segunda-feira, maio 31, 2010

Ricardo Araújo Pereira pede demissão de Jorge Jesus

Este Jorge Jesus que vos Fala

Agora que se Aproxima o Regresso à Champions...


Arrepiante

Só Grandes Golos

Que Belo Frango

Most attacking team of the season

Benfica’s 4-1-3-2 system was a joy to watch all season – indeed, it’s slightly surprising that they didn’t manage to score more goals.
Fielding Pablo Aimar and Javier Saviola behind Oscar Cardozo created a lovely attacking trident, fielding both Angel di Maria and Ramires provided support from the wings, and fielding a ‘passer’ at the base of the diamond in Javi Garcia ensured attacking moves started from deep.
Add in the fact that Jorge Jesus insisted on playing midfielders at full-back, and you had a wonderfully exciting team.

Quem Sabe Nunca Esquece ou o Bis de Rui Costa

domingo, maio 30, 2010

RAP: ‘I gotta feeling’ que a Selecção não desperta ‘feelings’ - Ricardo Araújo Pereira

Junto a minha voz à daqueles que se indignam por o hino oficioso da Selecção não ser uma canção portuguesa.
Não por patriotismo, mas por coerência com a realidade: creio que a música mais apropriada para este nosso conjunto seria um fado.
Antigamente, todas as janelas do País tinham de ostentar uma bandeira portuguesa, mesmo que tivesse pagodes no lugar de castelos.
Agora, ninguém vai aos chineses comprar uma bandeira nem que tenha sido bordada à mão pela padeira de Aljubarrota e tingida com sangue de D. Afonso Henriques.

A verdade é que há sacas de batatas mais entusiasmantes do que Carlos Queiroz. Mais facilmente um brasileiro nos faz sentir portugueses do que ele.
E, em certa medida, devemos estar-lhe gratos por isso. Com Scolari, o povo português andaria agora entretido a bufar nas vuvuzelas até ficar com as beiças em carne viva. Estaríamos a viver tempos insuportáveis.
Elefantes viriam da Índia atraídos pelo barulho, julgando ter ouvido o grito de acasalamento de fêmeas gigantes, e procurariam fazer criação com os portugueses mais volumosos que encontrassem.
Com Queiroz, a população da Covilhã em peso organiza-se para lhe comunicar que gostaria de o ver com uma vuvuzela, mas a sair do orifício errado. Compreende-se: por exemplo, Scolari tentou bater num estrangeiro, o que sempre galvaniza o bom povo.
A única vez que Queiroz esteve tentado a dar uns bananos, escolheu um português. Isso tem sido uma espécie de imagem de marca: como se tem visto nos jogos, esta selecção não tem agressividade nenhuma frente aos estrangeiros.

Ora até que enfim que José Mourinho tem, em Portugal, o reconhecimento que lhe é devido.
Não sei se ainda se lembram mas, há uns anos, alguns dos que agora rejubilam com a façanha do treinador português e só lhe vêem virtudes estavam a ameaçá-lo de morte. Um vice-presidente do clube ao serviço do qual ele ganhou a sua primeira Liga dos Campeões foi ao seu quarto na véspera da final passar-lhe o telefone, para que ele pudesse ouvir de viva voz uma mão cheia de insultos e ameaças. Parece que, desta vez, tal não sucedeu.
Parabéns a José Mourinho pela sua segunda Taça dos Campeões, e a primeira que ele teve vontade de festejar. Sentiu-se que ele prefere assim.

“Nós vamos a partir de hoje aqui solenemente dizer-lhe (…) que nós queremos este ano dedicar a vitória do campeonato a si. A si, que vai ser campeão”.
Pinto da Costa
À conversa com ma fotografia de José Maria Pedroto
7 de Janeiro de 2010

“Eu não sou prometedor de títulos nem de nada, que não uso esse tipo de conversa”.
Pinto da Costa
27 de Maio de 2010

Este ano não tem sido fácil para quem já foi treinador do Porto.
José Maria Pedroto, ao contrário do prometido, não ganhou o título deste ano, e Jesualdo Ferreira já sabe que não ganha o do próximo. Na origem de ambas as desfeitas está Pinto da Costa.
Diz-se que o desnorte tem a ver com a má época do Porto, mas deve reconhecer-se que não foi tão desastrosa como se tem dito.
Por exemplo, é mentira que os jogadores do Porto não vão disputar a Liga dos Campeões na próxima temporada. O Rentería, em princípio, vai.

Zona Mista - Informação - Entrevista e Debate RTP N - Multimédia RTP

Zona Mista - Informação - Entrevista e Debate RTP N - Multimédia RTP

Entrevista com Luisão

quinta-feira, maio 27, 2010

Porque Recordar é Viver ou Hilariante mais Hilariante é Impossível

Parece o vira o disco e toca o mesmo. O F.C.Porto continua a ser o grande
favorito a dominar a nova época que aí vem, a nível interno.
Miguel Sousa Tavares, 21 de Julho de 2009

Eu sei que ainda é cedo para tirar conclusões, e não é meu timbre
embandeirar em arco, mas gosto da nova equipa do F.C.Porto. Quer-me parecer
que temos uma equipa muito lutadora, e na boa tradição das velhas equipas
portistas, com jogadores que dão tudo o que podem e que se esfarrapam, para
conseguirem ganhar cada bola, cada duelo. Pelo que me foi dado ver, chegou
mais um lote de jogadores com essas características. Teremos pois, nesta
nova época, uma equipa de classe, com diversas alternativas
Pôncio Monteiro, 31 de Julho de 2009

Ao fim da 2ª jornada da liga Sagres já se podem tirar algumas conclusões.
Uma: O F.C.Porto é, dos três grandes, a equipa mais consistente. Outra:
Perante equipas mesmo inferiores à sua no papel, o Benfica de Jorge Jesus
não vai lá. Aimar, Saviola e Di Maria não são, como já o vêm demonstrando há
muito, jogadores de campeonato.
António Tavares Teles, 25 de Agosto de 2009.

Hulk não sabe jogar de costas para a baliza. Além disso, parece ter
entendido mal os recados do treinador e o mais que dele se viu foi que se
entreteve a adornar as jogadas, a tentar quaresmices e a simular faltas.
Rui Moreira, 25 de Setembro de 2009

O Porto conseguiu três vitórias consecutivas e a equipa dá sinais de ter
amadurecido, começando a esquecer-se de Lisandro e Lucho.
Rui Moreira, 9 de Outubro de 2009.

Ao contrário do que alguns dão a entender, o grande adversário do F.C.Porto
no campeonato é o Braga e não o Benfica.
Pinto da Costa, Outubro de 2009

Gostei de ver Hulk sentado no banco. Talvez lhe devessem ter explicado que
fora preterido por causa dos seus tiques e individualismo das suas
simulações. Talvez assim tivesse optado por uma outra oportunidade de jogar.
Em vez disso, Hulk foi de pequena utilidade quando entrou.
Rui Moreira, 27 de Novembro de 2009

O facto de o Porto estar mais forte, ter tantas opções e parecer mais à
vontade fora de casa é muito animador.
Rui Moreira, 11 de Dezembro de 2010

O Benfica que se cuide. Não é lá por se auto-proclamar de maior candidato ao
título deste ano que vai conseguir lá chegar.
Miguel Sousa Tavares, 16 de Dezembro de 2009

Uma desilusão. Desconcentrado, desconsolado, conflituoso. Esperava-se que
criasse embaraços à defesa benfiquista. A inspiração jamais foi a desejada,
sendo que, aqui e ali, até abusou do individualismo.
Rui Moreira, 21 de Dezembro de 2009, sobre Hulk, a seguir ao Benfica-Porto e antes de
serem tornados públicos os incidentes do túnel da Luz.

