Quarta-feira, oito da noite, hora de pico de audiência. Tenho dois televisores à frente: os olhos no Benfica, os ouvidos no Conselho de Ministros. De um lado, o Benfica transpira. Do outro, transpiramos nós. Sócrates apresenta as medidas de austeridade.
Ontem foi um dia estranho para os portugueses. (Toque de calcanhar de Luisão, bola ao lado). Como pensar em futebol se nos aumentam os impostos? Se pagaremos mais IVA, se receberemos menos IRS, se as pensões não sobem, se perdemos abono de família? (Golo do Schalke! Não: anulado...). O futebol vê-se para lembrar o jogo, não para esquecer o resto. O desporto não é bebedeira, é celebração. (Saviola remata! Ao lado... Raúl remata... Ao poste!)
Ontem, enquanto o Benfica jogava, os funcionários públicos perdiam parte do seu salário. Uns nada, outros 3,5%, alguns 10%. Em média, um corte salarial inédito de 5% (Sai Saviola, entra Aimar. O jogo está chocho), é quase como receber 13 salários a partir do próximo ano em vez de 14. Mais: é a promessa de que a economia que mal se erguera vai de novo afundar.
O ano de 2011 será o cabo das Tormentas para a economia portuguesa (Golo do Schalke 04, Farfán. Mau...). Acordámos do sonho irreal em que vivemos, gastando de mais e produzindo de menos (2-0, golo de Huntelaar...). E o conforto que os Governos nos foram dando de que estávamos a recuperar foi a música mentirosa para os nossos ouvidos.
São já 21.30. As conferências de imprensa acabaram, o jogo também. Foi uma má noite para os benfiquistas. Mas também para os sportinguistas, portistas, academistas e todos os artistas tributados deste país. Abro a página online do Record: “Benfica não soube matar e morreu no final”. Exatamente como a crise, que o Governo não soube matar no início e que nos mata no final. Vamos à próxima jornada.
quinta-feira, setembro 30, 2010
quarta-feira, setembro 29, 2010
Um grito na relva - Luís Freitas Lobo
Quando um jogador alterna tanto o seu nível exibicional, entre "a luz e a sombra", acaba quase sempre por ser a 'sombra' a dominar a ideia que se tem dele. Durante muito tempo, penso que foi esse 'lado lunar' mais forte que dominou a carreira (e o jogo) de Carlos Martins, um temperamental por natureza, um talento por vocação. Chegou a ser visto quase como um 'caso perdido'. O Sporting (Paulo Bento) desistiu mesmo dele.
O aproximar da idade da razão futebolística (que situo entre os 26/27 anos) deu-lhe outra visão sobre o mundo e o futebol. Carlos Martins continua, claro, temperamental (reclama furioso por uma falta a meio-campo da mesma forma que grita contra um penalti no último minuto), mas o seu talento tem hoje, em campo, uma estrada tática e emocional mais equilibrada. No Benfica, tem o problema tático de muitas vezes jogar descaído de mais para um flanco. Como o talento, porém, aparece sempre em qualquer cenário, seja na luz ou na sombra, durante o jogo só resta esperar vê-lo surgir no melhor local (e momento).
O aproximar da idade da razão futebolística (que situo entre os 26/27 anos) deu-lhe outra visão sobre o mundo e o futebol. Carlos Martins continua, claro, temperamental (reclama furioso por uma falta a meio-campo da mesma forma que grita contra um penalti no último minuto), mas o seu talento tem hoje, em campo, uma estrada tática e emocional mais equilibrada. No Benfica, tem o problema tático de muitas vezes jogar descaído de mais para um flanco. Como o talento, porém, aparece sempre em qualquer cenário, seja na luz ou na sombra, durante o jogo só resta esperar vê-lo surgir no melhor local (e momento).
Os melhores jogadores usam "relógio" - Luís Freitas Lobo
Este é dos momentos mais solenes para uma equipa de futebol e seus jogadores. A preleção do treinador antes do início do jogo. Será nesse espaço sagrado que começa a nascer o seu jogo e motivação. Ganhar coragem para atacar ou criar resistência para defender. É esta dicotomia defesa-ataque que acaba, muitas vezes, por ser mais confusa. Porque um dos piores sinais que uma equipa pode dar é quando, no final, se elogia apenas um desses fatores. Nasce assim a tal 'equipa defensiva' que parece só pensar em fechar a baliza ou o onze forte a atacar mas sem rigor a defender. Esta avaliação por compartimentos estanques também se aplica, muitas vezes, aos jogadores. Não faz sentido.
Conta-se que, um dia, quando um treinador chamado Hugo Arduzzo - personagem entre o real e o imaginário -, então no banco do recôndito Parejas FC, disse, empolgado, nessa preleção, que queria mais ambição, a jogadores a quem antes apenas pedia esforço, todos eles ficaram meio assustados. Gritava sobretudo com os defesas, queria que esquecessem as posições e, quando recuperassem a bola, saíssem como flechas para o ataque. Depois de algum silêncio, um deles, por fim, atreveu-se a perguntar: "Ok, mister, é uma boa ideia, mas... a que horas voltamos?"
Aquela equipa (jogadores) não estava preparada para pensar o jogo dessa forma. Unir defesa e ataque, ataque e defesa, controlar ritmos e timings do jogo. Ou corria de mais ou ficava quase parada. Ou seja, em campo, jogava sem 'relógio'. Por isso, a importância das chamadas 'transições', o momento em que os jogadores mudam o chip defensivo para o ofensivo e vice-versa.
Esta é a forma ideal de perceber o estranho caso do futebol de Fábio Coentrão que, mesmo passando, no último jogo contra o Sporting, para extremo-esquerdo continuou, em campo, a ser o melhor defesa-esquerdo da equipa, a sua posição anterior. O enigma resolve-se com a correta utilização do chamado 'relógio das transições' que, naquele jogo específico, tinha a nuance estratégica de travar o mais cedo possível (entenda-se o mais adiantado possível no relvado) o defesa-direito do Sporting muito forte a... atacar. João Pereira, claro. Estes dois jogadores sabem sempre a 'hora certa para voltar'.
Depois de observar Coentrão, sigam Varela no onze do FC Porto. Além de saber atacar e recuar quando a equipa perde a bola para fechar o seu flanco, o que mais impressiona ver no seu jogo é como quase parece parar em corrida. Esta última parte da frase parece um paradoxo. Pura ilusão. Como é, afinal, o jogo ilusionista de Varela que, quando avança com a bola, sabe sempre o timing certo de travar, a chamada temporização com a bola nos pés (como se parasse o tempo) e, em curtos segundos, voltar a decidir o que fazer, arrancar outra vez ou procurar jogar mais para zonas interiores. Além de um 'relógio', tem também uma 'bússola' em campo.
O ideal numa equipa é conseguir estender esta ideia à maioria dos seus jogadores. A melhoria do jogo do Benfica (vista contra o Sporting) passa muito por esse fator, sobretudo quando perde a bola e os jogadores têm de 'voltar' para defender (a tal transição defensiva). Depois, quanto maior for a velocidade com que faz essa transição, mais eficaz se torna em todo o jogo.
Tudo isto pode parecer uma análise demasiado técnica, mas basta seguir jogadores como Fábio Coentrão e Varela para perceber a reação assustada do jogador de Arduzzo. Porque não é fácil ter, no relvado, essa noção temporal dentro da vertigem (física e emocional) de um jogo. Por isso, os melhores jogadores são os que usam 'relógio'. Não são muitos no nosso campeonato, mas quando aparecem decidem os jogos.
Conta-se que, um dia, quando um treinador chamado Hugo Arduzzo - personagem entre o real e o imaginário -, então no banco do recôndito Parejas FC, disse, empolgado, nessa preleção, que queria mais ambição, a jogadores a quem antes apenas pedia esforço, todos eles ficaram meio assustados. Gritava sobretudo com os defesas, queria que esquecessem as posições e, quando recuperassem a bola, saíssem como flechas para o ataque. Depois de algum silêncio, um deles, por fim, atreveu-se a perguntar: "Ok, mister, é uma boa ideia, mas... a que horas voltamos?"
Aquela equipa (jogadores) não estava preparada para pensar o jogo dessa forma. Unir defesa e ataque, ataque e defesa, controlar ritmos e timings do jogo. Ou corria de mais ou ficava quase parada. Ou seja, em campo, jogava sem 'relógio'. Por isso, a importância das chamadas 'transições', o momento em que os jogadores mudam o chip defensivo para o ofensivo e vice-versa.
Esta é a forma ideal de perceber o estranho caso do futebol de Fábio Coentrão que, mesmo passando, no último jogo contra o Sporting, para extremo-esquerdo continuou, em campo, a ser o melhor defesa-esquerdo da equipa, a sua posição anterior. O enigma resolve-se com a correta utilização do chamado 'relógio das transições' que, naquele jogo específico, tinha a nuance estratégica de travar o mais cedo possível (entenda-se o mais adiantado possível no relvado) o defesa-direito do Sporting muito forte a... atacar. João Pereira, claro. Estes dois jogadores sabem sempre a 'hora certa para voltar'.
Depois de observar Coentrão, sigam Varela no onze do FC Porto. Além de saber atacar e recuar quando a equipa perde a bola para fechar o seu flanco, o que mais impressiona ver no seu jogo é como quase parece parar em corrida. Esta última parte da frase parece um paradoxo. Pura ilusão. Como é, afinal, o jogo ilusionista de Varela que, quando avança com a bola, sabe sempre o timing certo de travar, a chamada temporização com a bola nos pés (como se parasse o tempo) e, em curtos segundos, voltar a decidir o que fazer, arrancar outra vez ou procurar jogar mais para zonas interiores. Além de um 'relógio', tem também uma 'bússola' em campo.
O ideal numa equipa é conseguir estender esta ideia à maioria dos seus jogadores. A melhoria do jogo do Benfica (vista contra o Sporting) passa muito por esse fator, sobretudo quando perde a bola e os jogadores têm de 'voltar' para defender (a tal transição defensiva). Depois, quanto maior for a velocidade com que faz essa transição, mais eficaz se torna em todo o jogo.
Tudo isto pode parecer uma análise demasiado técnica, mas basta seguir jogadores como Fábio Coentrão e Varela para perceber a reação assustada do jogador de Arduzzo. Porque não é fácil ter, no relvado, essa noção temporal dentro da vertigem (física e emocional) de um jogo. Por isso, os melhores jogadores são os que usam 'relógio'. Não são muitos no nosso campeonato, mas quando aparecem decidem os jogos.
Retrato a la minute - José António Saraiva
Seis jornadas após o início do campeonato, já é possível esboçar um retrato das principais equipas.
O FC Porto joga coletivamente pior do que no tempo de Jesualdo Ferreira, mas mostra uma grande consistência defensiva. E, como tem três jogadores à frente que resolvem jogos, pode jogar mal e ganhar. Isto vai acontecer muitas vezes neste campeonato.
O Benfica está na situação oposta: pode jogar bem e perder. Porque não tem ninguém que resolva jogos sozinho, e o seu único goleador, Cardozo, é de uma exasperante irregularidade: falha oportunidades incríveis. Contra o Sporting teve cinco golos nos pés e marcou dois, contra o Marítimo teve três e não marcou nenhum.
O Sporting vive uma situação angustiante: ninguém sabe o que esta equipa vale. Enquanto o FC Porto e o Benfica já mostraram como jogam, o Sporting ainda é um enorme ponto de interrogação. Não tem um padrão de jogo, é capaz do melhor e do pior, é impossível saber o que vai sair dali.
Finalmente, o Sp. Braga. Que tem um futebol manhoso, que lhe permite ir somando pontos como quem não quer a coisa. Nesta equipa, cada pedra tem um papel bem definido – e as pedras podem mudar mas o coletivo aguenta-se. Do ano passado para este o Braga perdeu muitos jogadores, mas mantém o mesmo rendimento, o que é notável.
Resta uma nota para as arbitragens. É claro que o Benfica foi prejudicado até hoje e o FC Porto foi beneficiado. Mas, independentemente disto, é indiscutível que o Porto tem a equipa mais sólida. Enquanto o FC Porto se assemelha a uma rocha, a do Benfica é um campo de flores. Já agora, o Sporting faz-me lembrar areias movediças e o Braga parece um rio traiçoeiro.
O FC Porto joga coletivamente pior do que no tempo de Jesualdo Ferreira, mas mostra uma grande consistência defensiva. E, como tem três jogadores à frente que resolvem jogos, pode jogar mal e ganhar. Isto vai acontecer muitas vezes neste campeonato.
O Benfica está na situação oposta: pode jogar bem e perder. Porque não tem ninguém que resolva jogos sozinho, e o seu único goleador, Cardozo, é de uma exasperante irregularidade: falha oportunidades incríveis. Contra o Sporting teve cinco golos nos pés e marcou dois, contra o Marítimo teve três e não marcou nenhum.
O Sporting vive uma situação angustiante: ninguém sabe o que esta equipa vale. Enquanto o FC Porto e o Benfica já mostraram como jogam, o Sporting ainda é um enorme ponto de interrogação. Não tem um padrão de jogo, é capaz do melhor e do pior, é impossível saber o que vai sair dali.
Finalmente, o Sp. Braga. Que tem um futebol manhoso, que lhe permite ir somando pontos como quem não quer a coisa. Nesta equipa, cada pedra tem um papel bem definido – e as pedras podem mudar mas o coletivo aguenta-se. Do ano passado para este o Braga perdeu muitos jogadores, mas mantém o mesmo rendimento, o que é notável.
Resta uma nota para as arbitragens. É claro que o Benfica foi prejudicado até hoje e o FC Porto foi beneficiado. Mas, independentemente disto, é indiscutível que o Porto tem a equipa mais sólida. Enquanto o FC Porto se assemelha a uma rocha, a do Benfica é um campo de flores. Já agora, o Sporting faz-me lembrar areias movediças e o Braga parece um rio traiçoeiro.
terça-feira, setembro 28, 2010
segunda-feira, setembro 27, 2010
Foi só um mas foi do Fabito - Marta Rebelo
Sábado, 19h15, entramos no Barreiros em 4x4x2. Quando é que acreditamos nos triângulos de meio-campo e ataque, e teríamos um Carlos Martins mais ofensivo e eficaz, menos perdido? Apostamos tudo nas alas, aquelas que perdemos e só agora começa o reencontro, com Gaitán a agigantar-se, mas à direita! Se tivemos ala-direito, as necessidades da esquerda destituem-nos de um dos melhores defesas-esquerdos do Mundo, que faz o corredor até à assistência na área com a força da juventude e garra, para o colocar a lateral. Contra o Marítimo o barro colou à baliza, e o meu Fabito fez-se goleador! Mas o preço é demasiado penoso: César Peixoto na defesa esquerda. Sim, repito-me, mas Peixoto não tem calibre para este Benfica. É um remendo, e só se remedeia quando não se previne. Salvio prefere a ala direita. E Jara? Serve para a esquerda? Contra o ataque do Braga não podemos remendar o corredor esquerdo, seja atrás ou a meio-campo. Fabito deve regressar ao seu berço, que aquele ataque não é para brincadeiras. E na ala? Permanece a questão.
