A euforia da vitória toldou-nos o pensamento. No final da época passada, devíamos ter percebido o que aí vinha. O facto de o Benfica, num ano em que praticou um futebol esmagador, apenas se ter sagrado campeão na última jornada deixava adivinhar o que poderia acontecer se a equipa iniciasse a época só a jogar um futebol muito agradável. Na época passada, o Benfica também atravessou crises gravíssimas, é certo. Lembro-me, por exemplo, de uma jornada em que, já não me lembro porquê, só conseguimos ganhar 3-0. E não foi só dessa vez. A certa altura, comecei a ficar deprimido cada vez que o Benfica goleava pela margem mínima – uma expressão que, por si só, diz tudo sobre o patamar de exigência que se instalou entre os adeptos.
Mas, ontem, enquanto assistia à arbitragem de Olegário, dei por mim a ter saudades de arbitragens habilidosas. Se não, vejamos: como benfiquista, estou psicologicamente preparado para ver a minha equipa ser roubada. Às vezes, penso até que a culpa é nossa. Quem é que manda os atletas do Benfica andarem, sozinhos, num campo de futebol português, à noite? É, no mínimo, imprudente.
Ainda assim, há coisas para as quais, ontem, não estava preparado. Por exemplo, quando um central do Guimarães derruba Pablo Aimar em plena grande área, Olegário dirige-se ao jogador do Benfica e faz o gesto universal de “foi na bola”. E quando Carlos Martins sofre outro penálti, Olegário faz o gesto universal de “levanta-te mas é”. Refiro isto, porque trata-se de mímica vulgarmente praticada por adversários. Mas, vendo bem, foi esse o papel de Olegário ontem: um digno adversário. Resta-nos agora esperar que a equipa reaja nas próximas jornadas, porque até ao fim do campeonato ainda há um complicadíssimo Benfica-Jorge Sousa, e um Pedro Proença-Benfica, que é sempre um jogo de tripla.
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