Os reforços desta época foram feitos com alguma dose de unanimidade. Foram
escolhas que reflectiam um conjunto de carências que tinham sido analisadas
pelo clube. Não foram reforços numa óptica de curto prazo, antes pelo
contrário são reforços para o futuro.
José Eduardo Bettencourt, 22 de Dezembro de 2009

Nós vamos a partir de hoje aqui solenemente dizer-lhe, interpretando o
pensar dos treinadores aqui presentes, dos jogadores aqui presentes, que nós
queremos este ano dedicar a vitória no campeonato a si, José Maria Pedroto.
Pinto da Costa, 7 de Janeiro de 2010

Caiu bem a promessa de oferecer este campeonato a Pedroto
Miguel Sousa Tavares, 12 de Janeiro de 2010

Há muita gente a querer ganhar, mas no fim só há um vencedor. Neste momento,
pragmaticamente, o quarto lugar é o nosso objectivo. Se o Paulo Bento cá
estivesse, faríamos uma grande dupla, porque seríamos dois a dar o corpo às
balas.
José Eduardo Bettencourt, 12 de Fevereiro de 2010

Todos os anos têm-me dado gozo ganhar. Mas este ano vai dar-me ainda mais.
Confesso que esta época vai dar-me claramente mais gozo ganhar.
Jesualdo Ferreira, 13 de Fevereiro de 2010

Somos Porto e vamos continuar a ganhar.
Nuno Espírito Santo, 20 de Fevereiro de 2010

Viemos à Luz só para evitar que o Benfica seja campeão. Queremos tirar-lhes
o título e dá-lo ao Braga.
Fernando Mendes, dirigente da Juve Leo, 13 de Abril de 2010

Se o Sp. Braga for campeão nacional, vou a Fátima a pé e levo o António
Salvador comigo. E sou capaz de tomar banho na fonte luminosa em tronco nu e
tudo. O Braga vai à Madeira ganhar ao Nacional. Como o Benfica está
claramente a enfraquecer, acredito que vamos ser campeões.
Mesquita Machado, presidente da Câmara de Braga, 3 de Maio de 2010.

Se o Benfica ainda não é campeão é porque alguma coisa está para acontecer.
Vamos ganhar o jogo, vamos marcar cedo como é nosso costume e cada ataque do
Rio Ave vai pôr os corações a bater mais rápido. Alguma coisa boa está para
nos acontecer.
Domingos Paciência, treinador do Braga, 7 de Maio de 2010

Comemorar o futuro - Luís Seara Cardoso

"O título mais importante é o da próxima época". Quanto vale, afinal, esta declaração recente de Luís Filipe Vieira? Vale a garantia de um Benfica determinado a revalidar o triunfo na Liga. Um Benfica apostado a não alterar de forma substancial o seu quadro de jogadores. Um Benfica decidido a manter a estrutura responsável pelo seu departamento de futebol.

A festa foi bonita, envolveu milhões de almas, mas já pertence ao passado. Um clube centenário, um clube com um historial de sucesso, um clube internacionalmente prestigiado, um clube como o Benfica sabe que a melhor forma de comemorar um êxito importante é acautelar o futuro. Luís Filipe Vieira dá essa garantia com grande sentido de responsabilidade.

Jesus já prorrogou o seu vínculo contratual, dois excelentes reforços argentinos estão garantidos, o jovem internacional Fábio Faria engrossa também o plantel. Outros se vão seguir. Sairá algum jogador de maior nomeada? Sempre com o pressuposto de que constitua um negócio irrecusável para o clube.

Ninguém acredite que o Benfica vai depauperar ou, no mínimo, fragilizar tudo aquilo que construiu na última temporada. O clube acusa uma vitalidade tal, tem o suporte de um entusiasmo tão acentuado que a tendência só pode apontar para o crescimento. Na quantidade e na qualidade. No próximo ano, o Benfica bater-se-á pela reconquista do cetro nacional, pelo triunfo nas restantes provas domésticas, por uma campanha airosa no seu regresso à Liga dos Campeões.

O Benfica já comemora o futuro. Adivinha-se-lhe pujança para os novos desafios. Descortina-se-lhe competência, encontra-se-lhe um balanço triunfante muito difícil de estacar.

Agradecimentos (2) - Miguel Góis

Na semana passada prestei aqui tributo a Jesualdo Ferreira e a Antero Henrique. Mas se omitisse as contribuições de Pinto da Costa para a conquista do campeonato por parte do Benfica, não ficaria de bem com a minha consciência. O que me leva a pensar que, aqui há umas semanas, o Nuno Gomes ofereceu a camisola do Benfica ao Papa errado. Por acaso foi Bento XVI que optou de forma consciente por não contratar Jorge Jesus? (E chamo a atenção para a expressão "de forma consciente", uma vez que, se quisermos ser rigorosos, também Bento XVI terá optado por não contratar Jorge Jesus este ano, mas neste caso de forma completamente inconsciente, pelo facto de a contratação não fazer qualquer tipo de sentido se tivermos em conta as incompreensíveis prioridades do Vaticano). Não, foi Pinto da Costa que praticamente empurrou Jorge Jesus para o clube da Luz. E camisola do Benfica entregue pelo Nuno Gomes, nem vê-la! Se bem que nos deveríamos questionar que espécie de Papa é este, que não mostra qualquer tipo de interesse em ter Jesus a seu lado.

Mas para aqueles benfiquistas mal-agradecidos que insistem em guardar ressentimento em relação ao presidente do FC Porto, aqui fica um Top Ten das decisões de Pinto da Costa na época 2009/2010:

10 - Em Espinho, elege Bruno Alves como "o símbolo do FC Porto", com o objetivo de fortalecer o balneário. Duas semanas mais tarde, durante um treino, o símbolo do FC Porto dá um tabefe em Tomás Costa, o símbolo do mau futebol do FC Porto.

9 - Rejeita Saviola, que terá sido oferecido ao FC Porto antes de assinar pelo Benfica, provavelmente por considerar que o argentino queria vir passar férias. Quem adivinharia que Pinto da Costa e o ex-candidato à presidência do Benfica, Bruno Carvalho, tinham tantas afinidades?

Franguinho à Higuita

Porque Recordar é Viver...



Não começaram os saldos - Sérgio Krithinas

A saída de Di María para o Real Madrid é uma certeza, como se percebe pelo discurso de despedida de colegas de equipa e até do treinador Jorge Jesus. Mas Luís Filipe Vieira diz que não e continua a tentar convencer os benfiquistas de que o craque argentino, bem como todos os outros, vai ficar. Por muito que poucos acreditem nessa promessa, o líder dos encarnados acaba por fazer... bem. Porque as leis de mercado obrigam os vendedores a fazerem-se difíceis, sob pena de estarem a vender lebre pelo preço de gato.

A mensagem que os responsáveis do Benfica devem passar para o exterior é de pujança financeira e de disponibilidade até para investir ainda mais. Ao mostrar esta força, os encarnados serão mais respeitados pelos compradores e ao mesmo tempo terão força para fazer valer os seus argumentos. As melhores vendas são feitas quando o comprador é o maior interessado.

quarta-feira, maio 26, 2010

Época 2009/10: relatório final - Luís Freitas Lobo

A eficácia das transições para sair da “zona de pressão” está antes da rapidez, na qualidade de passe


Terminada a época 2009/10, ficaram muitas imagens tácticas para analisar. O termo «transições rápidas» continua a ser o mais utilizado para elogiar a forma de atacar de uma equipa. Na maioria das vezes, porém, é uma análise que confunde momentos de jogo diferentes (transição ofensiva e organização…ofensiva). Até porque, na prática, poucas equipas do campeonato fazem (ou conseguem fazer) transições rápidas.
O próprio Benfica é uma equipa muito rápida a atacar, em organização, mas que aquando de tirar a bola da zona de pressão, faz mais um início de transição em segurança.
Isto é, não aumenta de imediato a velocidade do jogo, prefere mesmo um breve baixar do ritmo para o primeiro passe, quase sempre curto, sair preciso, em apoio, dando, ao mesmo tempo, curtos instantes para os médios de segunda linha e avançados se reposicionarem e soltarem a organização ofensiva (essa sim já muito rápida).
É um ténue momento de fronteira entre dois…momentos que, no fundo, separa a transição rápida do contra-ataque (uma forma de expressão da organização ofensiva).
Recorde-se como o Benfica quando tinha dificuldades perante equipas mais fechadas (bloco-baixo) em vez de insistir buscar espaços de penetração em «campo pequeno», tinha antes a tendência de (estrategicamente) recuar as suas linhas (meio-campo e ataque) para com isso aliciar o adversário a subir as suas.
Desta forma, chamava-o para uma armadilha, pois recuperada a bola nessa altura, fazia a tal transição em segurança e logo depois lançava uma organização ofensiva rápida (contra-ataque) com um espaço que antes não tinha.
É por isso que por vezes se ouvia a estranheza do treinador adversário por num jogo daqueles ter sofrido um golo em…contra-ataque (veja-se golos à Naval, Olhanense ou Nacional) quando todo o jogo (preparação e desenrolar) impediria, por princípio, qualquer hipótese dele surgir assim.
Tinham, pura e simplesmente, caído na armadilha montada.