Entramos com o segundo equipamento. O nosso treck record com a vestimenta suplementar é de má sorte. E a estrelinha, de facto, não brilhou. Porque a basculação ofensiva foi pujante, mas o desperdício frustrante. Tacuara não é infalível nem intocável. É tempo do paraguaio saber que tem de fazer para ganhar o lugar. A quem? A Kardec. Na primeira metade, não largámos a baliza de Marcelo. Aos 12’, aos 16’, 18’, aos 22’, 24’, aos 27´ e 29´, aos 31’. E só aos 39’ há perigo dos do Marítimo, com Roberto a voltar às defesas de aviário com um soco em mau alívio, que não deu golo porque defendeu a recarga. Na segunda parte Cardozo falha sem vergonha aos 50’ e aos 53’. E aos 58’ veio o tento merecido pelo menino de ouro do nosso Glorioso. Há muito que Fábio merecia marcar. Foram mais de 20 remates.
O ano passado demos 5. Este ano demos prejuízo. Mas vencemos! Segue-se a Champions… e o SCB.
Entramos com o segundo equipamento. O nosso treck record com a vestimenta suplementar é de má sorte. E a estrelinha, de facto, não brilhou. Porque a basculação ofensiva foi pujante, mas o desperdício frustrante. Tacuara não é infalível nem intocável. É tempo do paraguaio saber que tem de fazer para ganhar o lugar. A quem? A Kardec. Na primeira metade, não largámos a baliza de Marcelo. Aos 12’, aos 16’, 18’, aos 22’, 24’, aos 27´ e 29´, aos 31’. E só aos 39’ há perigo dos do Marítimo, com Roberto a voltar às defesas de aviário com um soco em mau alívio, que não deu golo porque defendeu a recarga. Na segunda parte Cardozo falha sem vergonha aos 50’ e aos 53’. E aos 58’ veio o tento merecido pelo menino de ouro do nosso Glorioso. Há muito que Fábio merecia marcar. Foram mais de 20 remates.
O ano passado demos 5. Este ano demos prejuízo. Mas vencemos! Segue-se a Champions… e o SCB.
domingo, setembro 26, 2010
O anti-Robson - Domingos Amaral
From: Domingos Amaral
To: André Villas-Boas
Caro André Villas-Boas
Lá diz o provérbio popular que mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo. Quando chegaste ao Estádio do Dragão, no discurso de apresentação, e na tentativa de romper com a sombra tutelar de José Mourinho, disseste que, a ser clone de alguém, o eras de Bobby Robson, e não do teu mentor português.
Ora, não foi preciso correr muito tempo para todos verificarmos que, infelizmente para ti, não é verdade. Podes falar inglês e ter o nariz grande, como dizias, mas nas atitudes não segues a escola do gentleman que Robson sempre foi. Em vários anos em Portugal, fosse ao serviço do Sporting ou do FC Porto, nunca o ouvi atacar os clubes adversários, ser provocatório ou acintoso. Era sempre correto e educado, e não perdia o seu tempo a lançar farpas aos outros clubes. Tu, pelo que vejo, vais por outros caminhos, e fazes uma marcação homem a homem, palavra a palavra, a tudo o que o Benfica diz ou faz. Pelos vistos, andas nervoso, e não perdes uma oportunidade para a provocação.
Em vez de te manteres alheio à polémica específica do Benfica com as arbitragens, não resististe e lá vieste perguntar se o Benfica tinha “vergonha de pedir a repetição do jogo Benfica-Guimarães”. É assim que caem as máscaras postiças que as pessoas colocam a si próprias para impressionar o povão.
Clone de Robson? Errado. Um cavalheiro como Robson nunca escolheria esse tipo de palavras, esse tipo de caminhos. Podes ser muita coisa, e até bom treinador, mas clone de Robson está visto que não és.
To: André Villas-Boas
Caro André Villas-Boas
Lá diz o provérbio popular que mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo. Quando chegaste ao Estádio do Dragão, no discurso de apresentação, e na tentativa de romper com a sombra tutelar de José Mourinho, disseste que, a ser clone de alguém, o eras de Bobby Robson, e não do teu mentor português.
Ora, não foi preciso correr muito tempo para todos verificarmos que, infelizmente para ti, não é verdade. Podes falar inglês e ter o nariz grande, como dizias, mas nas atitudes não segues a escola do gentleman que Robson sempre foi. Em vários anos em Portugal, fosse ao serviço do Sporting ou do FC Porto, nunca o ouvi atacar os clubes adversários, ser provocatório ou acintoso. Era sempre correto e educado, e não perdia o seu tempo a lançar farpas aos outros clubes. Tu, pelo que vejo, vais por outros caminhos, e fazes uma marcação homem a homem, palavra a palavra, a tudo o que o Benfica diz ou faz. Pelos vistos, andas nervoso, e não perdes uma oportunidade para a provocação.
Em vez de te manteres alheio à polémica específica do Benfica com as arbitragens, não resististe e lá vieste perguntar se o Benfica tinha “vergonha de pedir a repetição do jogo Benfica-Guimarães”. É assim que caem as máscaras postiças que as pessoas colocam a si próprias para impressionar o povão.
Clone de Robson? Errado. Um cavalheiro como Robson nunca escolheria esse tipo de palavras, esse tipo de caminhos. Podes ser muita coisa, e até bom treinador, mas clone de Robson está visto que não és.
sábado, setembro 25, 2010
quinta-feira, setembro 23, 2010
Bento discute-se? - Rui Santos
A FPF está fora do enquadramento legal, vigora a suspensão (parcial) do estatuto de utilidade pública desportiva, mas a vida continua porque o que mesmo interessa (agora) é a figura do selecionador.
Ele aí está – Paulo Bento. Uma Federação sem selecionador, mesmo estando em desconformidade com a lei, não é a mesma coisa do que uma Federação com selecionador, mesmo que o “ex” tenha sido ilibado das acusações que lhe foram imputadas por um organismo tutelado pelo Estado, no âmbito de um órgão jurisdicional (disciplinar) da própria FPF.
Não houve dignidade neste processo, que projeta uma certa imagem do país. É assim que (não) funciona o Portugal dito democrático e se acha cada vez mais sujeito às “leis de conveniências” dos lóbis dominantes, nos quais o futebol e a política formam o casal sensação – que nunca passa de moda – da promiscuidade.
Não faz sentido discutir Paulo Bento sem discutir a Federação (em estádio de caducidade). Não faz sentido discutir Paulo Bento sem discutir a relação estabelecida entre o Estado e a Federação. Não faz sentido discutir Paulo Bento sem discutir a matriz do “parque jurássico” sediado na Alexandre Herculano. Não faz sentido discutir Paulo Bento (PB) na base do “caráter” e da “seriedade” como se fez nas últimas horas. Quem julga quem?
Rumo ao Euro’2012, não vale a pena embebedarem-nos com planos e projetos para o futuro. Não há oportunidade para explorar esse filão. Não há tempo.
Paulo Bento pôs-se à disposição da FPF e a FPF, escaldada com as consequências do último contrato realizado com o ex-selecionador, também sabe que o acordo “para dois anos” estabelecido com PB tem o mesmo valor jurídico de um contrato “para dois jogos”.
Oimperativo do bom senso ganha quando não há espaço para outras manobras. Sem sofismas: PB ganha os dois jogos e balanço para um ciclo virtuoso, apura a Seleção para o Euro’2012 e transforma-se (para a opinião pública nacional) num “treinador de elite” ou não ganha à Dinamarca e o pavio da sua declarada “credibilidade” arderá num instante.
Ambas as partes sabem os riscos que correm. A FPF ainda é antes de deixar de ser e faz figura de virgem encantada e orgulhosa; Paulo Bento será o que os jogadores, nesta fase, quiserem. Depende deles, mais do que nunca. E, neste aspeto, ao contrário do que se possa pensar, a conjuntura é favorável: aqueles que colocaram PB na Seleção (e que serão os primeiros a tirá-lo, se as coisas não correrem a preceito -- a lógica de sempre) serão os mesmos a tentar convencer os jogadores de que não há margem de erro e é tempo de dar tudo em nome de uma alegada (mas falsa) “nova ordem”.
Ainda sem sofismas: todos têm de assumir as suas responsabilidades. Pelo passado recente, pelo presente e pelo que aí vem. Políticos, dirigentes, treinadores, médicos, jogadores. Todos. Dando o elementar benefício da dúvida a Paulo Bento, agora na prematura condição de selecionador nacional.
Ele aí está – Paulo Bento. Uma Federação sem selecionador, mesmo estando em desconformidade com a lei, não é a mesma coisa do que uma Federação com selecionador, mesmo que o “ex” tenha sido ilibado das acusações que lhe foram imputadas por um organismo tutelado pelo Estado, no âmbito de um órgão jurisdicional (disciplinar) da própria FPF.
Não houve dignidade neste processo, que projeta uma certa imagem do país. É assim que (não) funciona o Portugal dito democrático e se acha cada vez mais sujeito às “leis de conveniências” dos lóbis dominantes, nos quais o futebol e a política formam o casal sensação – que nunca passa de moda – da promiscuidade.
Não faz sentido discutir Paulo Bento sem discutir a Federação (em estádio de caducidade). Não faz sentido discutir Paulo Bento sem discutir a relação estabelecida entre o Estado e a Federação. Não faz sentido discutir Paulo Bento sem discutir a matriz do “parque jurássico” sediado na Alexandre Herculano. Não faz sentido discutir Paulo Bento (PB) na base do “caráter” e da “seriedade” como se fez nas últimas horas. Quem julga quem?
Rumo ao Euro’2012, não vale a pena embebedarem-nos com planos e projetos para o futuro. Não há oportunidade para explorar esse filão. Não há tempo.
Paulo Bento pôs-se à disposição da FPF e a FPF, escaldada com as consequências do último contrato realizado com o ex-selecionador, também sabe que o acordo “para dois anos” estabelecido com PB tem o mesmo valor jurídico de um contrato “para dois jogos”.
Oimperativo do bom senso ganha quando não há espaço para outras manobras. Sem sofismas: PB ganha os dois jogos e balanço para um ciclo virtuoso, apura a Seleção para o Euro’2012 e transforma-se (para a opinião pública nacional) num “treinador de elite” ou não ganha à Dinamarca e o pavio da sua declarada “credibilidade” arderá num instante.
Ambas as partes sabem os riscos que correm. A FPF ainda é antes de deixar de ser e faz figura de virgem encantada e orgulhosa; Paulo Bento será o que os jogadores, nesta fase, quiserem. Depende deles, mais do que nunca. E, neste aspeto, ao contrário do que se possa pensar, a conjuntura é favorável: aqueles que colocaram PB na Seleção (e que serão os primeiros a tirá-lo, se as coisas não correrem a preceito -- a lógica de sempre) serão os mesmos a tentar convencer os jogadores de que não há margem de erro e é tempo de dar tudo em nome de uma alegada (mas falsa) “nova ordem”.
Ainda sem sofismas: todos têm de assumir as suas responsabilidades. Pelo passado recente, pelo presente e pelo que aí vem. Políticos, dirigentes, treinadores, médicos, jogadores. Todos. Dando o elementar benefício da dúvida a Paulo Bento, agora na prematura condição de selecionador nacional.
quarta-feira, setembro 22, 2010
Hora de mudança - João Gobern
Outros fossem os protagonistas, com personalidades menos transparentes e currículos menos impolutos, e a “operação José Mourinho”, levada a cabo por Gilberto Madaíl, poderia parecer uma cortina de fumo. Ou uma torpe tentativa de legitimar o episódio seguinte. Ou uma operação de marketing levada a cabo por alguém dramática e definitivamente afastado da realidade.
Dirão alguns que Paulo Bento, o novo comandante da Seleção Nacional, entra em funções já enfraquecido, por se tratar de uma segunda escolha face a Mourinho. Entendo que, face ao homem que conquistou títulos em três países, uma Taça UEFA e duas Ligas do Campeões, ninguém pode sentir-se complexado ou diminuído por chegar depois. Mas fica-me a ideia de que Gilberto Madaíl – que não ficou bem na fotografia de conjunto do caso Carlos Queiroz, tão depressa aparecendo como o presidente solidário como alinhando em conspícuas unanimidades – vestiu a farda do ilusionista mas não conseguiu sequer simular um qualquer passe de mágica: a contratação de Mourinho “por dois jogos”, além de desvalorizar a Seleção e de vir colocar um tom de desespero, era um ato falhado à partida, sobretudo se tivermos em conta que o Special One está nos primeiros meses do maior desafio da sua carreira, ainda não ganhou títulos nem conquistou de forma militante os adeptos. O desfecho é simples: Mourinho marcou pontos pela disponibilidade anunciada, Madaíl conseguiu, até neste processo, levantar dúvidas sobre o que aconteceu. Afinal de contas, é a sua palavra contra a de Jorge Valdano, quanto ao tipo de consulta feito a Florentino Pérez. Uma manobra de diversão, tudo isto? Parece óbvia a resposta, mas não chega: preparou-se também o trilho para Paulo Bento, agora muito mais próximo da unanimidade do que há uma semana.
Quanto a Gilberto Madaíl, é pena que não demonstre abertura para perceber que o seu ciclo acabou e que, daqui em diante, não tem crédito pessoal e pode acabar por borrar a pintura do seu consulado na Federação Portuguesa de Futebol. O caso de Paulo Bento é bem diferente e, confesso, parece-me que chega demasiado cedo a funções com esta dimensão – sendo de ressalvar a coragem que demonstra ao aceitar aquilo que, à partida, tem todo o aspeto de “missão impossível”. Tem uma só experiência como técnico principal e falta-lhe “mundo” (quer dizer: sem experiência de estrangeiro). Do ponto de vista tático, foram muitos os que o acusaram no passado de ser demasiado rígido. Terá, a seu favor, o caráter disciplinador e a capacidade de lançar jogadores jovens, num momento em que a Seleção precisa de renovação. Não seria a minha escolha, mas é o que temos. Agora, há que apoiar. As contas, como sempre, fazem-se no fim.
Dirão alguns que Paulo Bento, o novo comandante da Seleção Nacional, entra em funções já enfraquecido, por se tratar de uma segunda escolha face a Mourinho. Entendo que, face ao homem que conquistou títulos em três países, uma Taça UEFA e duas Ligas do Campeões, ninguém pode sentir-se complexado ou diminuído por chegar depois. Mas fica-me a ideia de que Gilberto Madaíl – que não ficou bem na fotografia de conjunto do caso Carlos Queiroz, tão depressa aparecendo como o presidente solidário como alinhando em conspícuas unanimidades – vestiu a farda do ilusionista mas não conseguiu sequer simular um qualquer passe de mágica: a contratação de Mourinho “por dois jogos”, além de desvalorizar a Seleção e de vir colocar um tom de desespero, era um ato falhado à partida, sobretudo se tivermos em conta que o Special One está nos primeiros meses do maior desafio da sua carreira, ainda não ganhou títulos nem conquistou de forma militante os adeptos. O desfecho é simples: Mourinho marcou pontos pela disponibilidade anunciada, Madaíl conseguiu, até neste processo, levantar dúvidas sobre o que aconteceu. Afinal de contas, é a sua palavra contra a de Jorge Valdano, quanto ao tipo de consulta feito a Florentino Pérez. Uma manobra de diversão, tudo isto? Parece óbvia a resposta, mas não chega: preparou-se também o trilho para Paulo Bento, agora muito mais próximo da unanimidade do que há uma semana.
