quinta-feira, abril 29, 2010

Artigo de Opinião de Leonor Pinhão

Deixem lá jogar o Falcao! (ou «admito que levei uma palmada, mas até gostei…»)

O Sporting de Braga está a um ponto de garantir o apuramento para a fase de qualificação da Liga dos Campeões de 2010/2011 e o Benfica está a um ponto de conseguir ganhar o campeonato nacional de 2009/2010. Tudo isto a duas jornadas do fim da prova quando os exercícios de aritmética vão apertando, apertando… Se quisermos analisar o assunto através do cálculo das probabilidades, conclui-se que é tão difícil para o FC Porto chegar à Liga dos Campeões como é difícil para o Sporting de Braga chegar ao título. No entanto, tratando-se de futebol, tudo é possível. O próprio Domingos Paciência, competente treinador do superBraga, fez questão de recordar há poucos dias que se lembra muito bem de já ter visto o Desportivo da Corunha perder um título nacional espanhol no último minuto do último jogo.
E quem é que não se lembra de um fenómeno como aquele que deixou em lágrimas os nossos irmão galegos? Na temporada de 1993/1994, o Desportivo da Corunha liderou o campeonato de Espanha desde a 14.ª jornada até à penúltima ronda, entrou em campo para o derradeiro jogo, contra o Valência, com uma margem mínima de avanço sobre o Barcelona, segundo classificado, e não só não conseguiu ganhar aos valencianos, jogando em casa, como ainda teve de suportar o inferno de ver o seu avançado sérvio Djukic falhar uma grande penalidade nos momentos finais do jogo.
Longe vá o agouro, não é Domingos?
De qualquer modo, para quem tem vindo a assistir com imparcialidade ao corrente campeonato português poucas dúvidas restam sobre os méritos atribuíveis ao Benfica, que jogou sempre mais e melhor futebol do que um Braga sensacional e que, por isso mesmo, merecerá ganhar a prova e nenhumas dúvidas restam sobre os méritos atribuíveis ao Sporting de Braga que, ao longo da época, foi sempre muito melhor e mais consistente equipa do que a equipa do FC Porto, com excepção daquela sua visita ao Estádio do Dragão onde sofreu um inexplicável ataque de nervos e de lassidão e acabou por sair goleado.
Assim sendo, o Sporting de Braga merece muito mais ir à Liga dos Campeões do que o FC Porto. Embora não precise da Liga dos Campeões porque é um clube que está a nadar em dinheiro, ao contrário do FC Porto que vem apresentando passivos que preocupam alguns dos seus associados mais ilustres que nem se coíbem de discutir o assunto pelos tribunais, discutindo, com a intermediação de um juiz, honorários e prémios dos administradores do seu emblema. Como todos sabemos, a Liga dos Campeões tem dois tipos de atractivos: o desportivo, pelo prestígio que confere, e o financeiro, pela riqueza que proporciona e que sempre constitui motivo de alegria.
Ao contrário do tesoureiro do FC Porto, o tesoureiro do Sporting de Braga está-se positivamente nas tintas para o dinheiro. Porque não precisa, como vem sendo provado há meses e com exemplos práticos. E vêm aí novas provas, para que não restem dúvidas sobre o assunto.
Já foi anunciado, em comunicado oficial, que «a Direcção do Sporting de Braga decidiu abrir as portas gratuitamente do Estádio Municipal, desta feita para a recepção ao Paços de Ferreira, no próximo domingo», tal como já tinha acontecido por ocasião da visita do Marítimo à cidade dos arcebispos, que produziu uma assistência de 30 mil espectadores, e por ocasião da visita do Olhanense ao mesmo estádio. Ou seja, o Sporting de Braga não vive da bilheteira, dá-se ao luxo de não vender ingressos, não precisa do dinheiro dos seus adeptos, não precisa sequer de ir à Liga dos Campeões.
Isto não é concorrência desleal. Isto é o triunfo de uma gestão económica que faz inveja a muita gente. A muito boa gente, evidentemente.
Apresença de Jesualdo Ferreira no banco no jogo com o Benfica esteve em dúvida. Em Setúbal, foi a primeira vez que o professor foi expulso em toda a sua carreira. E logo numa semana em que também foi a primeira vez em toda a sua carreira que Jorge Jesus afirmou preferir «festejar o título no relvado» do que saboreá-lo em casa a ouvir o relato de jogos de terceiros. Esta ausência de Jesualdo Ferreira encerraria em si uma grande incerteza e uma grande certeza.
A grande incerteza era saber-se quando é que o treinador que conduziu o FC Porto ao tetra se voltaria a sentar no banco do FC Porto no Estádio do Dragão.
A grande certeza seria esta: no domingo, Jesualdo Ferreira não estaria no relvado se, por acaso, Jorge Jesus conseguir mesmo festejar o título na casa do grande rival.
Há expulsões que vinham mesmo a calhar. Mas a Comissão Disciplinar da Liga não deixou. Jesualdo vai orientar o FC Porto desde o relvado. Digam lá que isto não é uma cambada de benfiquistas…

OS jornais continuam a atirar nomes de possíveis sucessores de Jesualdo Ferreira quando não é sequer certo que o professor não seja reconduzido na posição que vem ocupando. Acaba por se tornar um exercício interessante tentar descortinar o que pode vir a ser verdade e o que é, declaradamente, uma mentira impossível no que diz respeito ao perfil do eventual futuro treinador dos ex-campeões nacionais.
Enquanto o mistério André Villas Boas prossegue, outros treinadores há que estão completamente fora de hipótese de vir a suceder a Jesualdo Ferreira num futuro imediato. Aparentemente até reuniam grandes qualificações para o cargo mas desgraçaram todas as suas hipóteses com declarações insuportáveis de ouvir no Estádio do Dragão.
Nesta situação estão, por exemplo, Jorge Costa, autor da frase «o Benfica merece ganhar o campeonato» e Paulo Bento, autor da frase «o Benfica será um justo campeão». Francamente, isto é perder o perfil de rajada.