No sistema, as principais equipas variaram de design preferencial. Benfica (4x1x3x2), Braga (4x2x3x1), FC Porto (4x3x3).
As estruturas não têm, no entanto, vida própria. E, por isso, mesmo mantendo-se, podem mudar de expressão em campo.
O FC Porto, por exemplo, manteve a capacidade de fazer transições rápidas, mas perdeu a qualidade posicional (com mobilidade) que tinha em organização ofensiva nos últimos 30 metros.
O Braga jogava num bloco médio-baixo, saía a jogar por um dos laterais ou pelo pivot, mas quando perdeu esses elementos-chave (João Pereira-Vandinho) teve de mudar esse princípio de jogo de transição, mantendo os da organização ofensiva.
O maior segredo táctico deste campeonato residiu, porém, na capacidade de tirar a bola da zona de pressão e, depois, fazer um desdobramento (não transição) rápido (e, ao mesmo tempo, apoiado) para o momento ofensivo que, então sim, incorpora essa maior velocidade.
O Benfica conseguiu-o de forma tão perfeita que, nessa dinâmica táctica, parecia fazer transições rápidas. Foi a maior (e melhor) ilusão da época.

Momentos únicos da Champions

Tangas

Jorge Jesus fora de pé - António Varela

A entrevista de Jorge Jesus na RTP N foi muito boa, suculenta mesmo, porque, deliberadamente, ele próprio decidiu criar alguns "factos políticos": Quim, Huntelaar, etc., etc.

Jesus fez uma época óptima no Benfica, para aquilo que era normal no clube. JJ passou com distinção em todas as matérias, exceptuando uma, precisamente aquela em que decidiu atravessar-se na entrevista de terça-feira: as escolhas de mercado.

Para 2009/2010, Jesus requereu a contratação de Júlio César, César Peixoto e Weldon, e ainda Airton, Éder Luís e Kardec - opções que sublinham dois tipos de atitude. A primeira (JC, CP e W) é a de quem quer marcar posição, mas não deseja pisar terreno desconhecido sob pena de se comprometer; a segunda (A, EL, K) dá ares de alguém que investiu no conhecimento de novas matérias, mas não está muito certo do risco tomado. Mesmo assim, Jesus passou também este teste, embora sem o brilhantismo incomparável conseguido nas outras áreas.

Na RTP N, JJ mostrou-se "treinador campeão", revelando decisões firmes, mas problemáticas.
Decidiu dispensar Quim, mas a que título, se as suas escolhas alternativas para a baliza foram sempre mais do que discutíveis? Aliás, na linha do que outros se sentiram tentados a fazer, com Butt e Moretto (uma vez que as lesões de Moreira impediram que pudesse constituir alternativa). Acabaram por cair na realidade de Quim ser o melhor. Como Jesus concluiu.

Quanto a Huntelaar, do Milan, espantoso foi ter confirmado ali, em direto, que o Benfica pensa contratá-lo. Quanto à autoria da opção, se 2+2 são 4, Rui Costa deve ter a máquina de calcular na mão...

Jesus sem papas na língua - António Magalhães

O administrador do Benfica Domingos Soares Oliveira bem pode dizer que Di Maria não está vendido que já nem Jorge Jesus acredita que esse não será o desfecho lógico do mega-negócio que vai levar José Mourinho para o Real Madrid. Ontem, na entrevista na RTPN, muito bem conduzida por Hugo Gilberto, sublinhe-se, o treinador encarnado foi claríssimo: “Já penso no Benfica sem Di María”.

Jesus, aliás, não teve papas na língua em relação a outros assuntos. Ali mesmo, em pleno estúdio da televisão, o técnico despachou Quim, o titularíssimo campeão da baliza. Depois de tantas loas ao guarda-redes e muita indignação da família encarnada por não ter sido convocado por Carlos Queiroz para o Mundial, ora toma lá uns patins e vai à tua vida que não tens lugar no Benfica. E que explicação há para esta decisão? Jesus deu-a instantes antes de anunciar a saída de Quim. “Bom jogador é... um bom jogador. Grande jogador são aqueles que fazem a equipa jogar, daqueles que dão pontos”, disse o treinador. Compreendido?

Numa conversa franca e aberta, destaco mais dois momentos (mas houve muitos mais). Um, quando disse que Huntelaar é o jogador que gostaria de ter se Cardozo sair. O outro, quando a muito custo disse que não tinha recebido convites de Portugal nas últimas semanas. Terá sido o único momento em que Jesus não foi sincero.

À margem de Jesus: espreitei o jogo da Coreia do Norte com a Grécia e fiquei impressionado. Os norte-coreanos podem ser um osso muito duro de roer. Apesar de notórias fragilidades defensivas, são rápidos e agressivos no ataque. Sobretudo o ponta-de-lança Jong Tae-Se que junta àquelas características grandes qualidades técnicas. Tae-Se dá pelo nome de Chong Tese no Japão (foi lá que nasceu e é lá que joga) e por Jeong Dae-Se na Coreia do Sul (é filho de sul coreanos) e prometeu três golos por jogo no Mundial. À Grécia marcou dois. Foi um bom ensaio. E um grande aviso.

Benfica só encaixa 28 milhões com Di María

O Benfica vai vender Angel Di Maria pelo valor da cláusula de rescisão, ou seja, 40 milhões de euros, mas não encaixará directamente este valor com a transferência do internacional argentino para o Real Madrid.
Actualmente, os encarnados detém apenas 70% do passe do jogador, pelo que encaixe será de apenas 28 milhões.
A juntar a este valor estarão as verbas já recebidas mas que já não entram nestas contas: 1 milhão pela venda de 10% à Gestifute (empresa do agente Jorge Mendes) e 4,4 milhões por 20% do passe cedido ao Benfica Stars Fund.
Assim sendo, o Benfica terá um encaixe total de 33,4 milhões, mas ainda longe dos 40 milhões que os merengues vão pagar.
A título de curiosidade veja-se que os investidores vão também ganhar dinheiro com a transferência. Jorge Mendes pagou 1 milhão e vai receber 4 milhões, e o Fundo de Investimento pagou 4,4 milhões e vai receber 8 milhões.

OSCAR CARDOZO | SL Benfica | Bola Prata 2009-2010 | 26 Golos

A Entrevista de Jorge Jesus no Trio de Ataque

Trio de Ataque - Informação - Especializada RTP N - Multimédia RTP

terça-feira, maio 25, 2010

Benfica – the most attractive side in Europe?

there´s a side in Europe at the moment that plays more attacking, exciting football than this Benfica side? With two forwards, three attacking midfielders and two extremely offensive full-backs, the side is packed with creativity and energetic runners, making them extremely difficult to defend against.

The best thing about the side is that it features two of World football’s forgotten talents, in Javier Saviola and Pablo Aimar; two slender, skilful No 10s from River Plate, who never went onto achieve what they promised upon their initial arrival in Europe. Portugal is probably the best league to play in if you’re this sort of player – it’s open, attacking and features a lot of poor defences.

The side essentially plays with a diamond in midfield, although with the carrileros so attacking, and with Javi Garcia sitting very deep in front of the back four in a role similar to the one Pep Guardiola played at Barcelona, the side is perhaps best described as a 4-1-3-2, and in that respect is relatively similar to the great Czech side of Euro 2004. Like that side, the offensive slant of the midfielders is compensated for by the fact that the two carrileros are very energetic, and work hard to get goalside when Benfica are not in possession. Indeed, this is a good example of how to play the diamond shape – Di Maria and Ramires play from inside to out, and are comfortable scrapping in midfield as well as getting to the byline and getting crosses in.

Cardozo plays as a classic prima punta – he likes recieving crosses and he’s a physical presence, whereas Saviola tends to play ‘around’ him, either dropping deep or drifting to the wing. When he does the former, and links up with the midfield, he and Aimar create a double trequartista threat that is extremely difficult to defend against, and effectively becomes a Christmas Tree formation similar to when Milan used two playmakers.