Quanto a Gilberto Madaíl, é pena que não demonstre abertura para perceber que o seu ciclo acabou e que, daqui em diante, não tem crédito pessoal e pode acabar por borrar a pintura do seu consulado na Federação Portuguesa de Futebol. O caso de Paulo Bento é bem diferente e, confesso, parece-me que chega demasiado cedo a funções com esta dimensão – sendo de ressalvar a coragem que demonstra ao aceitar aquilo que, à partida, tem todo o aspeto de “missão impossível”. Tem uma só experiência como técnico principal e falta-lhe “mundo” (quer dizer: sem experiência de estrangeiro). Do ponto de vista tático, foram muitos os que o acusaram no passado de ser demasiado rígido. Terá, a seu favor, o caráter disciplinador e a capacidade de lançar jogadores jovens, num momento em que a Seleção precisa de renovação. Não seria a minha escolha, mas é o que temos. Agora, há que apoiar. As contas, como sempre, fazem-se no fim.
Cheirinho a Benfica - José António Saraiva
No domingo, na primeira meia hora do dérbi da Luz, vislumbrou-se o Benfica da época passada. Mas não se iludam os benfiquistas: este Benfica nunca poderá ser o de há um ano, porque a “dinâmica” de Jesus exige um jogador que o clube não tem. Um jogador de grande classe do meio-campo para a frente, capaz de transportar a bola no pé, entrar na área, desnortear os adversários e criar espaços para os colegas. Um “abre-latas”.
É possível que Coentrão consiga fazer um pouco este papel. Mas Coentrão não tem o virtuosismo de Di María. E, por outro lado, César Peixoto não é Coentrão... O que torna esta ala esquerda muito mais fraca do que a anterior.
Mas o jogo com o Sporting mostrou algo que nunca se vira no ano passado: a dada altura o Benfica retraiu-se, fechou-se, passou a jogar em contra-ataque – e o curioso é que podia ter construído nesta fase um resultado histórico. Na segunda parte, por três vezes gritou-se “Golo!” na Luz. E isto prova que o Benfica precisa de ser mais matreiro, mais cínico, não dando tanto o peito às balas.
Repito, entretanto, o que escrevi há oito dias: o FC Porto está mais forte. Não é uma equipa tão dinâmica como o Benfica, mas é mais sólida, tem melhor índice atlético e dispõe de três jogadores capazes de resolver jogos: Varela, Falcão e Hulk.
É mais fácil hoje travar a dinâmica deste Benfica do que parar as investidas individuais de Varela ou Hulk. E isto dá ao FC Porto uma enorme vantagem, porque mesmo quando joga mal pode ganhar.
Uma nota final para Cardozo: em cinco dias, passou de vilão a deus das bancadas da Luz. Foi uma prova eloquente de como as multidões são volúveis!
É possível que Coentrão consiga fazer um pouco este papel. Mas Coentrão não tem o virtuosismo de Di María. E, por outro lado, César Peixoto não é Coentrão... O que torna esta ala esquerda muito mais fraca do que a anterior.
Mas o jogo com o Sporting mostrou algo que nunca se vira no ano passado: a dada altura o Benfica retraiu-se, fechou-se, passou a jogar em contra-ataque – e o curioso é que podia ter construído nesta fase um resultado histórico. Na segunda parte, por três vezes gritou-se “Golo!” na Luz. E isto prova que o Benfica precisa de ser mais matreiro, mais cínico, não dando tanto o peito às balas.
Repito, entretanto, o que escrevi há oito dias: o FC Porto está mais forte. Não é uma equipa tão dinâmica como o Benfica, mas é mais sólida, tem melhor índice atlético e dispõe de três jogadores capazes de resolver jogos: Varela, Falcão e Hulk.
É mais fácil hoje travar a dinâmica deste Benfica do que parar as investidas individuais de Varela ou Hulk. E isto dá ao FC Porto uma enorme vantagem, porque mesmo quando joga mal pode ganhar.
Uma nota final para Cardozo: em cinco dias, passou de vilão a deus das bancadas da Luz. Foi uma prova eloquente de como as multidões são volúveis!
terça-feira, setembro 21, 2010
Olhar para baixo ou para cima? - Luís Avelãs
No final do Benfica-Sporting, Jorge Jesus lançou um aviso: as equipas que estavam no cimo da classificação iriam começar a sentir a aproximação dos encarnados. Naquele momento, é certo, o técnico tinha razão. Contudo, quando a jornada encerrou, o FC Porto – obviamente o principal visado no recado – recolocou a diferença em impensáveis 9 pontos. Por outras palavras, o discurso emotivo de Jesus pode ter tido validade em relação a alguns emblemas, pode até revelar-se acertado daqui a umas semanas mas, para já, não perturbou (psicológica ou factualmente) os dragões que, na Choupana, voltaram a vencer. Nem através das previsões dos seus mais dedicados adeptos, os portistas poderiam imaginar ter tantos pontos de avanço em relação ao campeão quando ainda só se disputaram 15.
Confesso que também não esperava ver o FC Porto tão à vontade no comando da Liga mas, até à data, não restam dúvidas que tem sido a melhor equipa. Hulk, Falcão e Varela, três atacantes de qualidade indiscutível, atravessam bom momento de forma e confiança e, em traços gerais, têm-se entretido a passar por cima de todos os opositores que lhe surgem pela frente. A equipa, o colectivo, está a funcionar bem mas, ainda assim, creio ser a capacidade individual a marcar a diferença. Mas, desta ou daquela maneira, essencial é que o conjunto tem sido sempre mais forte que os adversários. E foi no primeiro embate “a doer”, na Supertaça com o Benfica, que os azuis e brancos sentiram que tinham embalagem para, logo de entrada, escapar à concorrência no Campeonato.
Como sempre sucede com os líderes, também aos pupilos de Villas-Boas (que a continuar imbatível não tardará a ter um dos maiores egos do futebol local e não só) não tem faltado a estrelinha da sorte. Seja o penálti nos últimos instantes, o autogolo a abrir caminho para mais um triunfo, a desatenção dos juízes aquando das irregularidades na sua grande área ou os contínuos deslizes dos principais rivais. Tudo tem batido certo com as pretensões nortenhas. Mas, se isso é verdade, reafirmo que o essencial é que segue na frente aquela que tem sido a equipa mais poderosa, a que tem jogado mais e melhor futebol. E quando assim é, dar demasiada importância à sorte, ao azar, às arbitragens ou aos erros dos opositores acaba por ser imoral. Basicamente... lidera quem merece, quem mais tem feito por isso.
O Benfica, justo vencedor no dérbi com os vizinhos da Segunda Circular, volta a ter espaço para ganhar confiança e, quem sabe, pelo menos não se atrasar mais. Contudo, para que essa estabilização seja real, a equipa precisa, já no próximo duelo, no Funchal, levar de vencida o Marítimo, formação que, curiosamente, está muito mal classificada. Só conseguido 3 pontos na Madeira, as águias poderão continuar a dar passos no sentido de recuperar, de forma óbvia e não aos soluços, o ritmo (e o moral) de há uns meses.
Quanto ao Sporting, a equipa (e o clube) parece andar sistematicamente às voltas regressando sempre ao ponto de partida. Muda muita coisa em Alvalade, é certo, mas o mais importante fica invariavelmente na mesma. Os leões foram incapazes de verdadeiramente “jogar” na Luz. Uma oportunidade e meia de Liedson foi tudo quanto os verdes e brancos lograram construir. É pouco, muito pouco. Jogando de forma receosa, sem criatividade, imaginação e alma, os leões só podiam perder. A questão era saber por quantos. Acabou por não ser muito pesado, mas podia ter sido. E para isso nem seria necessário um Benfica avassalador como em tantos encontros na temporada passada. Bastou uma equipa atenta, inteligente, veloz na transição defesa-ataque (notável Coentrão), eficaz na finalização (Cardozo a responder como deve aos assobios da bancada), aplicada a reduzir os espaços ao adversário e... desta vez a jogar com 11!
Confesso que também não esperava ver o FC Porto tão à vontade no comando da Liga mas, até à data, não restam dúvidas que tem sido a melhor equipa. Hulk, Falcão e Varela, três atacantes de qualidade indiscutível, atravessam bom momento de forma e confiança e, em traços gerais, têm-se entretido a passar por cima de todos os opositores que lhe surgem pela frente. A equipa, o colectivo, está a funcionar bem mas, ainda assim, creio ser a capacidade individual a marcar a diferença. Mas, desta ou daquela maneira, essencial é que o conjunto tem sido sempre mais forte que os adversários. E foi no primeiro embate “a doer”, na Supertaça com o Benfica, que os azuis e brancos sentiram que tinham embalagem para, logo de entrada, escapar à concorrência no Campeonato.
Como sempre sucede com os líderes, também aos pupilos de Villas-Boas (que a continuar imbatível não tardará a ter um dos maiores egos do futebol local e não só) não tem faltado a estrelinha da sorte. Seja o penálti nos últimos instantes, o autogolo a abrir caminho para mais um triunfo, a desatenção dos juízes aquando das irregularidades na sua grande área ou os contínuos deslizes dos principais rivais. Tudo tem batido certo com as pretensões nortenhas. Mas, se isso é verdade, reafirmo que o essencial é que segue na frente aquela que tem sido a equipa mais poderosa, a que tem jogado mais e melhor futebol. E quando assim é, dar demasiada importância à sorte, ao azar, às arbitragens ou aos erros dos opositores acaba por ser imoral. Basicamente... lidera quem merece, quem mais tem feito por isso.
O Benfica, justo vencedor no dérbi com os vizinhos da Segunda Circular, volta a ter espaço para ganhar confiança e, quem sabe, pelo menos não se atrasar mais. Contudo, para que essa estabilização seja real, a equipa precisa, já no próximo duelo, no Funchal, levar de vencida o Marítimo, formação que, curiosamente, está muito mal classificada. Só conseguido 3 pontos na Madeira, as águias poderão continuar a dar passos no sentido de recuperar, de forma óbvia e não aos soluços, o ritmo (e o moral) de há uns meses.
Quanto ao Sporting, a equipa (e o clube) parece andar sistematicamente às voltas regressando sempre ao ponto de partida. Muda muita coisa em Alvalade, é certo, mas o mais importante fica invariavelmente na mesma. Os leões foram incapazes de verdadeiramente “jogar” na Luz. Uma oportunidade e meia de Liedson foi tudo quanto os verdes e brancos lograram construir. É pouco, muito pouco. Jogando de forma receosa, sem criatividade, imaginação e alma, os leões só podiam perder. A questão era saber por quantos. Acabou por não ser muito pesado, mas podia ter sido. E para isso nem seria necessário um Benfica avassalador como em tantos encontros na temporada passada. Bastou uma equipa atenta, inteligente, veloz na transição defesa-ataque (notável Coentrão), eficaz na finalização (Cardozo a responder como deve aos assobios da bancada), aplicada a reduzir os espaços ao adversário e... desta vez a jogar com 11!
Vítor Pereira admite erros de arbitragem e Comunicado do SLB
O Sport Lisboa e Benfica espera que a conferência de imprensa do Presidente da Comissão de Arbitragem, Vítor Pereira, tenha um efeito pedagógico junto dos árbitros e observadores, e que o futuro próximo do futebol português traduza uma melhoria significativa no nível global das actuações das equipas de arbitragem.
Assinalamos a coragem que teve por assumir erros que influenciaram resultados de vários jogos e penalizaram gravemente o Sport Lisboa e Benfica, confirmando, dessa forma, que a actual classificação da Liga está adulterada.
Para a média de avaliação globalmente positiva de que o Presidente do Conselho de Arbitragem deu conta na sua exposição, seguramente não contribuíram as actuações da maioria dos árbitros que dirigiram jogos do SL Benfica.
Percebemos a definição dos critérios elencados pelo senhor Vítor Pereira, concordamos com eles, só não entendemos a falta de uniformização na aplicação desses mesmos critérios, nomeadamente a nível disciplinar e nos livres de 11 metros.
O Sport Lisboa e Benfica limitou-se a expor factos, nunca pretendeu qualquer tratamento de favor, mas não compreende como é que as “zonas cinzentas” apontadas pelo presidente do Conselho de Arbitragem podem explicar tantos erros de arbitragem, nomeadamente o lance de andebol ontem ocorrido na Madeira.
Independentemente do que se passou em Guimarães, o Sport Lisboa e Benfica nunca pôs em causa a seriedade e competência do senhor Vítor Pereira.
Esperamos, de facto, que o senhor Vítor Pereira não seja “ pressionável ”, mas que seja suficientemente responsável para perceber que tem elementos dentro da sua estrutura que podem não ter a mesma boa-fé e a mesma competência do seu Presidente.
segunda-feira, setembro 20, 2010
Benfica: mais qualquer coisa - Sérgio Pereira
onto prévio: o Benfica ainda não é excelente. Não foi a vitória no derby, indiscutível em toda a linha, que virou as coisas do avesso.
Muito do melhor que os encarnados fizeram frente ao Sporting, por exemplo, nasceu de lançamentos longos que a defesa leonina tinha obrigação de defender melhor.
O Benfica da última época jogava à bola com mais qualidade.
Mas é indesmentível também que a equipa está a crescer. A última semana foi nesse aspecto sintomática. Duas vitórias, ambas muito justas.
A maior evidência é esta: o Benfica está a ganhar intensidade. Nos dois últimos jogos pareceu uma equipa mais pujante, mais consistente, que defende melhor e sobretudo é mais robusta no aproveitamento das saídas rápidas para o ataque.
Cardozo e Saviola, por exemplo, fartaram-se de ganhar bolas perante os defesas do Sporting. O paraguaio foi aliás o caso mais evidente da intensidade crescente do Benfica: marcou dois golos, atirou uma bola ao poste e rematou duas vezes às malhas laterais.
No fundo é isso que aos poucos está a mudar na Luz. É verdade que não é tudo, nem sequer se torna agradável à vista como já foi, mas já é qualquer coisa. É sobretudo um bom princípio. O Benfica pode partir daí para outras conquistas.
Muito do melhor que os encarnados fizeram frente ao Sporting, por exemplo, nasceu de lançamentos longos que a defesa leonina tinha obrigação de defender melhor.
O Benfica da última época jogava à bola com mais qualidade.
Mas é indesmentível também que a equipa está a crescer. A última semana foi nesse aspecto sintomática. Duas vitórias, ambas muito justas.
A maior evidência é esta: o Benfica está a ganhar intensidade. Nos dois últimos jogos pareceu uma equipa mais pujante, mais consistente, que defende melhor e sobretudo é mais robusta no aproveitamento das saídas rápidas para o ataque.
Cardozo e Saviola, por exemplo, fartaram-se de ganhar bolas perante os defesas do Sporting. O paraguaio foi aliás o caso mais evidente da intensidade crescente do Benfica: marcou dois golos, atirou uma bola ao poste e rematou duas vezes às malhas laterais.
No fundo é isso que aos poucos está a mudar na Luz. É verdade que não é tudo, nem sequer se torna agradável à vista como já foi, mas já é qualquer coisa. É sobretudo um bom princípio. O Benfica pode partir daí para outras conquistas.
