Decididamente, algo não vai bem na organização do futebol português. Ontem, em pleno jogo contra o Chipre, em que – aí, sim – fazia mesmo falta alguém para acordar os jogadores da nossa Seleção, onde estavam os médicos do controlo antidoping? Seja qual for a explicação, notou-se que a Seleção estava em piloto automático. À semelhança do que já tinha acontecido contra a Espanha, depois de se substituir Hugo Almeida, sofre-se um golo – é automático.
Admito que uma das explicações para o desaire de ontem seja os abandonos de Deco, Simão e Paulo Ferreira. Se bem que, pelo aspeto das bancadas, desconfio que a população portuguesa também está prestes a renunciar à Seleção. No meu entender, seria uma injustiça uma vez que não há país no Mundo que se esforce mais por encontrar novos caminhos para o futebol. Por exemplo, em 86, Portugal tinha quatro selecionadores no banco. Ontem, não tínhamos nenhum. Como estava a cumprir castigo, Carlos Queiroz estava só a assistir, sem qualquer capacidade de decisão nos vários momentos da partida. Nessa medida, não houve muitas diferenças em relação aos jogos do Mundial.
Mas nem tudo é negativo no futebol português. Depois do polvo alemão que adivinhava o resultado das partidas do mundial, podemos estar perante um polvo português que, adivinhando os fracos resultados que Carlos Queiroz iria obter nesta qualificação, decidiu encetar o afastamento do selecionador. É possível que o polvo Amândio não fique atrás do polvo Paul no que diz respeito a perspicácia futebolística.
Apesar do empate, não se pode dizer que ontem tenha sido um dia completamente negativo para o selecionador nacional. Ao pé do juiz que ontem leu o acórdão da Casa Pia, o Carlos Queiroz parece um menino de coro.
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