QUEM está com o perfil em alta para rumar brevemente para o FC Porto é o jovem Bruno Ribeiro, do Vitória de Setúbal, que disputou com Falcao o lance que originaria o cartão amarelo fatal. Ribeiro sente «por empatia, o desgosto de Radomel» e pede a sua despenalização em nome da verdade desportiva: «É verdade que levei uma palmada, mas admito que não foi intencional», tem vindo a repetir contristado. Vá lá, sempre é melhor dizer isto do que dizer qualquer coisa como: «… é verdade, levei uma palmada, mas até gostei…»
Curiosamente, o caso de Bruno Ribeiro tem, por portas travessas, paralelo com um outro que ocorreu na já distante época de 1992/1993, quando um repórter da RTP, em serviço no Estádio das Antas, levou uma palmada em directo. Melhor dito, levou uma série de palmadas em directo. O jornalista tecia sobre o relvado os comentários finais a um jogo entre o FC Porto e o Famalicão, que o Famalicão acabava de vencer por 1-0, quando um elemento não identificado do público, provavelmente um steward, entrou pelo campo dentro e despachou à palmada a equipa da reportagem da RTP. O espectáculo foi transmitido em directo, toda a gente viu, mas nem o jornalista da RTP nem a própria RTP se deram à valentia de apresentar queixa à Justiça.
Ficou tudo em família.
Por todo este histórico, resta aos benfiquistas unirem as suas vozes à voz de Bruno Ribeiro e clamar:
— Deixem lá jogar o Falcao!

1 comentário:

Abelleira disse...

"Opinião de alguém"

Antes de mais, devo reconhecer que toda a responsabilidade me pertence uma vez que acedi a um blog destinado a adeptos da cor "encarnado". No entanto, e visto estarmos num país dito livre - país este constituido por uma população maioritariamente benfiquista - venho expor a minha opinião sincera sobre o artigo bem como, numa versão mais generalizada, da actualidade desportiva, mais concretamente da Liga da Cerveja 2009/2010.Antes de mais, venho desde já felicitar o Benfica pela capacidade que teve de nos dar uma alegria numa época que não deu razões aos portistas para festejar (não considerando a Supertaça e a provavel Taça de Portugal, são migalhas para o nosso estomago), ao ser goleado num jogo em que tudo aconteceu (agressões, expulsões, inflamadas declarações e opiniões...) excepto o "maravilhoso" e "ímpar" futebol de ataque do glorioso!

Uma das reacções que me despertam curiosidade, também verificada neste artigo de opinião, é a evidente necessidade que os benfiquistas têm em justificar as razões do sucesso (até ver..) da actual equipa vermelha, vomitando as palavras "méritos", "dúvidas", "consistente", dúvidas...

Embora não tenha sido ainda presenteado com o prazer de conhecer a Sr. D. Leonor Pinhão, nem tão pouco conhecer qual ou quais as funções profissionais da senhora, posso adivinhar que com economia e finanças de certeza nada terá a ver, caso contrário não teria tido a infelicidade de escrever boa parte do seu artigo. Já agora, Sra. D. Leonor, se o assunto lhe interessa, sugeria que analisasse a gestão do seu clube ao longo de vários anos, com especial atenção à do senhor, seu presidente, Luis Vieira e nos explicasse, com toda a sua eloquência, como pode viver um clube com dinheiro que não tem.

Relativamente à questão da censura que diz existir no Tetra-Campeão quero, de facto, corroborar a ideia de que no SLB tudo pode ser dito sem qualquer receio de retaliação ou provas de memória, como se pode comprovar com a reacção do SLB ás declarações de 11 de Janeiro de 2009, quando Jorge Jesus disse, após um jogo no Estádio da Luz, na condição de treinador do Braga e em sequência da arbitragem do Sr. Paulo Baptista, que em Portugal só poderia ser campeão na Playstation...contratou-o!

Já agora, e uma vez que esse senhor tanto percebe de futebol, quero acreditar que o que diz é verdade e no próximo sábado possa confirmar a sua teoria, permitindo a entrega do título a outra equipa... esse mesmo, o Braga!!

Em conclusão, e não me querendo alongar neste espaço virtual que não me é destinado, quero apenas registar que esta ultima semana de campeonato encerra em si uma grande incerteza e uma grande certeza. A grande incerteza é saber quem será o Campeão Nacional 2009/2010. A grande certeza é esta: este campeonato será sempre recordado como o campeonato das toupeiras! Aqueles seres que vivem debaixo do chão, movimentam-se por tuneis e em que o sentido de visão não abona a seu favor.


Ah! E j'agora restaria aos benfiquistas unirem as suas vozes e clamar:

- Deixem lá aceitar no blog esta opinião!