O dérbi é vermelho - Marta Rebelo
Foi um Tacuara finalmente perigoso o que apareceu a noite passada na Luz, que não precisou de mandar calar os adeptos. Aos 13’, Cardozo fez magia e abriu caminho a um dérbi absolutamente dominado pelo Glorioso. No clássico dos clássicos – sim, ao FCP falta história e ao Braga papa Maizena para chegar aos clássicos – Tacuara voltou à magia aos 50’ numa bola em arco, um gesto técnico irrepreensível em entendimento com Savi.
Neste dérbi em que Xistra não foi Benquerença, Fabito foi de ouro. Que pés mágicos tem este miúdo! Mas nem isso o livrou do amarelo. Aliás, a equipa continua muito amarelada, fruto da instabilidade que ainda não ultrapassámos. Só que, desta feita, na fotografia pontuam as águias. O SCP passou a primeira metade a defender com 11 nos seus últimos 30 metros. Só Liedson tentava espreitar, mas com perigo só aos 58’. Levezinho tentava, mas não saía da tentativa. E até Roberto fez bonito. Depois de três defesas incompletas, em que pelo ar soltou a bola, o mancha-amarela fez uma defesa de gente grande já perto dos 90’. Uma coisa é clara: surgem os golos, surge a alegria no jogo, a pujança, a basculação ofensiva imponente e do ataque à defesa tudo começa, em crescendo, a correr bem. Eu tinha razão: o SCP era uma vítima apetitosa para a recuperação anímica do SLB. E foi!
Mas nem tudo foram papoilas saltitantes. Jesus finalmente percebeu que Pablito Aimar só dá para metade. Mas, pela águia “Vitória”, César Peixoto?! Aos 16’ a falta de classe de Peixoto evidenciava-se ao deixar Liedson fugir, sem sequer esboçar um movimento. Minutos depois, num triste ensaio de drible, perde a bola e Fabito tem de ir ao remendo. Isto não é para ele! Peixoto é como os muitos bilhetes falsos que a PSP apreendeu na Luz.
Uma palavra para a FPF: que palhaçada é esta de Madaíl inventar um Mourinho salvador por 2 jogos? O desafio hercúleo era por demais apetitoso para El Especial. E que história é esta de Seara só avançar se Madaíl não for recandidato? Já nos livramos de um, mas falta o suspeito do costume.
Neste dérbi em que Xistra não foi Benquerença, Fabito foi de ouro. Que pés mágicos tem este miúdo! Mas nem isso o livrou do amarelo. Aliás, a equipa continua muito amarelada, fruto da instabilidade que ainda não ultrapassámos. Só que, desta feita, na fotografia pontuam as águias. O SCP passou a primeira metade a defender com 11 nos seus últimos 30 metros. Só Liedson tentava espreitar, mas com perigo só aos 58’. Levezinho tentava, mas não saía da tentativa. E até Roberto fez bonito. Depois de três defesas incompletas, em que pelo ar soltou a bola, o mancha-amarela fez uma defesa de gente grande já perto dos 90’. Uma coisa é clara: surgem os golos, surge a alegria no jogo, a pujança, a basculação ofensiva imponente e do ataque à defesa tudo começa, em crescendo, a correr bem. Eu tinha razão: o SCP era uma vítima apetitosa para a recuperação anímica do SLB. E foi!
Mas nem tudo foram papoilas saltitantes. Jesus finalmente percebeu que Pablito Aimar só dá para metade. Mas, pela águia “Vitória”, César Peixoto?! Aos 16’ a falta de classe de Peixoto evidenciava-se ao deixar Liedson fugir, sem sequer esboçar um movimento. Minutos depois, num triste ensaio de drible, perde a bola e Fabito tem de ir ao remendo. Isto não é para ele! Peixoto é como os muitos bilhetes falsos que a PSP apreendeu na Luz.
Uma palavra para a FPF: que palhaçada é esta de Madaíl inventar um Mourinho salvador por 2 jogos? O desafio hercúleo era por demais apetitoso para El Especial. E que história é esta de Seara só avançar se Madaíl não for recandidato? Já nos livramos de um, mas falta o suspeito do costume.
domingo, setembro 19, 2010
SLBenfica - Sporting 2-0 A Redenção de Cardozo
Cardozo
Haverá melhor maneira de fazer as pazes com os adeptos do que marcar um golo ao eterno rival? A resposta é sim: marcar dois golos ao eterno rival! O «Tacuara» entrou em campo disposto a corrigir o gesto irreflectido de terça-feira. Aos quatro minutos já tinha atirado ao poste e aos 13 marcou mesmo, aproveitando um ressalto na sequência de um canto. No início da segunda parte festejou de novo, com um belo remate de fora da área, após tabela com Saviola. A quinze minutos do fim teve duas ocasiões para completar o «hat trick», mas o chapéu a Rui Patrício saiu um pouco torto e depois cabeceou ligeiramente por cima. Ao contrário do que acontece em muitos jogos, desta feita os méritos da exibição não se restringem aos golos: não é jogador para tabelas nem para dribles, mas deu muita luta aos centrais leoninos.
Fábio Coentrão
Voltou a jogar no meio-campo para assumir papel preponderante na estratégia delineada por Jorge Jesus. Perante a sua oposição, João Pereira raramente arriscou desequilíbrios ofensivos. O camisola 18 do Benfica vai prolongando um bom momento de forma que está à vista de todos. Quando recebe a bola transpira enorme confiança. Foi muito importante no apoio a César Peixoto.
César Peixoto
Foi a surpresa que Jesus guardou para este jogo. Começou muito intranquilo, a falhar passes e a errar o tempo de entrada aos lances, chegando mesmo a merecer alguns assobios. À medida que o jogo foi avançando acertou o passo, contando com importante auxílio de Coentrão.
Luisão e David Luiz
Exibição praticamente imaculada da dupla de centrais do Benfica. Liedson só fugiu uma vez, e foi na sequência de um erro de Rúben Amorim. Luisão e David Luiz estiveram irrepreensíveis na tarefa de domar o leão.
sábado, setembro 18, 2010
sexta-feira, setembro 17, 2010
As Vinhas do Douro - Leonor Pinhão
«SOBE o pano. Uma mesa comprida no centro de uma sala. Uma meia dúzia de personagens em mangas-de-alpaca exibe grande agitação. Há alegria no ar. A cena passa-se algures lá no Norte, naquela região demarcada onde se alguém perguntar ‘oh filho da puta, tudo bem?’ ninguém se ofende porque é um trato entre amigos que se respeitam…
- Silêncio! Silêncio, façam o favor de se manterem em silêncio porque temos de dar início aos trabalhos!
Impossível, no entanto, cumprir a ordem do primeiro orador. Há um frenesi delicioso à volta da mesa. Todos os filhos da puta falam ao mesmo tempo e estão mais interessados em ouvir-se do que em ouvir os outros. É natural que assim seja, sendo humanos padecem do pecadilho da vaidade e todos têm muito sobre que se gabar.
- Siiiiilêêêêêncio!
- Está boa, está! Essa do silêncio está impecável, até faz lembrar o secretário Laurentino a dizer que só quer ouvir o barulho dos adeptos e que não quer ouvir outros barulhos!
Os filhos da puta presentes parecem que foram impulsionados por uma mola. Saltam das cadeiras onde mal se tinham sentado e prestam uma grande ovação espontânea ao supra-referido secretário de Estado da Juventude e Desportos. Depois voltam a sentar-se, já mais calmos.
- Ora bem, não haja dúvida que foi muito bem metida!
- Ora bem, o excesso de zelo nunca fez mal a ninguém…
- Vamos lá então falar do que aqui nos trouxe… a Operação Vindima!
- Viva a Operação Vindima! Viva!
Gritam todos os filhos da puta presentes e trocam entre si fraternais apertos de mão e formidáveis palmadas nas costas.
- Ai, tenha lá cuidado com isso que o fato é novinho!
- Mas não lhe custou a comprar…
- E assenta-lhe na perfeição. O meu amigo está uma elegância!
- No que diz respeito à Operação Vindima…
- Está a ser um êxito, nunca pensei que corresse tão bem, parabéns a todos os presentes!
- Calma, muita calma porque, ao contrário do que disse ainda há momento o nosso estimado filho da puta do fundo da mesa, há situações em que o excesso de zelo pode fazer mal…
- Carago, vocês nunca estão satisfeitos! Então se a Operação Vindima foi sonhada para que o Benfica fosse arrumado antes do início da época das vindimas e as coisas já estão como estão, o que é que vocês querem mais?
- Queremos menos! Isto assim começa a dar muito nas vistas, não se pode sonhar tão alto…
Um coro de protestos ressoa pela sala. É o que acontece sempre que funcionários diligentes se vêm repreendidos em nome da diligência.
- Isto é incrível! Os passarinhos já estão a 9 pontos, os lagartos ainda estão vazios e vêm agora dizer-nos que estamos a exagerar! Mas não era este o objectivo da Operação Vindima?
- Faço minhas as palavras do caríssimo filho da puta anterior…
- Faça o favor de não me insultar! Eu não sou caríssimo, sou baratíssimo!
- Ordem na mesa! Silêncio! Eu quero saber quem é que teve a triste ideia de inventar uma homenagem ao desgraçado do árbitro, que é apenas humano, antes do jogo dos coitadinhos em Guimarães!
Fez-se pela primeira vez um silêncio que deu lugar a um vago murmúrio geral. Mas ninguém se acusou. E, mais importante ainda, ninguém acusou ninguém. Até que uma voz apaziguadora se fez ouvir.
- Oh meus filhos da puta, não nos vamos zangar por uma coisa destas!
- E por que não? Se alguém se zangar por causa de uma coisa destas até seria muito bom. Amua um bocadinho em público por razões misteriosas e depois, é o nosso candidato à presidência da Federação Portuguesa de Futebol!
- Isto não é genial! Isto ultrapassa todos os limites da inteligência humana!
- Então, no é que ficamos? Zangamo-nos ou não nos zangamos? No meu entender o nosso objectivo principal neste preciso momento é garantir o sucesso da Operação Vindima! E nem temos que fazer nada, basta sonhar para que as coisas aconteçam.
- Pois, mas isto da homenagem ao árbitro foi um bocado demais. O que é que se faz agora ao rapaz?
- Não se faz nada. Quando ele estiver perto do fim da carreira vai com certeza arbitrar um jogo do Benfica e, como errar é humano, se Deus quiser há-de enganar-se numa decisão e o Benfica há-de ganhar o jogo graças a um penalty que só ele é que descortinou…
- Brilhante, meu estimado filho da puta! E depois fica para a História como um árbitro-lampião!
- E os mouros a estrebuchar!
- E o rapaz não pode ir já no domingo apitar o Benfica-Sporting?
- Arre que você é burro todos os dias! Então não percebe que, por ora, precisamos dos lagartos. A Operação Vindima, para ter êxito, não pode vindimar a Segunda Circular toda ao mesmo tempo. Carago, Lisboa é Lisboa!
- Ainda se o Sporting fosse da ilha da Madeira, como o Marítimo…
Os convivas irrompem em nova manifestação de alegria. Com os seus sotaques abertos do Norte deitam-se a imitar o sotaque fechado das ilhas e o resultado é estrondoso, ainda que imperceptível. (Nota: são precisos actores muito talentosos para representar convenientemente esta cena.)
- Eu só espero que ninguém se lembre de homenagear o rapaz que vindimou o Marítimo no jogo com o Paços de Ferreira!
- É para aprenderem!
- O rapaz já esteve impecável no Benfica-Académica! Merecia uma homenagem.
- Cale-se com porcaria das homenagens, já basta a homenagem ao outro e sempre gostava de saber quem foi o estimado filho da puta que teve a ideia.
- Mas o outro mereceu mesmo ser homenageado. Eu quando o vi a dar o amarelo ao Javi García lembrei-me logo do José prata a fugir atrás dos rapazes todos e nem um amarelo mostrou!
- Para mim foi o melhor momento do jogo! Foi uma satisfação muito grande. Sete cartões amarelos!
- Parecia que estavam com icterícia!
- Genial!
- Por falar em icterícia, no meu entender, o Marítimo há-de ir direitinho para a Liga Orangina. E antes do Natal!
- Por amor de Deus, não se ponham com prazos! Isto da Operação Vindima já está a dar muita bandeira…
- Para o Marítimo havia-se de fazer uma Operação São Martinho, que é a 11 de Novembro.
- E para o Sporting?
- Os lagartos, neste momento, até dão jeito porque ajudam a revolver a terra.
- Isso são as lagartixas!
- E nós não queremos fazer nenhuma horta!
- Mas queremos fazer o Horta!
“E brindam, uma vez mais à agricultura. Desce o pano”.
- Silêncio! Silêncio, façam o favor de se manterem em silêncio porque temos de dar início aos trabalhos!
Impossível, no entanto, cumprir a ordem do primeiro orador. Há um frenesi delicioso à volta da mesa. Todos os filhos da puta falam ao mesmo tempo e estão mais interessados em ouvir-se do que em ouvir os outros. É natural que assim seja, sendo humanos padecem do pecadilho da vaidade e todos têm muito sobre que se gabar.
- Siiiiilêêêêêncio!
- Está boa, está! Essa do silêncio está impecável, até faz lembrar o secretário Laurentino a dizer que só quer ouvir o barulho dos adeptos e que não quer ouvir outros barulhos!
Os filhos da puta presentes parecem que foram impulsionados por uma mola. Saltam das cadeiras onde mal se tinham sentado e prestam uma grande ovação espontânea ao supra-referido secretário de Estado da Juventude e Desportos. Depois voltam a sentar-se, já mais calmos.
- Ora bem, não haja dúvida que foi muito bem metida!
- Ora bem, o excesso de zelo nunca fez mal a ninguém…
- Vamos lá então falar do que aqui nos trouxe… a Operação Vindima!
- Viva a Operação Vindima! Viva!
Gritam todos os filhos da puta presentes e trocam entre si fraternais apertos de mão e formidáveis palmadas nas costas.
- Ai, tenha lá cuidado com isso que o fato é novinho!
- Mas não lhe custou a comprar…
- E assenta-lhe na perfeição. O meu amigo está uma elegância!
- No que diz respeito à Operação Vindima…
- Está a ser um êxito, nunca pensei que corresse tão bem, parabéns a todos os presentes!
- Calma, muita calma porque, ao contrário do que disse ainda há momento o nosso estimado filho da puta do fundo da mesa, há situações em que o excesso de zelo pode fazer mal…
- Carago, vocês nunca estão satisfeitos! Então se a Operação Vindima foi sonhada para que o Benfica fosse arrumado antes do início da época das vindimas e as coisas já estão como estão, o que é que vocês querem mais?
- Queremos menos! Isto assim começa a dar muito nas vistas, não se pode sonhar tão alto…
Um coro de protestos ressoa pela sala. É o que acontece sempre que funcionários diligentes se vêm repreendidos em nome da diligência.
- Isto é incrível! Os passarinhos já estão a 9 pontos, os lagartos ainda estão vazios e vêm agora dizer-nos que estamos a exagerar! Mas não era este o objectivo da Operação Vindima?
- Faço minhas as palavras do caríssimo filho da puta anterior…
- Faça o favor de não me insultar! Eu não sou caríssimo, sou baratíssimo!
