas onde verdadeiramente se decidem os jogos, por outro, o financiamento e o recrutamento afiguram-se-me de difícil satisfação.
Não há nem dinheiro para pagar a tantos árbitros, nem tão pouco árbitros em número suficiente.

2 - Pelo contrário, a utilização das novas tecnologias redundaria numa solução mais eficaz e mais barata.
Os equívocos decresceriam ainda mais, não seriam necessários mais árbitros (bastariam alargar o âmbito de competências do 4º árbitro) e a médio-longo prazo os custos seriam bem menores.

3 - É discussão recorrente a introdução de meios tecnológicos na arbitragem.
Mas, quase sempre sob premissas erradas!
A tecnologia não irá substituir o árbitro, mas apenas auxiliá-lo.
O erro não será erradicado, mas apenas diminuída a sua margem de ocorrência.
A subjectividade não dará lugar à estrita objectividade, mas apenas à sua redução.
Ou seja, nenhum dos pressupostos sobre os quais assenta a arbitragem será suprimido, apenas aperfeiçoado.
A componente humana continuará a prevalecer!
A primeira e última decisão caberá aos árbitros e não a qualquer máquina!
Segundo estudos já realizados, estima-se que o amparo das novas tecnologias representará uma redução de cerca de 70 a 80% dos erros que hoje se verificam.
A utilização de meios auxiliares da decisão arbitral no julgamento dos lances terá que ser feita com parcimónia e bom senso.
Terá que ser residual, reservada que deve ser para os lances capitais!
E com o mínimo prejuízo para o normal curso da partida!
Infelizmente, ainda que se assegurem todas estas elementares cautelas, estou em crer que o Internacional Board continuará avesso à mudança.
Mesmo em relação ao chip na bola as exigências de fiabilidade do sistema foram de tal monta, que ou muito me engano ou só lá para as calendas gregas é que teremos a sua admissão.

4 - A verdade desportiva e a integridade da competição devem ser acompanhadas de medidas que promovam a qualidade do desempenho e do espectáculo.
Também neste domínio muito há por fazer, o que quase sempre é sinónimo de imobilismo.
Mas, do muito que há por fazer, medidas simples podem e devem ser, desde já, adoptadas, entre as quais avulta, pela sua natureza a roçar o óbvio, a dignificação do papel do 4º árbitro.
Actualmente, o papel do 4º árbitro resvala para o boçal, numa perspectiva de guarda nacional republicano do interior.
Limita-se a controlar os movimentos dos treinadores, impondo-lhes que se mantenham na sua área técnica e a levantar a placa electrónica das substituições.
Há que alargar o âmbito das suas funções, através da utilização das ferramentas tecnológicas ao dispor dos árbitros.
Os árbitros utilizam auriculares que lhes permitem comunicar entre si, pelo que não alcanço a razão pela qual a partida tenha que parar para o árbitro principal anotar o nome do jogador a quem exibiu um cartão amarelo, o tempo de jogo decorrido e a razão de ser da admoestação.
Lançando mão dos mecanismos tecnológicos, bastaria ao árbitro informar o 4º árbitro de todos aqueles aspectos.
Mas, mais.
Como bem disse Jorge Jesus, também não se percebe por que razão há-de existir uma interrupção no jogo para realizar substituições.
São mais as modalidades em que tal acontece com o jogo a decorrer do que aquelas em que se exige uma paragem.
Que me lembre apenas no Voleibol e aí por respeito a incontornáveis regras imperativas ao nível da formação.
Neste particular, o 4º árbitro poderia realizar as substituições em estrita comunicação com as equipas intervenientes e delas dar conhecimento posterior ao árbitro, através da utilização do auricular, sem que fosse necessário interromper a partida.
Com estas duas medidas, ganharia o jogo em fluência e ritmo, assim se evitando paragens que só beneficiam os infractores e os cultores do anti-jogo.

3 comentários:

Jimmy Jump disse...

Não podia estar mais de acordo com o que é aqui citado.
A introdução de meios tecnológicos seria de longe a medida mais idónea no sentido de se credibilizar o futebol que actualmente detém uma imagem fragilizada - principalmente o campeonato português - sem que haja motivo para tal.
O ponto 3 e o ponto 4 sugerem exemplarmente o moldes em que se deve processar a utilização dos meios tecnológicos e algumas medidas que também na minha opinião introduziriam mais vivacidade ao jogo.
Todavia no ponto 4 iria ainda mais longe.
As paragens de jogo para assistência a jogadores lesionados seriam limitadas a casos graves ou então em circunstâncias em que o jogador estivesse numa zona essencial do terreno de jogo.
A meu ver, a nível competitivo -espírito e regras - o futebol tem muito a aprender com o Rugby.

samsalameh disse...

Estes novos árbitros auxiliares também veriam a rasteira que o pobre Álvaro Pereira cometeu nele próprio dentro da área do Leixões e poderiam chamar a atenção ao árbitro principal de que houve simulação!?
E poderia aquele voltar atrás na decisão!?

Mais dois a quem pagar...duas vezes...(you know what I mean!?).

VermelhoNunca disse...

Por cá é exactamente o mesmo que se pensa...!!!

A Federação inglesa vai introduzir, já a partir da próxima temporada, uma quota que obriga os clubes a ter, pelo menos, oito jogadores formados no país num plantel de 25, tal como impõe a UEFA nas competições europeias.

A partir de agora, os clubes terão de dar a conhecer à federação o seu relatório de contas anual até ao primeiro dia de Março, provando que não estão pendentes pagamentos de impostos ou dividas a outros clubes.

«A ideia é proteger a viabilidade e sustentabilidade dos clubes» garante Scudamore. A Federação quer ver os clubes gastarem apenas o que conseguem ganhar com o futebol, nomeadamente com a venda de ingressos para os jogos ou os direitos televisivos.

As punições para quem não cumpra as regras serão duras. Os clubes podem ficar impedidos de participar nas competições europeias e, para além da proibição de adquirir novos jogadores, podem ver negadas as renovações com os que já estão no plantel.