segunda-feira, abril 05, 2010

Artigo de Opinião de António Magalhães

Saber ter e ser mais um

Jesus foi honesto quando reconheceu no final do Benfica-Liverpool que a expulsão de Babel condicionou os acontecimentos. Disse ele, e muito bem, que entre duas grandes equipas a diferença entre ter mais um ou menos um jogador pode ser determinante.

Jesus foi também justo nos elogios que fez à sua equipa, nomeadamente ao realçar a capacidade de organização táctica que praticamente não conheceu brechas durante o jogo. Só através dessa atitude e competência é que uma equipa poderia beneficiar da vantagem de ter mais um jogador que o adversário. O Benfica, pela forma como está trabalhado em termos tácticos, soube tirar partido dessa circunstância.

O Benfica soube, pois, manietar o Liverpool, estrangulando-o na sua ação e movimentos. Essa foi a grande arma que permitiu conquistar o resto sem, desta vez, ter arrancado uma nota artística muito alta.

Apesar da honestidade da análise de Jesus, é bom que fique claro uma coisa: a expulsão de Babel transformou o jogo, mas não fez o resultado. O Benfica teve poder para encaixar o golo que sofreu cedo – justificado por uma entrada muito forte do Liverpool no jogo – e mesmo antes daquele momento fatídico para os ingleses, já a equipa de Jesus dava sinais de um crescimento que poderia levá-la a um resultado diferente.

Foi com dois penáltis – até houve mais um – de Cardozo que este Benfica se transformou no mais vitorioso e goleador Benfica europeu. São números impressionantes, ainda que devam ser interpretados à luz de um tempo muito diferente e, como tal, como mera estatística que não pode beliscar minimamente os nomes sagrados da história do clube da Luz. Esses, como escrevo, são sagrados e por muitos golos que outros marquem terão sempre o seu lugar no “olimpo encarnado”.

Se no relvado a equipa soube tirar partido de ter mais um jogador, os adeptos do Benfica – que enchem o estádio da Luz e vivem estes momentos gloriosos – também têm sabido ser mais um jogador. Na Luz, a equipa de Jesus tem sentido o apoio do 12º jogador. Mas a essa multidão exige-se também que, nalguns momentos, saiba pôr em sentido a meia dúzia de energúmenos que não sabem estar num estádio de futebol e que colocam em risco a integridade física de alguns (até protagonistas do jogo) e afetam a grandeza do_Benfica e podem mesmo limitar o êxito da própria equipa.

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