- Ordem na mesa! Silêncio! Eu quero saber quem é que teve a triste ideia de inventar uma homenagem ao desgraçado do árbitro, que é apenas humano, antes do jogo dos coitadinhos em Guimarães!
Fez-se pela primeira vez um silêncio que deu lugar a um vago murmúrio geral. Mas ninguém se acusou. E, mais importante ainda, ninguém acusou ninguém. Até que uma voz apaziguadora se fez ouvir.
- Oh meus filhos da puta, não nos vamos zangar por uma coisa destas!
- E por que não? Se alguém se zangar por causa de uma coisa destas até seria muito bom. Amua um bocadinho em público por razões misteriosas e depois, é o nosso candidato à presidência da Federação Portuguesa de Futebol!
- Isto não é genial! Isto ultrapassa todos os limites da inteligência humana!
- Então, no é que ficamos? Zangamo-nos ou não nos zangamos? No meu entender o nosso objectivo principal neste preciso momento é garantir o sucesso da Operação Vindima! E nem temos que fazer nada, basta sonhar para que as coisas aconteçam.
- Pois, mas isto da homenagem ao árbitro foi um bocado demais. O que é que se faz agora ao rapaz?
- Não se faz nada. Quando ele estiver perto do fim da carreira vai com certeza arbitrar um jogo do Benfica e, como errar é humano, se Deus quiser há-de enganar-se numa decisão e o Benfica há-de ganhar o jogo graças a um penalty que só ele é que descortinou…
- Brilhante, meu estimado filho da puta! E depois fica para a História como um árbitro-lampião!
- E os mouros a estrebuchar!
- E o rapaz não pode ir já no domingo apitar o Benfica-Sporting?
- Arre que você é burro todos os dias! Então não percebe que, por ora, precisamos dos lagartos. A Operação Vindima, para ter êxito, não pode vindimar a Segunda Circular toda ao mesmo tempo. Carago, Lisboa é Lisboa!
- Ainda se o Sporting fosse da ilha da Madeira, como o Marítimo…
Os convivas irrompem em nova manifestação de alegria. Com os seus sotaques abertos do Norte deitam-se a imitar o sotaque fechado das ilhas e o resultado é estrondoso, ainda que imperceptível. (Nota: são precisos actores muito talentosos para representar convenientemente esta cena.)
- Eu só espero que ninguém se lembre de homenagear o rapaz que vindimou o Marítimo no jogo com o Paços de Ferreira!
- É para aprenderem!
- O rapaz já esteve impecável no Benfica-Académica! Merecia uma homenagem.
- Cale-se com porcaria das homenagens, já basta a homenagem ao outro e sempre gostava de saber quem foi o estimado filho da puta que teve a ideia.
- Mas o outro mereceu mesmo ser homenageado. Eu quando o vi a dar o amarelo ao Javi García lembrei-me logo do José prata a fugir atrás dos rapazes todos e nem um amarelo mostrou!
- Para mim foi o melhor momento do jogo! Foi uma satisfação muito grande. Sete cartões amarelos!
- Parecia que estavam com icterícia!
- Genial!
- Por falar em icterícia, no meu entender, o Marítimo há-de ir direitinho para a Liga Orangina. E antes do Natal!
- Por amor de Deus, não se ponham com prazos! Isto da Operação Vindima já está a dar muita bandeira…
- Para o Marítimo havia-se de fazer uma Operação São Martinho, que é a 11 de Novembro.
- E para o Sporting?
- Os lagartos, neste momento, até dão jeito porque ajudam a revolver a terra.
- Isso são as lagartixas!
- E nós não queremos fazer nenhuma horta!
- Mas queremos fazer o Horta!
“E brindam, uma vez mais à agricultura. Desce o pano”.
quinta-feira, setembro 16, 2010
Alarme - Luís Seara Cardoso
Foi acionado o alarme vermelho. Quatro jornadas da Liga deixaram entender, com clareza meridiana, quão difícil vai ser o Benfica reeditar o título nacional. Fala-se do pior arranque de sempre em quase 80 edições da prova? Haverá alguém, na posse das suas faculdades futebolísticas, por mais limitadas ou sectárias, que se atreva a dizer que este plantel é o pior do historial benfiquista? Ou que a equipa técnica é a mais incompetente? Ou que o clube padece de uma liderança forte? Ou também que vive a sua maior crise financeira ou de identidade? Ou ainda que lhe escapa, como nunca, o apoio popular?
As causas são outras. Não é tanto a ausência de Di María ou de Ramires no elenco, menos ainda a presença de Roberto na defesa das redes. Não é seguramente uma pré-época atípica, muito menos um calendário adverso. No singular, a causa é uma arbitragem descomprometida com a verdade, comprometida com um antibenfiquismo chocante. Não foi assim, na Luz, frente à Académica? Não foi assim, na Madeira, perante o Nacional? Não foi assim, escandalosamente, em Guimarães, ante o Vitória de Guimarães?
O universo benfiquista está em polvorosa, não se subestime a sua pujança. Pretende equilíbrio, verdade, justiça. Os mesmos preceitos que até permitem reconhecer que uma grande penalidade, por ironia, não foi apontada no jogo frente ao Hapoel, em prejuízo da turma israelita, na abertura da campanha europeia. Mas não houve também um lance de penálti a favor do Benfica? E a exibição da equipa não legitimou o triunfo?
O alarme vermelho vai soar ruidoso. Não há limites para o som da razão.
As causas são outras. Não é tanto a ausência de Di María ou de Ramires no elenco, menos ainda a presença de Roberto na defesa das redes. Não é seguramente uma pré-época atípica, muito menos um calendário adverso. No singular, a causa é uma arbitragem descomprometida com a verdade, comprometida com um antibenfiquismo chocante. Não foi assim, na Luz, frente à Académica? Não foi assim, na Madeira, perante o Nacional? Não foi assim, escandalosamente, em Guimarães, ante o Vitória de Guimarães?
O universo benfiquista está em polvorosa, não se subestime a sua pujança. Pretende equilíbrio, verdade, justiça. Os mesmos preceitos que até permitem reconhecer que uma grande penalidade, por ironia, não foi apontada no jogo frente ao Hapoel, em prejuízo da turma israelita, na abertura da campanha europeia. Mas não houve também um lance de penálti a favor do Benfica? E a exibição da equipa não legitimou o triunfo?
O alarme vermelho vai soar ruidoso. Não há limites para o som da razão.
Benfica sem TV - Pedro S. Guerreiro
A ameaça do Benfica à Olivedesportos é como a OPA que um dia Berardo lhe lançou. Não é para levar muito a sério. É um “bluff” para tentar subir o valor do contrato com Joaquim Oliveira. Mas não há força para desalojá-lo. Nem grande vontade.
Oliveira é um dos Mais Poderosos da Economia, lista que o Negócios publicou no verão. Ele tem a galinha dos ovos de ouro (os direitos televisivos) mas também a chave do galinheiro (os contratos), que conquistou por ser o “banco” de clubes ansiosos e falidos, a quem adiantou receitas.
O seu império da comunicação social está hoje dado como contrapartida de dívidas ao BCP. Mas, inteligente, Oliveira separou os direitos televisivos: são dele, só dele e são uma mina. Oliveira tem acordo com todos os clubes à exceção do Benfica até 2018 e direito de preferência por mais três anos – controla até 2021! Com o Benfica, o contrato em renegociação acaba em 2013 (depois deste mandato de Vieira...), com preferência por mais três anos. Tem o Benfica alternativa? Dificilmente. Só se fosse a PT, que já uma vez estacionou um camião de dinheiro à porta da Luz para ter o Benfica TV. Mas o preço é alto. E Oliveira é acionista da PT.
Estão em causa apenas 15 jogos do Benfica em casa. Porto e Sporting duplicaram os contratos para quase 15 milhões, o Benfica pede 40. Faria uma festa se chegasse aos 30.
Face ao início dececionante da época, o Benfica fez uma fuga para a frente – e levando tudo à frente. Com imaginação para incluir a Controlinveste. Mas é fogo amigo. No dia seguinte ao ataque, aliás, Oliveira viu o jogo do Hapoel no camarote de Vieira...
Vieira e Oliveira estão em braço-de-ferro com a esquerda e de braço dado com a direita. Interessa o valor do cheque. O resto é supositório mediático.
Oliveira é um dos Mais Poderosos da Economia, lista que o Negócios publicou no verão. Ele tem a galinha dos ovos de ouro (os direitos televisivos) mas também a chave do galinheiro (os contratos), que conquistou por ser o “banco” de clubes ansiosos e falidos, a quem adiantou receitas.
O seu império da comunicação social está hoje dado como contrapartida de dívidas ao BCP. Mas, inteligente, Oliveira separou os direitos televisivos: são dele, só dele e são uma mina. Oliveira tem acordo com todos os clubes à exceção do Benfica até 2018 e direito de preferência por mais três anos – controla até 2021! Com o Benfica, o contrato em renegociação acaba em 2013 (depois deste mandato de Vieira...), com preferência por mais três anos. Tem o Benfica alternativa? Dificilmente. Só se fosse a PT, que já uma vez estacionou um camião de dinheiro à porta da Luz para ter o Benfica TV. Mas o preço é alto. E Oliveira é acionista da PT.
Estão em causa apenas 15 jogos do Benfica em casa. Porto e Sporting duplicaram os contratos para quase 15 milhões, o Benfica pede 40. Faria uma festa se chegasse aos 30.
Face ao início dececionante da época, o Benfica fez uma fuga para a frente – e levando tudo à frente. Com imaginação para incluir a Controlinveste. Mas é fogo amigo. No dia seguinte ao ataque, aliás, Oliveira viu o jogo do Hapoel no camarote de Vieira...
Vieira e Oliveira estão em braço-de-ferro com a esquerda e de braço dado com a direita. Interessa o valor do cheque. O resto é supositório mediático.
Bomba atómica - Rui Santos
Acostumados às declarações bombásticas dos dirigentes desportivos, sempre que se sentem acossados ou maltratados pelo sector da arbitragem, o País (desportivo) reagiu com indiferença ao comunicado do plenário dos órgãos sociais do Benfica presidido por Luís Nazaré.
Há quem fale de “bluff”. Há quem fale de desespero.
A matéria tratada em comunicado não é suscetível, porém, de ser encarada com leviandade. É matéria demasiado séria.
Ninguém pode acreditar que o Benfica esteja a fazer “bluff” para colher frutos no imediato, numa semana marcada pelo regresso à Liga dos Campeões e pelo dérbi (da) capital com o Sporting.
Um eventual logro europeu está ultrapassado, mas é na prova mais importante do calendário futebolístico nacional que o Benfica está a falhar, com uma distância impensável de 9 pontos para o FC Porto, à 4.ª jornada da Liga.
Perante os danos provocados pela incompetência da equipa de arbitragem chefiada por Olegário Benquerença em Guimarães, esperava-se que os responsáveis benfiquistas reagissem. E assim aconteceu após o jogo, numa ação concertada, com Rui Costa, Jorge Jesus, Luís Filipe Vieira e alguns jogadores a dar voz (grossa) à indignação.
Pensar-se-ia que, mesmo correndo o risco de cair em contradição com o que acontecera na época passada (silêncio quase absoluto sobre arbitragens), a multiplicação de queixas desenvolvidas e repetidas pela comunicação social no fim-de-semana poderia por si só produzir as suas consequências, porque há uma lei muito antiga na bola indígena segundo a qual quem se queixa vê, normalmente, serem acolhidos os seus protestos no curtíssimo prazo. É a velha e ordinária lei da compensação.
É uma deformação sistémica, uma técnica subversiva que vem traindo a verdade desportiva, designadamente no espaço competitivo ocupado pelos “grandes”, uma vez que os “pequenos” não podem meter-se nestas lutas. Comem e calam.
Os responsáveis do Benfica dizem, em comunicado, que a intenção não é intimidar. É bom que não seja, na realidade, porque o futebol português não suporta mais alguns “fogos postos” por falsos bombeiros.
O comunicado é histórico e representa uma revolução no futebol português, se forem concretizadas todas as intenções processadas num autêntico manifesto. A saber:
1. Um desafio claro à Liga, mais concretamente na pessoa de Vítor Pereira;
2. Ausência de adeptos benfiquistas nos jogos fora de “casa”;
3. Suspensão das negociações com a Olivedesportos relativas aos direitos desportivos (2012-13);
4. Ausência na Taça da Liga;
5. “Investigação” sobre as notas dos observadores;
6. Intolerância perante manifestações de violência nas deslocações ao Porto;
7. Denúncia da passividade de Laurentino Dias perante factos relevantes da história recente da bola lusa e proclamação inequívoca da sua excomungação.
São “guerras” a mais? São. Mas o que está em causa é uma guerra de poder. É a avaliação da força do Benfica. E, no meio de algumas incoerências, trata-se de uma posição necessária, com efeito “bomba atómica”, se não estivermos, repito, perante um exercício de mera demagogia. E, se for o caso (para “virar” a arbitragem), a gravidade é ainda maior.
Há quem fale de “bluff”. Há quem fale de desespero.
A matéria tratada em comunicado não é suscetível, porém, de ser encarada com leviandade. É matéria demasiado séria.
Ninguém pode acreditar que o Benfica esteja a fazer “bluff” para colher frutos no imediato, numa semana marcada pelo regresso à Liga dos Campeões e pelo dérbi (da) capital com o Sporting.
Um eventual logro europeu está ultrapassado, mas é na prova mais importante do calendário futebolístico nacional que o Benfica está a falhar, com uma distância impensável de 9 pontos para o FC Porto, à 4.ª jornada da Liga.
Perante os danos provocados pela incompetência da equipa de arbitragem chefiada por Olegário Benquerença em Guimarães, esperava-se que os responsáveis benfiquistas reagissem. E assim aconteceu após o jogo, numa ação concertada, com Rui Costa, Jorge Jesus, Luís Filipe Vieira e alguns jogadores a dar voz (grossa) à indignação.
Pensar-se-ia que, mesmo correndo o risco de cair em contradição com o que acontecera na época passada (silêncio quase absoluto sobre arbitragens), a multiplicação de queixas desenvolvidas e repetidas pela comunicação social no fim-de-semana poderia por si só produzir as suas consequências, porque há uma lei muito antiga na bola indígena segundo a qual quem se queixa vê, normalmente, serem acolhidos os seus protestos no curtíssimo prazo. É a velha e ordinária lei da compensação.
É uma deformação sistémica, uma técnica subversiva que vem traindo a verdade desportiva, designadamente no espaço competitivo ocupado pelos “grandes”, uma vez que os “pequenos” não podem meter-se nestas lutas. Comem e calam.
Os responsáveis do Benfica dizem, em comunicado, que a intenção não é intimidar. É bom que não seja, na realidade, porque o futebol português não suporta mais alguns “fogos postos” por falsos bombeiros.
O comunicado é histórico e representa uma revolução no futebol português, se forem concretizadas todas as intenções processadas num autêntico manifesto. A saber:
1. Um desafio claro à Liga, mais concretamente na pessoa de Vítor Pereira;
2. Ausência de adeptos benfiquistas nos jogos fora de “casa”;
3. Suspensão das negociações com a Olivedesportos relativas aos direitos desportivos (2012-13);
4. Ausência na Taça da Liga;
5. “Investigação” sobre as notas dos observadores;
6. Intolerância perante manifestações de violência nas deslocações ao Porto;
7. Denúncia da passividade de Laurentino Dias perante factos relevantes da história recente da bola lusa e proclamação inequívoca da sua excomungação.