Former River Plate stars Pablo Aimar and Javier Saviola are reunited in this Benfica side

The attacking intent is summed up by the players who play at full-back, as both positions are filled by players who started as wide midfielders. On the right, Maxi Pereira lacks the pace or skill required to be a constant attacking threat, but is more comfortable at full-back than on the right of midfield where he played last season. The opposite side sees more technical quality – the two Portuguese players, Cesar Peixoto and Fabio Coentrao are both listed on most squad lists as midfielders, but fill in well at left-back.

As ever in attacking sides, the holding midfielder is crucial, and Javi Garcia’s first season in Portuguese football has been a huge success. A classic Iberian midfielder, his passing is excellent and his defensive ability owes more to intelligent positioning and reading of the game rather than crunching tackles.

Credit should go to both the manager, Jorge Jesus, for getting the team to play well in such an adventurous shape, as well as Benfica legend Manuel Rui Costa, now Director of Football, and responsible for the transfer policy which brought in such great players.

The one criticism of the side, which may be their downfall in the Europa League, would be the lack of flexibility. They do have a decent squad, but one wonders if two upfront will continue to work away from home. Playing Carlos Martins, another central midfielder, may be a useful tactic – but which of the forwards would you drop? Perhaps Aimar would be the one to make way. Nevertheless, they remain well-suited to the Liga Sagres – interestingly, every player in their squad is either Iberian or South American.

As always with Portuguese sides, there’s a threat of the team being broken up in the next transfer window, with Angel Di Maria looking to leave and Ramires set to be on show at the World Cup. Let’s hope this side wins at least one trophy this season, because they are a great demonstration of how football should be played.

This 4-0 win against Academia was a particular highlight. Superb link-up play for the first goal, a wonderful piece of skill for the second, and the sheer number of players in the box for the third goal is astonishing.

Parabéns x 3 - Domingos Amaral

From: Domingos Amaral

To: José Mourinho

Caro José Mourinho

Parabéns, esta semana, três vezes. Parabéns pela forma notável, digna e tranquila, como tens preparado o mundo, e em especial os adeptos do Inter, para a tua partida para o Real. Ao contrário do que aconteceu no FC Porto, onde a tua saída para o Chelsea estragou a festa dos campeões europeus, desta vez tens colocado a questão de forma exemplar. Sem nunca dizer que já está decidido, falaste no mal-estar em Itália, nas incompreensões de que dizes ser vítima, no importante que é ser treinador do Real. Ainda deixas uma porta aberta ao Inter, mas vais preparando todos para o inevitável. Como comunicador, cinco estrelas.

Parabéns também pelo pragmatismo que revelas acerca da Seleção Nacional. "Nem com o Ronaldo a mil à hora Portugal será campeão do Mundo" é brilhante, diz tudo e não ofende ninguém. Mostra que, ao contrário das emoções fáceis que se vivem nestes tempos, há um enorme realismo na tua avaliação da nossas capacidades, dizendo que não temos equipa, e de caminho elogiando um jogador que poderás treinar na próxima época. Queiroz ouviu, aceitou e até revelou que, no geral, estava de acordo. Assim todos te tenham escutado, para ver se acabam as inocentes e pueris declarações de alguns jogadores que "acham" que podemos ser campeões do Mundo.

Por fim, parabéns por ontem, mais um jogo jogado à italiana, cá atrás, à espera, para depois desferir uma estocada mortal. Pode não ser o jogo mais bonito do mundo, mas quem fica para a história são os vencedores, não as estratégias.

O melhor possível - António Magalhães

A divulgação do calendário da época 2010/11 suscitou uma série de críticas. O facto das competições começarem demasiado cedo (Supertaça a 7 de Agosto e Liga a 15) foi considerado desajustado, pois estamos em ano de Mundial (acaba a 11 de Julho). Assim, seria de todo o interesse desportivo que as provas nacionais começassem mais tarde, permitindo mais descanso aos jogadores mundialistas e tê-los em ação desde o primeiro dia. É uma análise respeitável, mas limitada. Ponto prévio: nos dois últimos anos foram os clubes - integrados numa comissão - que se responsabilizaram pelo calendário. Supõe-se por isso que defendam os seus interesses desportivos (e não só) - admito, porém, que às vezes esta lógica é contrariada pelos próprios.

A maioria dos campeonatos europeus arranca por estas datas. O francês começa mais cedo (a 7) e o inglês no mesmo fim-de-semana que o nosso. Itália (29 Agosto), Alemanha (a 20) e Espanha iniciam-se mais tarde, mas compensam o arranque tardio com (muitas) jornadas à quarta-feira. Sabe-se que entre nós o futebol a meio da semana não atrai público aos estádios. Logo, há que olhar também para outra componente do negócio: as receitas.

É preciso também ter em conta que Marítimo, Sp. Braga e Sporting vão entrar em competição (europeia) ainda em Julho e o FC Porto joga após a 1ª jornada. Acresce que a Seleção estreia-se no Europeu a 3 setembro pelo que de acordo com a filosofia (certíssima) de privilegiar a dinâmica da Liga Sagres - isto é, evitar quebras que retirem interesse e desliguem o adepto da prova - não fazia sentido abrir o campeonato e imediatamente interrompê-lo por quinze dias. Conclusão: em malha tão apertada, era impossível fazer melhor.

Promoção

Afinal, o Homem também Chora...

segunda-feira, maio 24, 2010

Fabuloso Di Maria

Agradecimentos - Miguel Góis

Durante a pré-temporada foi posto em marcha um projeto humorístico sem precedentes em Portugal, que era suposto materializar-se, neste final de época, em dezenas de trocadilhos à volta da crucificação de Jesus por parte do Benfica, e facécias várias sobre a natureza imponderada da euforia benfiquista verificada no defeso. Correu mal. Na verdade, não só Jesus ressuscitou o Benfica, como agora sabemos que, face ao que a equipa produziu ao longo da época, a atitude dos adeptos na pré-época pode ser considerada demasiado fria e calculista. Esperemos que os benfiquistas tenham retirado as devidas ilações e exibam no próximo defeso um ou outro sinal de profunda irracionalidade.

Referindo-se justamente à suposta euforia que se vivia na Luz, o dirigente portista Antero Henrique declara ao "JN" de 29.08.09: "Agora termina o campeonato da ilusão e começa o campeonato real". Confesso que, nesta altura, tenho alguma dificuldade em ver as diferenças entre estas duas competições. Se não, vejamos: no campeonato da ilusão, o Benfica foi a equipa que jogou melhor futebol e que ganhou mais jogos; no campeonato real também. O que só pode significar uma coisa: o Benfica, esta época, fez a dobradinha. Antero Henrique finaliza a mesma entrevista com esta pérola que, apesar de ter quase um ano, continua estranhamente atual: "Quem não é capaz de reconhecer quem é melhor (...) é porque quer esconder os seus próprios problemas e defeitos."

Antes, não esqueçamos que Jesualdo Ferreira já tinha revelado a "O Jogo" de 8.06.09 o objetivo para a próxima época: "Só nos resta tentar um campeonato sem derrotas". Nesta perspetiva, o técnico tem a obrigação de estar profundamente agradecido. Ao vencer o campeonato, o Benfica terá conseguido com que Jesualdo recuperasse o gosto por metas mais terrenas. De nada, professor.

Humildade - Domingos Amaral

From: Domingos Amaral

To: Domingos Paciência

Caro Domingos

Paciência

Dizes que o título do Benfica não te convenceu, e eu digo que a muito saudada excelente época do Braga também não me convenceu. Reconheço que fizeram um ótimo campeonato, mas para se falar em "época" é preciso mais, e aí o Braga foi medíocre. Humilhado na Liga Europa, foi confrangedor nas Taças da Liga e de Portugal. Se treinasses um grande, serias apupado por ter desistido tão cedo dessas competições em troco de apenas um segundo lugar. Além disso, convém não esquecer que fizeste menos 12 jogos oficiais que o Benfica (os europeus), o que em termos físicos conta muito. Queria ver onde acabavas se, como o Benfica, fosses até aos quartos-de-final na Europa e até à final da Taça da Liga...

E, a quem passa o tempo a lembrar as expulsões dos adversários do Benfica, e até golos na sequência de livres supostamente inválidos, é preciso recordar que o Braga foi a equipa mais beneficiada este ano, somando pelo menos três vitórias irregulares, contra Marítimo, Guimarães e Paços de Ferreira. É preciso ter lata para falares em benefícios ao Benfica, mas já vi que isso não te falta.

