No final do Benfica-Sporting, Jorge Jesus lançou um aviso: as equipas que estavam no cimo da classificação iriam começar a sentir a aproximação dos encarnados. Naquele momento, é certo, o técnico tinha razão. Contudo, quando a jornada encerrou, o FC Porto – obviamente o principal visado no recado – recolocou a diferença em impensáveis 9 pontos. Por outras palavras, o discurso emotivo de Jesus pode ter tido validade em relação a alguns emblemas, pode até revelar-se acertado daqui a umas semanas mas, para já, não perturbou (psicológica ou factualmente) os dragões que, na Choupana, voltaram a vencer. Nem através das previsões dos seus mais dedicados adeptos, os portistas poderiam imaginar ter tantos pontos de avanço em relação ao campeão quando ainda só se disputaram 15.
Confesso que também não esperava ver o FC Porto tão à vontade no comando da Liga mas, até à data, não restam dúvidas que tem sido a melhor equipa. Hulk, Falcão e Varela, três atacantes de qualidade indiscutível, atravessam bom momento de forma e confiança e, em traços gerais, têm-se entretido a passar por cima de todos os opositores que lhe surgem pela frente. A equipa, o colectivo, está a funcionar bem mas, ainda assim, creio ser a capacidade individual a marcar a diferença. Mas, desta ou daquela maneira, essencial é que o conjunto tem sido sempre mais forte que os adversários. E foi no primeiro embate “a doer”, na Supertaça com o Benfica, que os azuis e brancos sentiram que tinham embalagem para, logo de entrada, escapar à concorrência no Campeonato.
Como sempre sucede com os líderes, também aos pupilos de Villas-Boas (que a continuar imbatível não tardará a ter um dos maiores egos do futebol local e não só) não tem faltado a estrelinha da sorte. Seja o penálti nos últimos instantes, o autogolo a abrir caminho para mais um triunfo, a desatenção dos juízes aquando das irregularidades na sua grande área ou os contínuos deslizes dos principais rivais. Tudo tem batido certo com as pretensões nortenhas. Mas, se isso é verdade, reafirmo que o essencial é que segue na frente aquela que tem sido a equipa mais poderosa, a que tem jogado mais e melhor futebol. E quando assim é, dar demasiada importância à sorte, ao azar, às arbitragens ou aos erros dos opositores acaba por ser imoral. Basicamente... lidera quem merece, quem mais tem feito por isso.
O Benfica, justo vencedor no dérbi com os vizinhos da Segunda Circular, volta a ter espaço para ganhar confiança e, quem sabe, pelo menos não se atrasar mais. Contudo, para que essa estabilização seja real, a equipa precisa, já no próximo duelo, no Funchal, levar de vencida o Marítimo, formação que, curiosamente, está muito mal classificada. Só conseguido 3 pontos na Madeira, as águias poderão continuar a dar passos no sentido de recuperar, de forma óbvia e não aos soluços, o ritmo (e o moral) de há uns meses.
Quanto ao Sporting, a equipa (e o clube) parece andar sistematicamente às voltas regressando sempre ao ponto de partida. Muda muita coisa em Alvalade, é certo, mas o mais importante fica invariavelmente na mesma. Os leões foram incapazes de verdadeiramente “jogar” na Luz. Uma oportunidade e meia de Liedson foi tudo quanto os verdes e brancos lograram construir. É pouco, muito pouco. Jogando de forma receosa, sem criatividade, imaginação e alma, os leões só podiam perder. A questão era saber por quantos. Acabou por não ser muito pesado, mas podia ter sido. E para isso nem seria necessário um Benfica avassalador como em tantos encontros na temporada passada. Bastou uma equipa atenta, inteligente, veloz na transição defesa-ataque (notável Coentrão), eficaz na finalização (Cardozo a responder como deve aos assobios da bancada), aplicada a reduzir os espaços ao adversário e... desta vez a jogar com 11!
1 comentário:
Eu gosto muito do Avelãs e do que ele escreve mas às vezes fico um pouco "pasmado" se é que se pode ficar surpreendido com alguma coisa neste futebol português. Fazer um primeira analise à Liga e não falar das arbitragens quando até o Vitor Pereira teve de o fazer é querer tapar o sol com uma peneira.
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