São “guerras” a mais? São. Mas o que está em causa é uma guerra de poder. É a avaliação da força do Benfica. E, no meio de algumas incoerências, trata-se de uma posição necessária, com efeito “bomba atómica”, se não estivermos, repito, perante um exercício de mera demagogia. E, se for o caso (para “virar” a arbitragem), a gravidade é ainda maior.
quarta-feira, setembro 15, 2010
A guerra e as armas - João Gobern
Podia ter sido perfeita a noite de ontem para um Benfica convalescente, não fosse aquele indicador esquerdo de Cardozo cruzado sobre os lábios, “reclamando” silêncio dos que o assobiavam.
O adversário, incómodo durante algumas passagens da partida, nunca chegou a assustar o campeão nacional.
Ainda assim, obrigou-o a correr e a mostrar, a espaços, o regresso da frutífera pressão alta da época passada. Deixou brilhar Aimar, que é de facto um prazer singular sempre que se mostra em condições e sempre que a equipa percebe que pode confiar nele para desequilíbrios e repentismos.
Confirmou a absolvição de Roberto que, aos poucos, lá vai explicando a aposta do técnico e da entidade empregadora.
Apostou no coletivo em que Carlos Martins, Luisão, Javi García e Maxi Pereira tiveram direito aos seus episódios de redenção. Fundamentalmente, permitiu que o Benfica tivesse, enfim, uma entrada vitoriosa à terceira competição oficial em que se envolve esta época.
A Supertaça foi perdida sem glória perante um adversário superior. O campeonato, por força do já decorrido, há-de ser feito a correr de trás para a frente, sabendo-se que esta está, por enquanto, a uma distância que era impossível de prever. Mais do que isso, o Benfica precisa de triunfos claros – e não de favores da arbitragem – para sustentar o duríssimo comunicado lançado anteontem pelos seus corpos sociais.
A razão é fácil de entender: o Benfica não elegeu um alvo, multiplicou-os. Confesso que os compreendo quase todos, à exceção do tiro ameaçado à Taça da Liga – só explicável como um lembrete ao novo presidente da Liga de que os campeões estiveram entre aqueles que ajudaram a conquistar o posto e não admitem ser prejudicados perante silêncios complacentes.
Laurentino Dias e Vítor Pereira são, ao invés, escolhas óbvias. O “toca-e-foge” de um e o acumular de erros de outro puseram-nos a jeito para a artilharia pesada do maior clube português.
O apelo aos adeptos para se ausentarem dos jogos que a equipa dispute fora do Estádio da Luz chega para pôr muitos a fazer contas.
A rutura das negociações com a Olivedesportos é provavelmente a maior demonstração de forças do clube.
Tudo junto, significa que o Benfica decidiu avançar, já em setembro, para uma salada de frentes de batalha que só não serão desgastantes se houver resultados e exibições como suporte armado dessas declarações de guerra. O primeiro efeito foi conseguido: o Sporting, cujos arautos tantas vezes se queixam de ser o mais prejudicado das arbitragens, trocou o médio prazo pelo imediato, os princípios pelo imediatismo, e veio falar de pressão sobre o jogo de domingo.
Típico de quem trocou o espírito ganhador pela “ambição” de perder por poucos.
O adversário, incómodo durante algumas passagens da partida, nunca chegou a assustar o campeão nacional.
Ainda assim, obrigou-o a correr e a mostrar, a espaços, o regresso da frutífera pressão alta da época passada. Deixou brilhar Aimar, que é de facto um prazer singular sempre que se mostra em condições e sempre que a equipa percebe que pode confiar nele para desequilíbrios e repentismos.
Confirmou a absolvição de Roberto que, aos poucos, lá vai explicando a aposta do técnico e da entidade empregadora.
Apostou no coletivo em que Carlos Martins, Luisão, Javi García e Maxi Pereira tiveram direito aos seus episódios de redenção. Fundamentalmente, permitiu que o Benfica tivesse, enfim, uma entrada vitoriosa à terceira competição oficial em que se envolve esta época.
A Supertaça foi perdida sem glória perante um adversário superior. O campeonato, por força do já decorrido, há-de ser feito a correr de trás para a frente, sabendo-se que esta está, por enquanto, a uma distância que era impossível de prever. Mais do que isso, o Benfica precisa de triunfos claros – e não de favores da arbitragem – para sustentar o duríssimo comunicado lançado anteontem pelos seus corpos sociais.
A razão é fácil de entender: o Benfica não elegeu um alvo, multiplicou-os. Confesso que os compreendo quase todos, à exceção do tiro ameaçado à Taça da Liga – só explicável como um lembrete ao novo presidente da Liga de que os campeões estiveram entre aqueles que ajudaram a conquistar o posto e não admitem ser prejudicados perante silêncios complacentes.
Laurentino Dias e Vítor Pereira são, ao invés, escolhas óbvias. O “toca-e-foge” de um e o acumular de erros de outro puseram-nos a jeito para a artilharia pesada do maior clube português.
O apelo aos adeptos para se ausentarem dos jogos que a equipa dispute fora do Estádio da Luz chega para pôr muitos a fazer contas.
A rutura das negociações com a Olivedesportos é provavelmente a maior demonstração de forças do clube.
Tudo junto, significa que o Benfica decidiu avançar, já em setembro, para uma salada de frentes de batalha que só não serão desgastantes se houver resultados e exibições como suporte armado dessas declarações de guerra. O primeiro efeito foi conseguido: o Sporting, cujos arautos tantas vezes se queixam de ser o mais prejudicado das arbitragens, trocou o médio prazo pelo imediato, os princípios pelo imediatismo, e veio falar de pressão sobre o jogo de domingo.
Típico de quem trocou o espírito ganhador pela “ambição” de perder por poucos.
A águia procura paz - Nuno Martins
O Benfica deu pontapé na crise, entrando da melhor maneira na Liga dos Campeões. O triunfo diante do Hapoel é bálsamo para uma equipa que precisa, sobretudo, de paz e tranquilidade depois de um arranque em falso.
A arbitragem de Olegário Benquerença foi a gota que fez transbordar o copo na Luz. Os encarnados têm razão para se sentirem lesados, face às decisões do árbitro. Depois da participação no Mundial, o leiriense entrou pela porta grande, num dos jogos quentes da jornada. Recomendava-se um aquecimento, algo mais ligeiro, para começar.
Já a homenagem de que Benquerença foi alvo por parte da AF Porto foi, no mínimo, imprudente. Agora, depois do leite derramado, só adiante mesmo chorar. Nada mais há a fazer. O prejuízo está feito e já não pode ser reparado.
O Benfica disparou em várias frentes. Abriu várias frentes de batalha, dispersou atenções e acentuou a crispação em redor de uma equipa que tem vivido em sobressalto, agora que parece terminada a lua-de-mel em que se transformou a caminhada até à conquista do título, na época passada.
As águias podem reclamar isenção e igualdade de critérios. Podem lutar pela transparência do futebol. Têm esse direito, se sentirem lesadas e se, de facto, houver razões para desconfianças.
Mas é importante que resolvam os problemas internos. Enquanto não recuperarem a consistência defensiva, enquanto não voltarem a evidenciar a eficácia atacante, enquanto os adeptos continuarem a assobiar os próprios jogadores (Roberto, Cardozo…), enquanto se perderem bolas que resultem golos, os campeões nacionais ficarão mais expostos.
Antes de lançarem os trunfos contra inimigos externos, é conveniente que coloquem ordem na própria casa.
A arbitragem de Olegário Benquerença foi a gota que fez transbordar o copo na Luz. Os encarnados têm razão para se sentirem lesados, face às decisões do árbitro. Depois da participação no Mundial, o leiriense entrou pela porta grande, num dos jogos quentes da jornada. Recomendava-se um aquecimento, algo mais ligeiro, para começar.
Já a homenagem de que Benquerença foi alvo por parte da AF Porto foi, no mínimo, imprudente. Agora, depois do leite derramado, só adiante mesmo chorar. Nada mais há a fazer. O prejuízo está feito e já não pode ser reparado.
O Benfica disparou em várias frentes. Abriu várias frentes de batalha, dispersou atenções e acentuou a crispação em redor de uma equipa que tem vivido em sobressalto, agora que parece terminada a lua-de-mel em que se transformou a caminhada até à conquista do título, na época passada.
As águias podem reclamar isenção e igualdade de critérios. Podem lutar pela transparência do futebol. Têm esse direito, se sentirem lesadas e se, de facto, houver razões para desconfianças.
Mas é importante que resolvam os problemas internos. Enquanto não recuperarem a consistência defensiva, enquanto não voltarem a evidenciar a eficácia atacante, enquanto os adeptos continuarem a assobiar os próprios jogadores (Roberto, Cardozo…), enquanto se perderem bolas que resultem golos, os campeões nacionais ficarão mais expostos.
Antes de lançarem os trunfos contra inimigos externos, é conveniente que coloquem ordem na própria casa.
Benfica: só erros - José António Saraiva
O modo como o Benfica geriu a vitória no campeonato mostra os quilómetros de distância que ainda o separam do FC Porto na gestão dos sucessos. Quando o FC Porto foi campeão europeu, perdeu a maior parte da equipa e manteve-se no topo. O Benfica ganhou o campeonato, valorizou os jogadores, vendeu dois – e desnorteou-se por completo.
Fez tudo mal. Começou por inventar problemas onde não existiam, despedindo um guarda-redes que cumpria e contratando um desconhecido por uma fortuna.
Perante as saídas de Di María e Ramires, em vez de tentar adquirir jogadores para as mesmas posições e manter tudo como estava, perdeu o tino, começou a fazer aquisições a eito – e acabou por gastar mais dinheiro do que aquele que recebeu. Ou seja, vendeu dois dos melhores jogadores, ficou com uma equipa pior – e ainda perdeu dinheiro! Pior era impossível.
Fiz muitos elogios ao Benfica na época passada, por isso lamento o que está a passar-se. Mas também é verdade que o FC Porto está muito melhor fornecido de jogadores. Qualquer dos elementos do trio de ataque – Varela, Falcão e Hulk – pode resolver um jogo sozinho. Ora qual é o jogador do Benfica que hoje o pode fazer? Da defesa para a frente, o Benfica não tem um único grande jogador: Aimar é frágil, Carlos Martins é irregular, Gaitán é banal, Cardozo é um zero à esquerda quando não é bem assistido, Ruben Amorim não é um fora-de-série, Saviola já não tem gás.
Estes jogadores só podem dar bom rendimento quando o coletivo funciona na perfeição. Se isso não acontece, as fraquezas vêm ao de cima.
Fez tudo mal. Começou por inventar problemas onde não existiam, despedindo um guarda-redes que cumpria e contratando um desconhecido por uma fortuna.
Perante as saídas de Di María e Ramires, em vez de tentar adquirir jogadores para as mesmas posições e manter tudo como estava, perdeu o tino, começou a fazer aquisições a eito – e acabou por gastar mais dinheiro do que aquele que recebeu. Ou seja, vendeu dois dos melhores jogadores, ficou com uma equipa pior – e ainda perdeu dinheiro! Pior era impossível.
Fiz muitos elogios ao Benfica na época passada, por isso lamento o que está a passar-se. Mas também é verdade que o FC Porto está muito melhor fornecido de jogadores. Qualquer dos elementos do trio de ataque – Varela, Falcão e Hulk – pode resolver um jogo sozinho. Ora qual é o jogador do Benfica que hoje o pode fazer? Da defesa para a frente, o Benfica não tem um único grande jogador: Aimar é frágil, Carlos Martins é irregular, Gaitán é banal, Cardozo é um zero à esquerda quando não é bem assistido, Ruben Amorim não é um fora-de-série, Saviola já não tem gás.
Estes jogadores só podem dar bom rendimento quando o coletivo funciona na perfeição. Se isso não acontece, as fraquezas vêm ao de cima.
terça-feira, setembro 14, 2010
Uma Opinião que Subscrevo - Dor no Menisco
"O Benfica perdeu os excelente processos defensivos que tiveram a sua quota-parte de responsabilidade no título conquistado na época passada. Crises de finalização, muitas equipas as têm nos arranques de temporada e esse é um aspecto que, progressivamente, «vai ao sítio». Agora, defensivamente, o Benfica está mais frágil, menos concentrados, muito menos pressionante sobre a referência que transporta a bola. A facilidade com que os israelitas chegaram à área encarnada podia ter redundado em golo(s). Cansaço? Saudades de Ramirez? Ou tudo junto?"
Liga dos Campeões: Benfica-Hapoel Tel Aviv, 2-0 Melhor o Resultado que a Exibição
Destaques Mais Futebol
Aimar
Saiu aos 70 minutos, esgotado, após uma exibição bem distante da intranquilidade revelada pela equipa. Foi sempre o elemento mais sereno, mais ponderado, mais capaz. Mais solto fisicamente, protagonizou várias arrancadas no meio-campo ofensivo, a desequilibrar a defesa israelita. Aos 28 minutos apareceu sozinho na área, mas Enyeama fez bem a mancha e evitou o golo. A estrondosa ovação que recebeu, quando cedeu o lugar a Airton, foi mais do que merecida.
Luisão
Esteve perto de ser réu, ao cometer uma falta passível de grande penalidade (não assinalada, aos 16 minutos), mas acabou por assumir o papel de herói, com o golo apontado cinco minutos depois. A experiência acumulada já devia ser suficiente para evitar as evidentes dificuldades em lances de um contra um, nas laterais da área que defende, mas em todo o caso o balanço da exibição é claramente positivo.
Cardozo
Por incrível que pareça, o golo que apontou aos 68 minutos, e que deu tranquilidade ao Benfica, resultou em monumental assobiadela na Luz. A exibição de Tacuara foi muito pobre, e pouco antes do golo os adeptos tinham respondido a um mau passe com uma assobiadela. O avançado respondeu primeiro com aplausos e depois com um golo, mas ao festejar decidiu mandar calar o público. O terceiro anel não gostou.
Roberto
Fez a melhor exibição de águia ao peito, pelo menos no que diz respeito a encontros oficiais. Aos 25 minutos revelou bom golpe de rins, a reagir a uma primeira defesa que tinha ressaltado no compatriota Javi García. Onze minutos depois fez a defesa da noite, após remate venenoso de Bondarv, ainda que o lance tenha começado com uma saída atrapalhada. Perto do final ainda viu uma bola bater no poste, mas nada podia fazer.
BENFICA - Roberto; Ruben Amorim, Luisão, David Luiz e Fábio Coentrão; Javi Garcia, Carlos Martins, Aimar e Gaitán; Saviola e Cardozo.
HAPOEL - Enyeama, Dani Bondarev, Douglas da Silva, Fransman, Ben Dayan, Rocchi, Yadin, Vermouth, Zahavi, Ben Sahar, Shechter
Aimar
Saiu aos 70 minutos, esgotado, após uma exibição bem distante da intranquilidade revelada pela equipa. Foi sempre o elemento mais sereno, mais ponderado, mais capaz. Mais solto fisicamente, protagonizou várias arrancadas no meio-campo ofensivo, a desequilibrar a defesa israelita. Aos 28 minutos apareceu sozinho na área, mas Enyeama fez bem a mancha e evitou o golo. A estrondosa ovação que recebeu, quando cedeu o lugar a Airton, foi mais do que merecida.