Por fim, foste tu que hostilizaste Jorge Jesus no início da época. Ele, tranquilo, manteve-se calado seis meses e depois respondeu-te à altura. Na verdade, é ele o pai dessa equipa. Por mais que puxe pela cabeça, não encontro um único jogador essencial que tenha sido descoberto por ti.

És bom treinador, mas mais humildade e honestidade intelectual não te faziam nada mal.

#2 London UK - Edgar Davids Street Soccer Tour 2010

Porto deveria ter descido de divisão - Rui Santos

Antes e depois de Jorge Jesus - Fernando Guerra

JORGE JESUS deve sentir-se um homem feliz.
Recebeu de braços abertos a primeira oportunidade que lhe deram para se tornar campeão nacional, e soube merecê-la.
Entregaram-lhe valioso grupo de jogadores e foi capaz de formar uma boa equipa, empreitada que, apesar de aparentar facilidades, repetidamente fracassou no passado recente por variadíssimas razões, algumas bem estranhas.
O Benfica ganhou com a contratação de Jesus e este talvez nem se dê conta do salto fantástico que a sua já longa carreira registou neste último ano.
Não é campeão quem quer, mas quem pode, e a Jesus, embora ele o desejasse intensamente, nunca antes lhe fora entregue a responsabilidade de gerir um projecto futebolístico vocacionado para o sucesso.
Este foi apenas o primeiro. O futuro é aliciante e oferece-lhe desafios irrecusáveis, menos pelo dinheiro e mais pelo prazer.
Na interessante entrevista publicada em A BOLA, o treinador benfiquista surge com um discurso diferente, mais ordenado e seguro.
Num clube com a grandeza do Benfica a noção de crescimento não se consegue medir, não há limites para a ambição.
Jesus entendeu isso muito depressa.
Se há meia dúzia de meses as prioridades ainda o atormentavam, agora tudo se lhe afigura claro: ganhar todos os jogos, em todas as frentes, até na Liga dos Campeões. Foi com esse arrojado espírito de conquista que Mourinho se notabilizou e se impôs ao Mundo.

domingo, maio 23, 2010

O reencontro com a história - Luís Freitas Lobo

Benfica Campeão. Vitória resgatou o código genético do bom futebol (místico e goleador) do velho Benfica.

Mais difícil do que escrever a história é, a certo ponto do trajecto, ter de a reescrever. Para um clube de futebol, isso também é verdade. Ao longo dos tempos, o Benfica construiu a sua história num caminho de vitórias. Até que, a certo ponto do percurso, a 'odisseia encarnada' chocou com o tempo. A Norte, o futebol conhecera novas expressões de poder, discurso e método, o país mudava e novos adamastores nasciam. O mundo benfiquista teve dificuldade em entender essas mudanças. Órfão das referências do passado que o fizeram grande, enfrentou a travessia do deserto sem uma bússola futebolística que o orientasse na (re)descoberta do seu caminho. A cada passo que dava, as páginas da última noite mágica, em 94, tornavam-se cada vez mais amareladas. 16 anos. Pelo meio, um italiano 'com um frasco de veneno à cintura' ainda acendeu, por instantes, a chama do título, mas durou pouco. Cada jogo do título de 2005 mais parecia um jogo da luta pela descida. Nessa vitória não estava o verdadeiro ADN encarnado.

Ele é feito de um jogo com a baliza nos olhos, o ataque como forma de vida. A cada arranque de um extremo, o estilo de Di Maria que parece ir levantar voo, o adepto levanta-se da cadeira. A cada corte de um defesa-central, a força de Luisão ou a alma de David Luiz, o estádio ergue-se porque sabe que, a seguir, surgirá o ataque. Nesse sentido, 2010 recolocou o futebol encarnado no trilho certo da sua história. Reescreveu-a após longos anos de identidade perdida. Jesus entendeu esse momento da história benfiquista como só um treinador português, pela vivência da nossa realidade e causas da sua mutação, poderia conhecer. Desde o primeiro dia, tocou nos pontos certos do balneário e relvado. Essa capacidade de saber como reescrever a história nasce muito antes do célebre 'mestre da táctica'. No fundo, deu-lhe as bases emocionais (mística) para a construção mais científica (modelo de jogo). Do grito para o relvado, mascando pastilha elástica, ao 4x1x3x2 e o posicionamento cirúrgico nas bolas paradas.

Os 'velhos' jogadores renasceram e os 'novos' acenderam mais luzes em campo. Primeiro a ideia de jogo. Depois, os jogadores para ela. Assim chegaram Javi Garcia, a 'âncora' do meio-campo, aquele '1' solitário que surge na fórmula táctica, Ramires, o 'corre-caminhos" do meio-campo, e Saviola, um 'coelho' em forma de avançado que, metaforicamente, também parece arrastar quem o persegue (os defesas adversários) para um poço no qual depois surge Cardozo para acabar a jogada com um golo. Ao lado deles, Di Maria ganhou asas, David Luiz voltou à sua 'casa táctica' natural no centro da defesa e até Aimar recuperou a respiração táctica e física.

Neste ponto da história tudo parece pacífico. O mais impressionante, porém, em toda esta reinvenção, é o papel do treinador. Em geral, num grande clube, sucede o contrário. Ou seja, é o clube que, reconhecendo-lhe valor ao contratá-lo, dá-lhe asas (a grande oportunidade) para a sua carreira. Aqui, sucedeu quase o inverso. Foi o treinador que levantou o clube. Isto é, tornou-se maior do que a 'estrutura' até se confundir com ela e hoje ser quase impossível imaginar o clube (e a equipa) sem o seu carisma táctico e humano. Este Benfica resgatou o seu código genético mesclando-o com as estratégias de poder que, dentro e fora do relvado, os tempos modernos ergueram. Tudo isto demora tempo a solidificar. Nesse sentido, este título é apenas a primeira página de um novo capítulo que, nas próximas épocas, ainda terá muito para escrever. Até ser história.


Números do título

Há 19 anos que o Benfica não fazia tantos golos numa época. 78 bolas no fundo da baliza. Só recuando até 90/91, quando fez 89, mas eram mais jogos.

Cardozo foi o melhor marcador, fiel ao destino (e obrigação) de um ponta-de-lança dentro de uma equipa. Teve a seu lado um 'coelho' veloz que o entendeu na perfeição, Saviola, que lhe deu muitas bolas ao jeito do seu explosivo pé esquerdo.

Mas, apesar dos golos, Cardozo ainda não é o ponta-de-lança goleador que une todo o 'mundo benfiquista'. Continuam a dizer que é lento e falha mais golos do que marca. E, claro, há ainda os penaltis falhados nos momentos decisivos. Não é, de facto, um jogador esteticamente elegante. Alto e esguio, parece um alicate gigante quando recebe a bola e, de braços arqueados, tenta dominá-la. Mas, nessa altura, embora não ganhe um lance em velocidade, cobre muito bem o espaço, levanta a cabeça e faz um excelente passe. Ou seja, tem técnica e visão de jogo. Apenas não fabrica espaços. Precisa que outro jogador (e a equipa) os fabrique para ele. Por isso, a importância complementar de Saviola. Depois disso, espaço aberto e a bola a cair no seu pé esquerdo, o momento seguinte é, quase sempre, um remate explosivo para a baliza.



O onze-base e os seus símbolos

Javi Garcia
Não aparece nos resumos mas é fundamental para equilibrar tacticamente a fórmula 4x1x3x2 de Jesus. Nessa equação táctica, ele é 'âncora' do sistema. Joga simples, dá curto, segura a bola e a posição. Está sempre no caminho para o corte e no sítio certo para fazer o primeiro passe no início da transição defesa-ataque. Um futebol 'confidencial', fisicamente forte, que nunca deixa a equipa tirar os pés da relva.

Saviola
Um jogador tacticamente fundamental no processo ofensivo. Quando recua, conecta com Aimar e liga-se ao meio-campo. Quando avança, conecta com Cardozo, e liga-se ao ataque. O melhor Benfica desta época foi aquele que jogou durante o melhor período (físico e táctico) de Saviola. Confundiu adversários quando se escondia na chamada zona entrelinhas à entrada da área. Claramente, este campeonato teve um 'coelho' a mais. E isso fez toda a diferença...

