Ao bater o Sporting, por 2-0, na Luz, o Benfica sentenciou o Campeonato. Eu sei que ainda estão 12 pontos em disputa, que em caso de igualdade o título pertencerá ao Sp. Braga, que os minhotos têm um calendário acessível e que, no futebol, surpresas impensáveis acontecem com inusitada regularidade. Ainda assim, assumo, ao ultrapassar o eterno rival - ainda por cima após a goleada em Liverpool e consequente afastamento da Liga Europa -, as águias colocaram um ponto final nas dúvidas.
Com este último triunfo (o sétimo consecutivo na Liga), o Benfica pode, inclusivamente, perder no Dragão que, nem por isso, deixará de ser campeão. A matemática diz-nos que, para fazer a festa, os encarnados necessitam de 7 pontos. E isto dando de barato que os minhotos somarão por triunfos os seus embates até ao final da época. Por outras palavras, os benfiquistas precisam apenas de ganhar os dois jogos em casa (Olhanense e Rio Ave) e não perder, na próxima ronda, em Coimbra. Será um missão sem sobressaltos? Talvez não, mas está longe de ser muito complicada. Ainda por cima é fácil prever que, na cidade do Mondego, o Benfica vai alinhar "em casa". As bancadas serão escassas para albergar os simpatizantes do clube da Luz que, mais do que nunca, querem apoiar a equipa no derradeiro "sprint".Mas, vamos ao jogo. E há que começar por dizer que, na primeira parte, foi o Sporting quem esteve melhor, saindo com muito perigo nas acções de contra-ataque. Quanto ao Benfica não são necessárias muitas palavras para definir a sua prestação. A equipa esteve estranhamente apática, confusa, desinspirada, incapaz de levar perigo efectivo à baliza dos leões. Basicamente deu a ideia de estar a ressacar do embate de Liverpool. Se não foram os piores 45 minutos da época dos encarnados... foram dos piores!
Na segunda metade, com Aimar em campo, o jogo foi outro. Contudo, não foi só a acção do argentino que mexeu com a partida. Jesus, com toda a certeza, deve ter "puxado as orelhas" aos atletas e estes, como tem sido normal esta época - nomeadamente nos desafios em casa -, foram para cima do adversário. O Sporting, ao invés, desapareceu do jogo e nunca mais incomodou seriamente o sector recuado dos encarnados que, como consequência do domínio registado, acabaram por conseguir "furar" a resistência leonina. Cardozo, já em débil condição física, fez o golito da ordem e Aimar, aproveitando um buraco na defesa alheia, matou o encontro.
Em resumo, mesmo dando de avanço 45 minutos, o Benfica mostrou que, na actualidade, é bem mais forte que o vizinho do outro lado da Segunda Circular. Dito de outra forma: confirmou que é a formação mais homogénea da prova, razão pela qual, repito, vai mesmo conquistar o título, pese a réplica sensacional do Sp. Braga, a assinar uma temporada histórica.
PS - Costinha continua a esforçar-se para mostrar que, agora, em Alvalade há uma política diferente. E dá para ver, de facto, coisas novas. É pena é serem negativas. A ideia de substituir Carlos Carvalhal na conferência de imprensa para dizer que está cansado de ver o Sporting prejudicado foi... absurda. É verdade que o árbitro podia ter ido mais longe, no arranque da segunda parte, quando Luisão "varreu" Liedson a meio-campo. Se em vez do amarelo, João Ferreira tivesse mostrado vermelho, ninguém poderia ficar admirado. Mas, entendendo o desagrado leonino pela interpretação (e critério) do juiz, é desonesto pretender resumir o jogo (como João Moutinho tentou fazer no "flash interview") ou o trabalho do árbitro a um único lance.
Costinha - que, a par dos dirigentes, devia centrar o seu trabalho em tentar que o Sporting não volte, na próxima época, a ser um clube completamente à deriva e que possa estar, a 4 rondas do fim, a 26 pontos (!) do líder - ficou indignado com a jogada de Luisão mas, por outro lado, ignorou que João Ferreira podia ter marcado penálti, no final da primeira parte, quando Carriço viu a bola rematada por Carlos Martins bater no seu braço e também não viu Grimi, na etapa complementar, tocar na perna de Cardozo na área de rigor.
Creio que o árbitro ajuizou bem os lances atrás referidos, considerando não ter havido intenção de fazer falta por parte dos jogadores leoninos, mas se tivesse tido interpretação diferente... seria escandaloso?
É humano ver os intervenientes do futebol (ou de outras modalidades) ter uma visão distorcida dos jogos por causa do seu envolvimento directo mas, por vezes, essa tendência natural acaba por ser exagerada e algo ridícula. Foi o que sucedeu a Costinha desta vez...
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