Luisão
Esteve perto de ser réu, ao cometer uma falta passível de grande penalidade (não assinalada, aos 16 minutos), mas acabou por assumir o papel de herói, com o golo apontado cinco minutos depois. A experiência acumulada já devia ser suficiente para evitar as evidentes dificuldades em lances de um contra um, nas laterais da área que defende, mas em todo o caso o balanço da exibição é claramente positivo.
Cardozo
Por incrível que pareça, o golo que apontou aos 68 minutos, e que deu tranquilidade ao Benfica, resultou em monumental assobiadela na Luz. A exibição de Tacuara foi muito pobre, e pouco antes do golo os adeptos tinham respondido a um mau passe com uma assobiadela. O avançado respondeu primeiro com aplausos e depois com um golo, mas ao festejar decidiu mandar calar o público. O terceiro anel não gostou.
Roberto
Fez a melhor exibição de águia ao peito, pelo menos no que diz respeito a encontros oficiais. Aos 25 minutos revelou bom golpe de rins, a reagir a uma primeira defesa que tinha ressaltado no compatriota Javi García. Onze minutos depois fez a defesa da noite, após remate venenoso de Bondarv, ainda que o lance tenha começado com uma saída atrapalhada. Perto do final ainda viu uma bola bater no poste, mas nada podia fazer.
BENFICA - Roberto; Ruben Amorim, Luisão, David Luiz e Fábio Coentrão; Javi Garcia, Carlos Martins, Aimar e Gaitán; Saviola e Cardozo.
HAPOEL - Enyeama, Dani Bondarev, Douglas da Silva, Fransman, Ben Dayan, Rocchi, Yadin, Vermouth, Zahavi, Ben Sahar, Shechter
segunda-feira, setembro 13, 2010
UEFA Champions League Fantasy
Tal como sucedeu na época passada, o redvermelho marca presença na UEFA Champions League Fantasy.
Convido-vos a juntarem-se à liga redvermelho.
Podem fazê-lo mediante a utilização do código 31519-21527.
Espero e desejo a vossa participação.
Convido-vos a juntarem-se à liga redvermelho.
Podem fazê-lo mediante a utilização do código 31519-21527.
Espero e desejo a vossa participação.
Malquerença - Marta Rebelo
O futebol é terreno fértil para pessoas sem pingo de vergonha. Não há nada como a bola para revelar roubalheira, falta de caráter ou intentos dúbios. A primeira é sinónima de Olegário Benquerença. Aliás, as três características puxam para o árbitro internacional português. Ponham a FIFA e a UEFA os olhos no jogo de sexta-feira e este senhor nunca mais ascende a Mundiais e Europeus. Mas também vão bem ali para os lados da FPF: Queiroz, que sem qualquer pudor foi ficando até não poder prejudicar mais; Madaíl, que só in extremis se fez presente e fez o que havia a fazer. E depois vem o argumento da ingerência política. Não fosse Laurentino Dias e o presidente da FPF continuava a assobiar para o lado, com um descaramento do tamanho do nosso falhanço da passada semana.
Eu gosto muito de bola, e ainda mais do meu Glorioso clube. E aquele simulacro de árbitro pode bem ter destruído o bicampeonato benfiquista. Mas a verdade é que o sr. Malquerença só apitou na sexta. E nós andamos desencontrados com a vitória desde a pré-época. Porquê? Em cada adepto há um treinador de bancada, e em mim há dúvidas. Há já um ano era certa a saída de Ramires, chegado à Luz para se ambientar e partir no final da época para um grande da Europa. Em dezembro era claro que Di María queria igual destino. Porquê o desencontro tão vagaroso com soluções para as duas alas? Sem tão prestimosos extremos e substitutos concretos, seguimos para a contratação de Roberto. Um dia alguém me dirá onde está o toque de ouro deste pretenso Midas. O Mundial acontece de 4 em 4 anos. Com uma equipa de génios, o cansaço dos mundialistas era de antecipar. Porque é que parece ter sido ignorado? Estamos sem brilho. Adormeceu-se-nos a garra.
Está na hora de acordar! E de contra-atacar face às nomeações dos mal ou Benquerenças. Um por todos e todos por um! À Catedral, benfiquistas, haja que árbitro houver. Eu sou Benfica. Sempre.
Eu gosto muito de bola, e ainda mais do meu Glorioso clube. E aquele simulacro de árbitro pode bem ter destruído o bicampeonato benfiquista. Mas a verdade é que o sr. Malquerença só apitou na sexta. E nós andamos desencontrados com a vitória desde a pré-época. Porquê? Em cada adepto há um treinador de bancada, e em mim há dúvidas. Há já um ano era certa a saída de Ramires, chegado à Luz para se ambientar e partir no final da época para um grande da Europa. Em dezembro era claro que Di María queria igual destino. Porquê o desencontro tão vagaroso com soluções para as duas alas? Sem tão prestimosos extremos e substitutos concretos, seguimos para a contratação de Roberto. Um dia alguém me dirá onde está o toque de ouro deste pretenso Midas. O Mundial acontece de 4 em 4 anos. Com uma equipa de génios, o cansaço dos mundialistas era de antecipar. Porque é que parece ter sido ignorado? Estamos sem brilho. Adormeceu-se-nos a garra.
Está na hora de acordar! E de contra-atacar face às nomeações dos mal ou Benquerenças. Um por todos e todos por um! À Catedral, benfiquistas, haja que árbitro houver. Eu sou Benfica. Sempre.
Olegário e o ridículo - Bernardo Ribeiro
Olegário Benquerença foi designado pela UEFA para apitar o Manchester United-Rangers.
Patético!
Patético!
domingo, setembro 12, 2010
Mais uma Verdade Inconveniente - Afonso Melo
«A Federação Portuguesa de Futebol e a Liga de Clubes entenderam que o seu funeral [referindo-se ao funeral do José Torres] não merecia presença.
No mesmo dia, a Liga, juntamente com várias figuras sinistras ligadas de há muito ao FC Porto, preferiu homenagear… um árbitro, Olegário Benquerença.
Percebe-se: ao contrário do que acontecia no tempo de José Torres, agora são os árbitros quem marca golos.
E a canalha perdeu de vez a vergonha!»
No mesmo dia, a Liga, juntamente com várias figuras sinistras ligadas de há muito ao FC Porto, preferiu homenagear… um árbitro, Olegário Benquerença.
Percebe-se: ao contrário do que acontecia no tempo de José Torres, agora são os árbitros quem marca golos.
E a canalha perdeu de vez a vergonha!»
O futebol português rejuvenesce - Ricardo Araújo Pereira
Há duas semanas, escrevi aqui que a época 2010/2011 começava naquele dia, quando o Benfica jogasse com o Vitória de Setúbal. O jogo acabou com a vitória do Benfica por 3-0, e eu convenci-me de que tinha razão. Afinal, devo confessar que me enganei. Não estamos a assistir ao início da época 2010/2011. O campeonato que agora começa é o respeitante à época 1996/1997. Aquele ano em que se juntaram, na primeira divisão, árbitros como José Pratas, Augusto Duarte, Soares Dias e Isidoro Rodrigues, entre tantos outros. A arbitragem de ontem, em Guimarães, foi de 96/97. Até quem viu o jogo em casa sentiu o cheiro a naftalina. E os apreciadores de antiguidades terão admirado o rigor com que Olegário Benquerença aplicou as regras daquela altura.
Foi um espectáculo comovente. Quando um jogador vimaranense tentou separar a perna do Aimar do resto do corpo com um pontapé, dentro da área do Vitória. Senti-me 14 anos mais novo. A falta não assinalada que Carlos Martins sofreu, também dentro da área, fez me recuar à juventude. O fora de jogo inexistente que impediu Saviola de ficar isolado à frente de Nilson trouxe me à memória o viço dos meus vinte anos. E, quando Cardozo viu um cartão amarelo por ter marcado um golo limpo, quase chorei de nostalgia. Sou um sentimental, e estes regressos ao passado comovem-me. Só não percebo a razão pela qual este Vitória de Guimarães Benfica foi transmitido pela SportTV, em lugar de ter passado na RTP Memória. Quanto a Olegário Benquerença, já conhecíamos o seu talento como imitador de Quim Barreiros (quem não conhecer, veja o vídeo no YouTube). Mas não sabíamos que ele também tinha jeito para imitar o Martins dos Santos.
Que se saiba, ninguém seguiu o conselho de higiene institucional que Carlos Queiroz nos deixou, gratuitamente, em meados da década de 90: não há notícia de alguém ter varrido a porcaria da Federação. Não serei eu a pôr em causa a necessidade de varrer porcaria, seja na Federação ou noutro sítio, mas, não tendo a porcaria sido varrida, foi com porcaria que Humberto Coelho chegou às meias-finais de um Europeu, e foi na companhia da mesma porcaria que Scolari conseguiu ser vice-campeão da Europa e quarto classificado num Campeonato do Mundo. Bem sei, bem sei: o mérito dos feitos de Humberto Coelho e Scolari é todo de Carlos Queiroz. Foi ele quem lançou as bases. Construiu a estrutura. Pensou o edifício das selecções. E a responsabilidade pelo actual momento da Selecção é de todos menos de Queiroz. Por azar, ele tomou conta da Selecção precisamente na altura em que o efeito da sua obra começou a desvanecer-se. Os seus predecessores destruíram as bases, ignoraram a estrutura e borrifaram se no edifício. Curiosamente, Carlos Queiroz tem mais mérito e influência nos resultados da Selecção quando não está a treiná-la do que quando é seleccionador nacional. E, mesmo quando está longe, Queiroz consegue ser autor moral apenas dos êxitos: é ele o responsável pelo sucesso da equipa que fez um brilharete no Euro 2000, mas não tem responsabilidade nenhuma no desastre do Mundial de 2002, sendo que a chegada à final do Euro 2004 volta a ter o seu dedo.
O despedimento de Queiroz deve agradar, por isso, a ambas as partes: à Federação — que, com processos disciplinares consecutivos, fez tudo para o despedir sem nunca dizer que queria despedi-lo; e ao seleccionador — que, insultando os médicos na Covilhã e o vice-presidente da Federação no Expresso, fez tudo para ser demitido sem nunca dizer que queria demitir-se. Por um lado, é uma pena que Queiroz e a Federação se separem. Fazem um lindo par.
No fim, a cabeça do polvo, pelos vistos, conseguiu o que queria — o que significa que este é o segundo octópode a ser bem sucedido no mundo do futebol em meia dúzia de meses. Infelizmente, dizem-me que ficávamos mais bem servidos se o polvo alemão que adivinhava resultados viesse ocupar o cargo de vice-presidente da Federação e Amândio de Carvalho fosse para dentro daquele aquário na Alemanha.
Foi um espectáculo comovente. Quando um jogador vimaranense tentou separar a perna do Aimar do resto do corpo com um pontapé, dentro da área do Vitória. Senti-me 14 anos mais novo. A falta não assinalada que Carlos Martins sofreu, também dentro da área, fez me recuar à juventude. O fora de jogo inexistente que impediu Saviola de ficar isolado à frente de Nilson trouxe me à memória o viço dos meus vinte anos. E, quando Cardozo viu um cartão amarelo por ter marcado um golo limpo, quase chorei de nostalgia. Sou um sentimental, e estes regressos ao passado comovem-me. Só não percebo a razão pela qual este Vitória de Guimarães Benfica foi transmitido pela SportTV, em lugar de ter passado na RTP Memória. Quanto a Olegário Benquerença, já conhecíamos o seu talento como imitador de Quim Barreiros (quem não conhecer, veja o vídeo no YouTube). Mas não sabíamos que ele também tinha jeito para imitar o Martins dos Santos.
Que se saiba, ninguém seguiu o conselho de higiene institucional que Carlos Queiroz nos deixou, gratuitamente, em meados da década de 90: não há notícia de alguém ter varrido a porcaria da Federação. Não serei eu a pôr em causa a necessidade de varrer porcaria, seja na Federação ou noutro sítio, mas, não tendo a porcaria sido varrida, foi com porcaria que Humberto Coelho chegou às meias-finais de um Europeu, e foi na companhia da mesma porcaria que Scolari conseguiu ser vice-campeão da Europa e quarto classificado num Campeonato do Mundo. Bem sei, bem sei: o mérito dos feitos de Humberto Coelho e Scolari é todo de Carlos Queiroz. Foi ele quem lançou as bases. Construiu a estrutura. Pensou o edifício das selecções. E a responsabilidade pelo actual momento da Selecção é de todos menos de Queiroz. Por azar, ele tomou conta da Selecção precisamente na altura em que o efeito da sua obra começou a desvanecer-se. Os seus predecessores destruíram as bases, ignoraram a estrutura e borrifaram se no edifício. Curiosamente, Carlos Queiroz tem mais mérito e influência nos resultados da Selecção quando não está a treiná-la do que quando é seleccionador nacional. E, mesmo quando está longe, Queiroz consegue ser autor moral apenas dos êxitos: é ele o responsável pelo sucesso da equipa que fez um brilharete no Euro 2000, mas não tem responsabilidade nenhuma no desastre do Mundial de 2002, sendo que a chegada à final do Euro 2004 volta a ter o seu dedo.
O despedimento de Queiroz deve agradar, por isso, a ambas as partes: à Federação — que, com processos disciplinares consecutivos, fez tudo para o despedir sem nunca dizer que queria despedi-lo; e ao seleccionador — que, insultando os médicos na Covilhã e o vice-presidente da Federação no Expresso, fez tudo para ser demitido sem nunca dizer que queria demitir-se. Por um lado, é uma pena que Queiroz e a Federação se separem. Fazem um lindo par.
No fim, a cabeça do polvo, pelos vistos, conseguiu o que queria — o que significa que este é o segundo octópode a ser bem sucedido no mundo do futebol em meia dúzia de meses. Infelizmente, dizem-me que ficávamos mais bem servidos se o polvo alemão que adivinhava resultados viesse ocupar o cargo de vice-presidente da Federação e Amândio de Carvalho fosse para dentro daquele aquário na Alemanha.
Digno Adversário - Miguel Góis
A euforia da vitória toldou-nos o pensamento. No final da época passada, devíamos ter percebido o que aí vinha. O facto de o Benfica, num ano em que praticou um futebol esmagador, apenas se ter sagrado campeão na última jornada deixava adivinhar o que poderia acontecer se a equipa iniciasse a época só a jogar um futebol muito agradável. Na época passada, o Benfica também atravessou crises gravíssimas, é certo. Lembro-me, por exemplo, de uma jornada em que, já não me lembro porquê, só conseguimos ganhar 3-0. E não foi só dessa vez. A certa altura, comecei a ficar deprimido cada vez que o Benfica goleava pela margem mínima – uma expressão que, por si só, diz tudo sobre o patamar de exigência que se instalou entre os adeptos.