Luisão
Gigante, a sua presença no centro da defesa intimida e assusta a bola e os avançados que lhe aparecem. Nunca treme. Não quer é ver a bola por perto. Longe de ser um poço de técnica, entra forte em cada lance dividido. Dá no 'osso' e na bola, grita com todos, colegas e adversários. Quando sobe nas alturas é um jogador em forma de 'arranha-céus'. Corta bolas e faz golos. Um verdadeiro líder.

David Luiz
Um 'guerreiro' que disputa com alma e qualidade técnica cada lance em que entra. Depois, com a bola, arranca com ela. No fundo, ele não se satisfaz em ser apenas defesa-central. Quer ser mais coisas no jogo. Quer conduzir como um médio e atacar como um avançado. Pela relva ou pelo ar, impõe o seu futebol de carácter. Tem tudo para se tornar num dos melhores defesas-centrais do futebol mundial.

Luís Freitas Lobo - O reencontro com a história
Di Maria
Mais do que correr, parece que voa pelo flanco esquerdo. Passada larga, finta curta que, de repente, vira larga e estica o jogo, dando-lhe profundidade. Finta e dribla. Inventa no um-para-um e ganha espaços decisivos perto da área. Depois, é mortífero no passe. Truculento, provoca o adversário para, depois, logo a seguir, passar por ele com um sorriso quase trocista. De repente, parece que voltou ao futebol de rua. O espírito é mesmo esse. Mas num grande estádio.
E o futuro, como será?

Saindo Di Maria e David Luiz, isso obriga a ir ao mercado com grande precisão. Mas o onze tem outros pontos para crescer, sobretudo na dimensão internacional. Coentrão foi a revelação a lateral-esquerdo, mas defensivamente não tem a mesma consistência e, por isso, em Liverpool, Jesus puxou David Luiz para esse lugar. No ataque, falta outro jogador capaz de reproduzir os movimentos de Saviola quando recua. Pode ser Gaitan. A maior sensibilidade física de Aimar exige mais um médio ofensivo organizador.

A Resposta da Adidas

À Brasileira

Mais um Video Fabuloso da Nike

Golos do Porto vrs. SLBenfica - Juniores -




quinta-feira, maio 20, 2010

Primeira entrevista de Jorge Jesus desde que chegou à Luz

O inimigo de Pinto da Costa não é o túnel, é o YouTube - Leonor Pinhão

Talvez tenha havido algum exagero nos festejos benfiquistas pela conquista do 32.º campeonato da história do clube. Na verdade, saiu muita gente para a rua a fazer barulho e a dançar. Também é provável que tenha havido algum exagero na cobertura que as televisões e os jornais deram às comemorações vermelhas. É, no entanto, compreensível porque a imprensa regula-se, entre outras coisas, pelo mercado e quando há multidões em catarse o fenómeno reveste-se de índole sociológica e aumentam, no dia seguinte, as tiragens dos jornais e as audiências televisivas. Aparentemente, trata-se de um contra-senso porque a sociologia nunca foi um bom negócio. A não ser quando o assunto é o Benfica, o que prova a grandeza e a originalidade do clube mais popular do País.
Mas nada disto explica o acabrunhamento, a má disposição, a crispação com que no Jamor foi festejada pelo FC Porto a conquista da Taça de Portugal sobre o Desportivo de Chaves, por 2-1. Muito menos explica a «timidez», no dizer dos repórteres das televisões, de serviço na Avenida dos Aliados, com que «sempre os mesmos seis carros» davam voltas à praça «como acendalhas», a ver se a festa portista pegava. A verdade é que não pegou.
Dificilmente pegaria porque nestas coisas do futebol, para o bem ou para o mal, há sempre uma simbiose entre os jogadores e os adeptos. Uns puxam pelo outros e vice-versa, é assim que a magia funciona. É puro contágio. E é de crer que a má disposição que o capitão Bruno Alves apresentava no final do jogo, respondendo torto aos jornalistas, afirmando que queria ver a sua vida melhorada, tenha contagiado a nação azul e branca e contribuído para acabrunhar aquela hora que devia ser de alegria e de festa.
Como se não bastasse a neura de Bruno Alves, houve ainda que suportar a crispação de Jesualdo Ferreira, saindo a meio da conferência de imprensa, acusando os jornalistas de maldades que lhes estão vedadas, por não-inerência de cargo. Perante isto, qual é a vontade que uma pessoa tem de sair à rua para fazer barulho e dançar?
No dia seguinte, teve de vir à liça o presidente do clube dar ânimo aos adeptos. E deu mesmo. Garantindo que o slogan do seu novo mandato é «vencer, mas não de qualquer maneira». Explicou-se melhor, para que não fiquem dúvidas entre os adeptos, nem mesmo entre aqueles 2% que não votaram nele: «Não é vencer em qualquer túnel, é vencer à FC Porto». Compreenderam?
O prato principal, ou seja, o próximo campeonato ainda vem longe mas já se promete a fruta. Até à hora da sobremesa, o presidente do FC Porto vai continuar a atacar os seus inimigos. Mas comete um erro crasso.
É que o maior inimigo de Pinto da Costa não é o «túnel».
O maior inimigo do presidente do FC Porto é o YouTube.

Graças a uma série de imprevistos, e com o devido e sereníssimo respeito, a visita do papa a Portugal redundou na mais eloquente súmula do que foi a temporada futebolística nacional e do que são as características mais marcantes das personalidades e das competências (e incompetências) congénitas às lideranças dos grandes emblemas do futebol nacional.
Por exemplo, em Lisboa, os três grandes — Benfica, Sporting e Belenenses —, respondendo ao convite do Patriarcado da capital para se fazerem representar na cerimónia do Terreiro do Paço, exibiram no decorrer de uma conferência de imprensa conjunta as camisolas oficiais das suas cores que pretendiam oferecer ao líder máximo dos católicos.
Quando chegou o momento tão aguardado verificou-se uma espécie de breve mas amplamente descritivo resumo, no género de missa campal, daquilo que foi a última época dos vermelhos da Luz, dos verdes da Alvaláxia e dos azuis do Restelo.
Tal como ficou expresso na tabela classificativa do campeonato de 2009/2010, o Benfica foi o primeiro também no Terreiro do Paço a entregar a sua oferenda. E foi indisfarçável, porque se ouviu muito bem até na televisão, o regozijo da multidão quando Bento XVI ergueu a camisola dos campeões nacionais.
Seguiu-se o Sporting que vem de uma época para esquecer. Nada mais natural, portanto, que José Eduardo Bettencourt se tivesse esquecido de tomar bem conta da camisola do Sporting que ele próprio fez questão de transportar em mão até à grande praça à beira do Tejo. A comunicação social explicou a situação em poucas palavras: «Acontece que a camisola desapareceu, presume-se que furtada. O presidente do Sporting ficou inconsolável e teve de improvisar.»
E tal como improvisou mudando de Paulo Bento para Carlos Carvalhal e de Carlos Carvalhal para Paulo Sérgio, Bettencourt, mudando de camisola como quem muda de treinador, improvisou ali mesmo, já a poucos metros de distância de Sua Santidade, usando como prenda à última hora o pólo verde com o emblema dos leões que trazia vestido o jovem Renato Neto, um futebolista dos juniores que o acompanhava na embaixada ao papa.
Digam lá se este episódio não exemplifica na perfeição aquilo que foi a última época do Sporting e o carisma do seu presidente que, para desgosto dos humoristas portugueses, anunciou anteontem que não vai fazer mais declarações públicas até ao fecho do mercado de Verão.
O Belenenses, que foi o penúltimo da tabela classificativa, foi o último a entregar as suas oferendas a Bento XVI. Enfim, devia ter sido o último, mas nem isso foi «uma vez que os seus representantes chegaram atrasados e o protocolo não autorizou a entrega», conforme se pôde ler nos jornais no dia seguinte. Haverá ilustração mais esclarecedora do que foi a época de um emblema histórico que teve a infelicidade de descer de Divisão?
Depois de Lisboa, o papa foi ao Porto. E no Porto, tal como em Lisboa, a organização da cerimónia primou pela responsabilidade dos enfeites e da iconografia do espaço público — em Lisboa, o Terreiro do Paço, no Porto, a Avenida dos Aliados —, numa uniformidade cromática discreta e pensada para que as cerimónias não descambassem para o arraial. No tom de crispação corrente em todos os ofícios da época, o FC Porto reagiu indignadamente em comunicado ao facto de «os fiscais da câmara» terem mandado remover «um pendão» que cobria parte da fachada da antiga sede do clube na Avenida dos Aliados, saudando Sua Santidade em nome do clube.
Trata-se, no fundo, de uma questão cívica difícil de entranhar. O Porto é dos portuenses, não é do FC Porto. Passa-se exactamente a mesma coisa com a Avenida dos Aliados, que é a sala de visitas da cidade e dos cidadãos e não é propriedade de nenhum emblema futebolístico. Mesmo quando recebe um papa de paramentos vermelhos.

