Confesso que já estou absolutamente farta desta querela interminável em redor da figura de Carlos Queiroz. Mas a prestação da Seleção das quinas contra uns modestos cipriotas torna inevitável o regresso ao tema. A Seleção de todos nós não apareceu em “piloto automático”, antes foi um verdadeiro Tupolev, avião conhecido pelos acidentes e embargos a rotas. E um Tupolev dos modelos não tripulados. Porque lá do alto do camarote de 1.000 euros, não houve chamada de telemóvel ou sms para Agostinho Oliveira que salvasse a Seleção do despiste total.
O comportamento dos intervenientes nesta telenovela venezuelana é deplorável, mas para mim a contratação do Professor já por si tinha sido um tremendo erro. Para treinador de campo, com Sir Ferguson a pensar na estratégia e a desenvolver esquemas táticos, está bem. Para fazer as novas gerações ganharem músculo, fez um bom trabalho nos noventa. E pronto. Coleciona saídas polémicas ou despedidas sem honra nem glória. Tal e qual o jogo de sexta-feira.
Não deixa de ser curioso que Quaresma, no lugar de Cristiano Ronaldo, tenha sido o melhor lutador português em campo. Aquele que o Professor rejeitou para o Mundial. Hugo Almeida, eternamente substituído fora do tempo, quis brilhar mas borrou a pintura. E qualquer benfiquista que andasse a chorar-se por uma hipotética não contratação de Eduardo para as gloriosas malhas, face às desgraçadas defesas e frangos depenados de Roberto, tirou dúvidas: sem defesa, não há Eduardo, não há nada. Há 0-1 aos 3’. E 4 sofridos no final. Quanto aos demais, só mesmo penar pela lesão de Fabito, que nos pode tirar o miúdo de campo contra o Vitória de Guimarães.
Não me venham falar da basculação ofensiva da segunda metade, das oportunidades perdidas e dos remates bonitos. Para a história ficam os que entram e os pontos perdidos na qualificação para o Euro. Uma Seleção sem Rei nem Roque, sem tática que não fosse a de todos para a frente que aqui Del’Rei, mostrou que nem com remoto controlo este Tupolev chegava à pista. E para a Noruega, onde chegámos de Airbus, a tragédia pode bem repetir-se.
Adeusinho, Professor.
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