Mas, ontem, enquanto assistia à arbitragem de Olegário, dei por mim a ter saudades de arbitragens habilidosas. Se não, vejamos: como benfiquista, estou psicologicamente preparado para ver a minha equipa ser roubada. Às vezes, penso até que a culpa é nossa. Quem é que manda os atletas do Benfica andarem, sozinhos, num campo de futebol português, à noite? É, no mínimo, imprudente.
Ainda assim, há coisas para as quais, ontem, não estava preparado. Por exemplo, quando um central do Guimarães derruba Pablo Aimar em plena grande área, Olegário dirige-se ao jogador do Benfica e faz o gesto universal de “foi na bola”. E quando Carlos Martins sofre outro penálti, Olegário faz o gesto universal de “levanta-te mas é”. Refiro isto, porque trata-se de mímica vulgarmente praticada por adversários. Mas, vendo bem, foi esse o papel de Olegário ontem: um digno adversário. Resta-nos agora esperar que a equipa reaja nas próximas jornadas, porque até ao fim do campeonato ainda há um complicadíssimo Benfica-Jorge Sousa, e um Pedro Proença-Benfica, que é sempre um jogo de tripla.
Mas, ontem, enquanto assistia à arbitragem de Olegário, dei por mim a ter saudades de arbitragens habilidosas. Se não, vejamos: como benfiquista, estou psicologicamente preparado para ver a minha equipa ser roubada. Às vezes, penso até que a culpa é nossa. Quem é que manda os atletas do Benfica andarem, sozinhos, num campo de futebol português, à noite? É, no mínimo, imprudente.
Ainda assim, há coisas para as quais, ontem, não estava preparado. Por exemplo, quando um central do Guimarães derruba Pablo Aimar em plena grande área, Olegário dirige-se ao jogador do Benfica e faz o gesto universal de “foi na bola”. E quando Carlos Martins sofre outro penálti, Olegário faz o gesto universal de “levanta-te mas é”. Refiro isto, porque trata-se de mímica vulgarmente praticada por adversários. Mas, vendo bem, foi esse o papel de Olegário ontem: um digno adversário. Resta-nos agora esperar que a equipa reaja nas próximas jornadas, porque até ao fim do campeonato ainda há um complicadíssimo Benfica-Jorge Sousa, e um Pedro Proença-Benfica, que é sempre um jogo de tripla.
quinta-feira, setembro 09, 2010
Espaço Prof. Karamba
V. Guimarães - Benfica
Sporting - Olhanense
FC Porto - Sp. Braga
Marítimo - P. Ferreira
Portimonense - Rio Ave
U. Leiria - Nacional
Académica - Naval
V. Setúbal - Beira-Mar
Sporting - Olhanense
FC Porto - Sp. Braga
Marítimo - P. Ferreira
Portimonense - Rio Ave
U. Leiria - Nacional
Académica - Naval
V. Setúbal - Beira-Mar
quarta-feira, setembro 08, 2010
O que disse Luís Filipe Vieira
Sobre Simão
"É mais uma notícia sensacionalista, não tem nenhum fundamento"
"Não falámos com o Simão, o Simão não falou connosco, nem dentro da nossa casa falámos sobre o Simão"
"Temos que respeitar o clube onde Simão está"
"O Benfica não tem o pensamento no Simão neste momento"
Mercado de transferências
"Prometemos aos benfiquistas que o núcleo forte do Benfica se iria manter"
Início da época
"Pela nossa grandeza passa-se da euforia para uma desilusão completa"
"Se os critérios na arbitragem fosse iguais, o Benfica teria mais pontos"
"Nós não gostaríamos de estar a falar de arbitragem mas são factos"
"Acho que não há responsáveis, quando perdermos, perdemos todos"
Sobre Roberto
"Não vamos abdicar dele"
"Será o Roberto o nosso guarda-redes, se vai ser titular ou não é decisão do treinador"
"Roberto não é criticado pelo que defende, é criticado pelo preço que custou"
"As pessoas andam a brincar, não sabem quem é o Roberto"
"Normalmente quem critica é quem não toma decisões"
Sobre insinuações quanto ao negócio: "o Benfica não paga em chegues, paga por transferências (...) é fácil seguir o rasto do dinheiro"
"Assumo a responsabilidade (...) dentro de pouco tempo vamos ver quem é que tem razão"
"Até este momento o Jorge Jesus não pode dizer que se enganou"
"Todos os dias vemos frangos, guarda-redes com melhores e piores prestações"
Sobre Eduardo
"Antes do Mundial, pensámos no Eduardo" mas o negócio não foi possível, "passámos à frente"
Sobre a Selecção Nacional
"Não estou preocupado com a selecção"
"Tive todo o prazer em ser testemunha de Carlos Queiroz"
"Se não formos apurados para o Europeu 2012, alguém tem que ser responsabilizado (...) o sr. secretário de Estado (do Desporto) é que inventou isto tudo, ele que assuma"
"Nada se passou com o Nuno Assis (...) nunca esteve dopado, houve ali qualquer confusão"
"Qualquer modalidade nossa foi controlada, qualquer jogador nosso é controlado (...) e o secretário de Estado apareceu"
"Às 7, 8 horas da manhã não são horas para fazer controlo antidoping"
"O objectivo já foi conseguido, os objectivos eram nitidamente afastar Carlos Queiroz"
"Acho que o país todo já está farto do Carlos Queiroz e desta conversa"
"É tão evidente" que Laurentino Dias orquestrou esta polémica
Relações com o Sporting
"Toda a gente sabe a relação que tenho com o Zé Eduardo Bettencourt"
Relações com o FC Porto e Pinto da Costa
"Vamos baixar o nível de conversa"
"Ignoramos, pura e simplesmente"
Interesse no mercado russo
"Não temos um olheiro no mercado russo, temos noutro tipo de mercados"
Confiança no plantel
"Temos plena confiança em todo o plantel e nos profissionais do Benfica"
"Na nossa casa o que ganha é uma harmonia e sintonia grande"
Sobre Mantorras
"O Pedro é hoje um exemplo dentro do Benfica"
"Cabe ao Benfica zelar pelos interesses do Mantorras"
"Vai haver uma reunião bastante importante na sexta-feira sobre o futuro do Mantorras"
"O Pedro é um activo muito importante do Sport Lisboa e Benfica"
"O Benfica saberá tratar o Pedro Mantorras com dignidade"
"O Pedro poderá vir a abandonar o futebol"
"É mais uma notícia sensacionalista, não tem nenhum fundamento"
"Não falámos com o Simão, o Simão não falou connosco, nem dentro da nossa casa falámos sobre o Simão"
"Temos que respeitar o clube onde Simão está"
"O Benfica não tem o pensamento no Simão neste momento"
Mercado de transferências
"Prometemos aos benfiquistas que o núcleo forte do Benfica se iria manter"
Início da época
"Pela nossa grandeza passa-se da euforia para uma desilusão completa"
"Se os critérios na arbitragem fosse iguais, o Benfica teria mais pontos"
"Nós não gostaríamos de estar a falar de arbitragem mas são factos"
"Acho que não há responsáveis, quando perdermos, perdemos todos"
Sobre Roberto
"Não vamos abdicar dele"
"Será o Roberto o nosso guarda-redes, se vai ser titular ou não é decisão do treinador"
"Roberto não é criticado pelo que defende, é criticado pelo preço que custou"
"As pessoas andam a brincar, não sabem quem é o Roberto"
"Normalmente quem critica é quem não toma decisões"
Sobre insinuações quanto ao negócio: "o Benfica não paga em chegues, paga por transferências (...) é fácil seguir o rasto do dinheiro"
"Assumo a responsabilidade (...) dentro de pouco tempo vamos ver quem é que tem razão"
"Até este momento o Jorge Jesus não pode dizer que se enganou"
"Todos os dias vemos frangos, guarda-redes com melhores e piores prestações"
Sobre Eduardo
"Antes do Mundial, pensámos no Eduardo" mas o negócio não foi possível, "passámos à frente"
Sobre a Selecção Nacional
"Não estou preocupado com a selecção"
"Tive todo o prazer em ser testemunha de Carlos Queiroz"
"Se não formos apurados para o Europeu 2012, alguém tem que ser responsabilizado (...) o sr. secretário de Estado (do Desporto) é que inventou isto tudo, ele que assuma"
"Nada se passou com o Nuno Assis (...) nunca esteve dopado, houve ali qualquer confusão"
"Qualquer modalidade nossa foi controlada, qualquer jogador nosso é controlado (...) e o secretário de Estado apareceu"
"Às 7, 8 horas da manhã não são horas para fazer controlo antidoping"
"O objectivo já foi conseguido, os objectivos eram nitidamente afastar Carlos Queiroz"
"Acho que o país todo já está farto do Carlos Queiroz e desta conversa"
"É tão evidente" que Laurentino Dias orquestrou esta polémica
Relações com o Sporting
"Toda a gente sabe a relação que tenho com o Zé Eduardo Bettencourt"
Relações com o FC Porto e Pinto da Costa
"Vamos baixar o nível de conversa"
"Ignoramos, pura e simplesmente"
Interesse no mercado russo
"Não temos um olheiro no mercado russo, temos noutro tipo de mercados"
Confiança no plantel
"Temos plena confiança em todo o plantel e nos profissionais do Benfica"
"Na nossa casa o que ganha é uma harmonia e sintonia grande"
Sobre Mantorras
"O Pedro é hoje um exemplo dentro do Benfica"
"Cabe ao Benfica zelar pelos interesses do Mantorras"
"Vai haver uma reunião bastante importante na sexta-feira sobre o futuro do Mantorras"
"O Pedro é um activo muito importante do Sport Lisboa e Benfica"
"O Benfica saberá tratar o Pedro Mantorras com dignidade"
"O Pedro poderá vir a abandonar o futebol"
terça-feira, setembro 07, 2010
Ecce homo - João Querido Manha
É surpreendente o número crescente de críticos de Carlos Queiroz, em contraste com os patéticos acordes de um ou dois violinistas do Titanic que persistem em alapar-se no palco do caricato com uma marcação idêntica à que o selecionador usa para não perder o pé depois de há tanto tempo ter perdido os papéis.
A substância deste reviralho futebolístico que tenta isolar apressadamente o selecionador que prometia ridicularizar os resultados do antecessor radica, porém, na descoberta de um homem desconhecido, que fala vernáculo, porque é africano e filho de um futebolista, assume atitudes de enorme agressividade e intolerância e revela, sem ponta de humildade, que os muitos anos que viveu no estrangeiro o distanciaram tanto do comum dos portugueses que nem sabe o que significa uma expressão tão inócua como “cabeça do polvo”.
Dá para compreender a deceção dos outrora entusiasmados proponentes do “professor”, apresentado messianicamente como “ecce homo”, num âmbito levemente elitista que aproveitava a moda verde-rubra para classes médias-altas pouco atreitas a confundirem-se com as claques de ralé. Ser adepto da Seleção era coisa elegante, permitindo achar graça ao selecionador, por ser estrangeiro e por ter uma expressividade genuína que transformava as asneadas de ocasião em rasgos do mais fino humor gaúcho.
Na boca de Scolari qualquer alarvidade provocava uma gargalhada sadia, na boca de Queiroz qualquer figura de estilo se transforma em abcesso doloroso.
Por causa dos 17 anos que passou a maravilhar públicos de outros campeonatos, este Queiroz era desconhecido dos portugueses, como se tivesse parado no tempo e regressado numa cápsula cósmica. Recordavam-no com um exemplo de profissionalismo, inovação e sabedoria e não estavam preparados para os excessos verbais, as zaragatas em público e a absoluta incapacidade de vencer e convencer, acrescida da desmistificação do empenho na formação e na descoberta de talentos nacionais através da nacionalização maciça de estrangeiros.
Ao longo de dois anos, de choque em choque, deceção em deceção, os portugueses foram conhecendo e renegando o verdadeiro Queiroz e, como quem se afasta de um vizinho inoportuno, viraram-lhe as costas e deixaram-no só, adotando-o agora como herói preferencial de anedotas e ridicularias.
Apesar da música celestial que embalou em fundo o “cumprimento dos objetivos” no Mundial da África do Sul, a Seleção perdeu o seu público e já tem as mais baixas assistências em jogos oficiais desde o pós-Saltillo. Considerando a má imagem geral, o silêncio ameaçador dos patrocinadores e o desequilíbrio das contas federativas, sobrariam justas causas para o afastamento do treinador. Mas só na teoria.
A jurisprudência do caso Manuel José versus Benfica ditou que não seja mensurável a “incompetência” de um treinador de futebol, porque só um pode ganhar e entre os derrotados haverá sempre muitos profissionais competentes. Mas isso não significa que seja difícil distinguir entre um derrotado e um perdedor.
A substância deste reviralho futebolístico que tenta isolar apressadamente o selecionador que prometia ridicularizar os resultados do antecessor radica, porém, na descoberta de um homem desconhecido, que fala vernáculo, porque é africano e filho de um futebolista, assume atitudes de enorme agressividade e intolerância e revela, sem ponta de humildade, que os muitos anos que viveu no estrangeiro o distanciaram tanto do comum dos portugueses que nem sabe o que significa uma expressão tão inócua como “cabeça do polvo”.
Dá para compreender a deceção dos outrora entusiasmados proponentes do “professor”, apresentado messianicamente como “ecce homo”, num âmbito levemente elitista que aproveitava a moda verde-rubra para classes médias-altas pouco atreitas a confundirem-se com as claques de ralé. Ser adepto da Seleção era coisa elegante, permitindo achar graça ao selecionador, por ser estrangeiro e por ter uma expressividade genuína que transformava as asneadas de ocasião em rasgos do mais fino humor gaúcho.
Na boca de Scolari qualquer alarvidade provocava uma gargalhada sadia, na boca de Queiroz qualquer figura de estilo se transforma em abcesso doloroso.
Por causa dos 17 anos que passou a maravilhar públicos de outros campeonatos, este Queiroz era desconhecido dos portugueses, como se tivesse parado no tempo e regressado numa cápsula cósmica. Recordavam-no com um exemplo de profissionalismo, inovação e sabedoria e não estavam preparados para os excessos verbais, as zaragatas em público e a absoluta incapacidade de vencer e convencer, acrescida da desmistificação do empenho na formação e na descoberta de talentos nacionais através da nacionalização maciça de estrangeiros.
Ao longo de dois anos, de choque em choque, deceção em deceção, os portugueses foram conhecendo e renegando o verdadeiro Queiroz e, como quem se afasta de um vizinho inoportuno, viraram-lhe as costas e deixaram-no só, adotando-o agora como herói preferencial de anedotas e ridicularias.
Apesar da música celestial que embalou em fundo o “cumprimento dos objetivos” no Mundial da África do Sul, a Seleção perdeu o seu público e já tem as mais baixas assistências em jogos oficiais desde o pós-Saltillo. Considerando a má imagem geral, o silêncio ameaçador dos patrocinadores e o desequilíbrio das contas federativas, sobrariam justas causas para o afastamento do treinador. Mas só na teoria.
A jurisprudência do caso Manuel José versus Benfica ditou que não seja mensurável a “incompetência” de um treinador de futebol, porque só um pode ganhar e entre os derrotados haverá sempre muitos profissionais competentes. Mas isso não significa que seja difícil distinguir entre um derrotado e um perdedor.
segunda-feira, setembro 06, 2010
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