Garante o diário espanhol As que José Mourinho colocou como condição para treinar o Real Madrid a contratação de David Luiz, Di María e Fábio Coentrão, três jogadores «que foram determinantes» para a conquista do título pelo Benfica.
Se der ouvidos à sapiência de Pinto da Costa e se quiser ser campeão em Espanha, Mourinho não tem nada que levar jogadores do Benfica. Bastava-lhe levar o «túnel»da Luz mais o «túnel» de Braga. E mais dois stewards e mais o dr. Ricardo Costa, presidente da Comissão de Disciplina da Liga.
Jogadores «determinantes»? Francamente, onde é que viu uma coisa dessas? Nem os jornalistas espanhóis do As nem José Mourinho percebem minimamente de futebol.

quarta-feira, maio 19, 2010

À Lei da Bola - 1º Reforço da Época

O Melhor do Mundo

Golaço

Um dos Piores Penalty´s de Sempre

Deixem-no partir - João Gobern

Parte substancial da empatia que se cria entre ídolos e massas há de carecer sempre de uma explicação à altura - momentos de empolgamento rendem memórias e estas saltam das molduras sempre que há oportunidade. O caso amoroso entre Pedro Mantorras e o Terceiro Anel da Luz é um paradigma. Há uma crença, desapoiada pelo veredicto das estatísticas, de que o angolano resolve problemas e marca golos. Há uma espécie de delírio coletivo em torno das suas (cada vez mais) esporádicas presenças em campo. Resta saber se isso deve ou não continuar, naquilo que se pretende como um novo ciclo do clube.

Antes de ir direto ao assunto, permitam-me duas considerações: primeiro, sou daqueles que acredita que pouco se alcança sem honrar, por sistema, o património, sem recordar, por método, a História. Percebo o esforço que a atual direção do Benfica tem desenvolvido para trazer "de volta a casa" os seus notáveis - ainda no jogo que confirmou o título anunciado foi belíssima a ideia de encher a tribuna presidencial com antigos campeões encarnados, num quadro que valeu muito mais do que uma simples foto para o álbum de família. Depois, estou entre aqueles que sentem que Mantorras, 28 anos, é um mártir do futebol, um daqueles casos em que se concentrou num só homem tudo o que de mau podia acontecer, com eventuais erros médicos à mistura com precipitações próprias. Nessa medida, ele merecerá sempre o afeto, o carinho, a solidariedade dos adeptos do Benfica. Poderá, com o passar do tempo, ser mais um embaixador do clube. Não me parece, no entanto, que possa e deva continuar como atleta profissional do plantel benfiquista.

Sejamos claros: Mantorras não dispõe de condições físicas (nem psicológicas, que ninguém nas suas circunstâncias consegue ser bom juiz em causa própria) para competir com a concorrência. Isso era esbatido noutras épocas, quando o plantel encarnado não primava pela qualidade que mostra agora, mas é transparente hoje, num Benfica treinado por um homem que corta a direito rumo aos objetivos. Poderia Jorge Jesus ter convocado e utilizado Mantorras no jogo do título? Talvez - mas e se as circunstâncias exigissem a presença em campo de outro atleta, mais esclarecido, mais preparado, mais apto? A questão não vai deixar de se colocar assim, no futuro. Por mais cruel que pareça, uma chamada de Mantorras será sempre uma gracinha, uma jogada sentimental, um favor. É mau para ele. É péssimo para o clube. Por isso, percebo bem a troca das "campanhas". Antes pedia-se: "Deixem jogar o Mantorras". Agora é quase forçoso defender: "Deixem-no partir". Será sempre um mal menor para todos - e evitará conflitos, cujo prolongar levará a um preço pesado e incalculável.

Bruno Alves Brasileiro

Problema chamado Mantorras - Luís Avelãs

Nos últimos dias o nome de Mantorras voltou a ser notícia. Não pelas razões que o transformaram num dos futebolistas mais adorados pelos adeptos encarnados, mas porque, depois de ficar zangado com o facto de ter sido preterido na convocatória para o jogo do título do Benfica (não chegou a ser utilizado na Liga, o que oficialmente o impede de ser contabilizado com campeão), agora resolveu aproveitar uma viagem a Angola para, de forma directa, atirar-se a tudo e a todos.

O avançado africano está tão ressentido que, de enfiada, exigiu mais respeito, criticou o facto de Jorge Jesus só ter falado com ele três vezes em toda a temporada e ameaçou que, se não o quiserem na Luz, terá que receber todo o dinheiro a que tem direito até ao fim do seu contrato.

À primeira vista, a posição de Mantorras é completamente errada. Ao colocar-se em “bicos de pé”, o angolano dá a entender que pensa ser mais importante que o colectivo e nesse aspecto, naturalmente, está equivocado. Nem ele, nem ninguém, no Benfica ou noutro qualquer clube, pode considerar-se acima do todo. De que vale, por exemplo, ter o melhor jogador de um campeonato se, no final, a descida de divisão acontecer?

De resto, se é verdade que no título anterior dos encarnados, Mantorras podia chamar a si uma parte significativa do sucesso, desta vez não lhe cabe grande coisa. Aliás, a sua importância limitou-se ao espírito que transmitiu aos companheiros, ao contributo dado nos treinos, pois não marcou golos, nem foi utilizado um minuto que fosse.

Sempre gostei de ver o futebolista Mantorras. E faço parte do extenso lote de pessoas que, sem hesitar, acreditam que ele podia ter sido mesmo um caso sério no desporto-rei. Contudo, como todos sabem, a grave lesão no joelho deitou por terra essa possibilidade. Elogio imenso o esforço que o africano fez, vezes sem conta, para recuperar, para tentar voltar a ser quem era, para ajudar o clube que acreditou no seu potencial, para agradecer o apoio dos sócios e simpatizantes benfiquistas. Mas, sejamos honestos, Mantorras há muito que deixou de poder jogar, com regularidade, futebol ao mais alto nível. Esta é a crua realidade. E por muito que, através de declarações inflamadas, tente recuperar o seu espaço enquanto jogador... ele já não existe. Aliás, a sua recente argumentação só seria devidamente apoiada pelo adepto anónimo caso o Benfica continuasse a não ganhar.

Mantorras, já o disse e repito-o agora, teve muito azar na carreira, mas isso não é a mesma coisa que ter azar na vida. Por isso, de uma vez por todas, deve perceber que a melhor solução é trocar, quanto antes, a pele de futebolista pela de dirigente (embaixador do clube ou algo do género). Sempre ao serviço do Benfica.

Se optar pelo confronto com clube, por tentar manter a actividade enquanto jogador noutro lado, Mantorras corre o sério risco de se lesionar com gravidade outra vez, de ter meses e meses de recuperação pela frente e, pior, ficar sem ocupação a curto prazo. Valerá a pena arriscar tanto? Não me parece.

Cabe aos responsáveis do Benfica, que sempre optaram por esta situação dúbia de considerar Mantorras um jogador como os outros sabendo melhor que ninguém que ele era uma caso especial, sensibilizar o angolano. Explicar-lhe tudo o que está em causa e, de uma vez por todas, oferecer-lhe um cargo que seja adequado à sua condição física actual. E isso deve ser feito sem ser visto como um gesto de caridade, mas sim como uma obrigação moral. É que, independentemente dos seus feitos no relvaldo (e da estreita ligação com os adeptos), continuo a considerar que o processo da primeira operação (e respectiva recuperação) de Mantorras nunca foi devidamente explicado. E, se calhar, é bom que ninguém o queira explicar ao pormenor.

terça-feira, maio 18, 2010

RAP Queirós - João Querido Manha

Hi guys, Olá pessoal!
Eu sou o Carlos Queiroz
Treinador de Portugal
I got a feeling, um pressentimento!
Só nos falta entrosamento
O início foi mau, muito passe errado
Talento não se compra no supermercado
Não posso dizer que jogámos bem
Começámos nervosos, inseguros
Sem pontas-de-lança puros
Mas está tudo programado
Não temos medo de nada
Tivemos os jogos na mão
O árbitro não marcou penálti
Futebol é agonia, há noites assim
Contra a Dinamarca, 37 remates
E no fim só deu empate
Ficámos muito desiludido
No Brasil, golos patéticos
Derrota pesada, frustrações
O Quim não tem futuro, yooooooo
O Quim não tem futuro, yeaaahhh
Trocas de palavras azedas, empurrões
Correr com comentadores e jornalistas
Mas tudo normal com o Baptista
Pois são as más finalizações
Que me fazem cair o cabelo
Não conseguimos ganhar
Não sei como fazê-lo
Marcar golos e vencer
Se não alimentar a vaca
O leite vai secar
Ficaram cinco penáltis por marcar
Mas acredito que podemos lá chegar
Estamos a construir equipa sólida
A estratégia está montada
Para correr muito sem bola
E sentir-me realizado
Bastaram-me 45 minutos
Para ver que o Coentrão
Dava um belo lateral
E, olhem, nem estou a contar
Com o Pepe a defesa-central
Descobri no Simão
Bom intérprete do losango
João Moutinho uma encarnação
De caráter e talento
Sem espaço pelo regulamento
Liedson garante mais competência
Deco é uma referência
Eduardo o número um
Manuel Fernandes o lapso 51
Mas toda a minha esperança
É o Ronaldo fazer a diferença
O Quim não tem futuro, yooooooo
O Quim não tem futuro, yeaaahhh
Ganhámos motivação
Nem queria estar na pele dos albaneses
Olhem nos olhos deles,
Portugueses
Para verem a determinação
Grande coração
E também muita alma
Vitória arrancada a ferros
Cometemos muitos erros
Mas é preciso ter calma
É preciso sofrer
É preciso lutar
Correr com os talibãs
Que criticam a Seleção
Só volto a fazer a barba
Quando dois golos marcar
Nem que seja com ajuda
De Nossa Senhora de Nampula
Na Covilhã em altitude
Jogadores são gigantes
Com raça, entrega e atitude
Nalguns períodos brilhantes
Futebol sempre positivo
Muito consistente
Equipa serena e inteligente
Sabemos que o mais importante
É ganhar sem sofrer golos
Devemos sentir orgulho
Fazer estágio longe do barulho
Sem assobios nem lenços brancos
Quem não acredita fique em casa
Será diferente no Mundial
Vou mudar o chip mental
O Eriksson já comprou
Comprimidos para a dor
No Brasil, cada jogador
Vai ter um Dunga na cabeça
E que ninguém se esqueça
Que a Coreia corre todo o dia,
Nunca se cansa
Estamos no grupo da morte
Mas como nos mostrou a Bósnia
Levar três bolas no poste
Faz parte desta vida
Também é preciso sorte
Obrigado a quem confia
Se não fosse para ser campeão
Ter este sonho, esta ambição
De Manchester não saía
Só o Quim não tem futuro, yooooooo
Só o Quim não tem futuro, yeaaahhh

* Co-autoria virtual com o Professor Carlos Queiroz, verdadeiro criador dos versos, ao longo dos últimos dois anos e ao ritmo de altos e baixos como a Seleção que dirige.

Milagre?!

Imaginem o Sofrimento...

Este episódio já tem uns meses mas, sinceramente, só agora tive conhecimento da sua ocorrência e, mesmo não sendo “fresquinho” (o que pode fazer com que não seja novidade para muitos), parece-me suficientemente interessante para merecer alguma atenção.

Em Outubro passado, aquando da realização do embate Real Madrid-AC Milan, respeitante à Liga dos Campeões, a Heineken – um dos patrocinadores oficiais da competição – resolveu levar a efeito uma acção verdadeiramente inovadora. Em traços gerais, a ideia passou por convencer cerca de mil adeptos do clube italiano a não assistir à transmissão da partida. Mas, como fazer isso? Pois, recorrendo ao auxílio de chefes, namoradas e professores que, cada qual inventado a sua desculpa, tratou de empurrar os amantes do futebol para uma entusiasmante sessão de música erudita.

O que os homens em causa não sabiam é que tudo isso não passava de uma armadilha e que, depois de alguns minutos de sofrimento, iriam acabar por ver o encontro.

A ideia, notável, acabou por ser difundida na televisão e apreciada por milhões de pessoas. Se, tal como eu, só agora teve conhecimento desta “novela”, assista ao vídeo porque, sem dúvida, vale mesmo a pena - Luís Avelãs

segunda-feira, maio 17, 2010

Paciência de Jó

Benfica (não) pode perder 9 pontos - Artigo de Opinião de António Magalhães

BENFICA PODE PERDER 9 PONTOS .

Alan Kardec jogou em 3 clubes numa só época!!

Esta notícia tem sido abafada por toda a comunicação social por forma a não tirar ao "melhor Benfica dos últimos 30 anos" o título de campeão nacional.

A verdade é que Alan Kardec, jogador brasileiro de 21 anos contratado pelo Benfica em janeiro, participou ilegalmente em três jogos do campeonato nacional da presente época e por isso o Benfica deverá ser penalizado com a perda de 9 pontos.

O que se passa é simples:

* O último jogo de Alan Kardec pelo Vasco da Gama foi no dia 29-08-2009;
* Alan Kardec fez o seu último jogo pelo Internacional a 01-11-2009;
* Alan Kardec jogou o seu primeiro jogo pelo Benfica no dia 24-01-2010.

O artigo 5º do Estatuto e transferência de Jogadores da FPF é claro no que diz respeito a estes casos e diz:
III. INSCRIÇÃO DE JOGADORES

Artigo 5º Inscrição

1. Um jogador tem de estar inscrito numa Federação para poder jogar por um clube, quer como profissional quer como Amador, de acordo com as disposições do artº 2º. Apenas os jogadores inscritos são qualificáveis para participar no Futebol Federado. Pelo acto de se inscrever, o jogador aceita respeitar os Estatutos e a regulamentação da FIFA, das confederações e das Federações.

2. Um jogador só pode estar inscrito por um clube de cada vez.

3. Os jogadores podem ser inscritos por um máximo de três clubes durante o período compreendido entre 1 de Julho e 30 de Junho do ano seguinte. Durante este período, o jogador só é qualificável para participar em jogos oficiais por dois clubes.»

Casos semelhantes como o de Meyong no Belenenses ou o tão célebre caso Mateus, que levou o Gil Vicente a descer de divisão, tiveram grande impacto mediático e graves consequências para os visados.

Não podemos ficar indiferentes a esta vergonha... Passa a mensagem para que todo o país saiba o que a comunicação social está a abafar.

Fica o esclarecimento:

A comunicação social não está a abafar nada. Acontece que há muito a FIFA fez a distinção entre campeonatos (e épocas) de diferentes confederações o que permite que um jogador que tenha atuado por dois clubes possa ser inscrito e alinhar por um terceiro num campeonato cujo calendário não seja coincidente. É o caso de Kardec e do Brasil. Por isso, nada de ilegal.

Artigo de Opinião de Carlos Daniel - A derrota que dói

Jorge Jesus construiu mesmo o melhor Benfica em mais de 20 anos, com vantagem estatística em todos os itens da Liga Sagres (por exemplo, mais 30 golos marcados que o Sporting de Braga). Luís Filipe Vieira bem pode aplicar todo o engenho em segurar o treinador, que foi de Jesus o toque de Midas que transformou vermelho em ouro.

E esta foi mais que uma vitória para o Benfica, foi mesmo "a" vitória. Porque categórica, ao contrário da de Trapattoni em que houve essencialmente demérito da concorrência, mas também porque indispensável ao projeto de Vieira que tão questionado era no quente momento pré-eleitoral do ano passado. Internamente, a oposição apagou-se ao ver o Benfica vencer (vencer), Rui Costa está regenerado e Vieira surge como o homem que acabou por ter razão. No futebol só se tem razão quando se ganha.

Por isso ninguém tem razão no Sporting e no Porto este ano.
E a análise do fracasso dos rivais tem de ser indexada, a meu ver em primeira lugar, ao sucesso do Benfica. O Sporting, com uma estrutura mais frágil e um plantel de inferiores soluções, foi o primeiro a sofrer com o arranque fulgurante do rival de sempre.

Paulo Bento admitiu-o na hora da saída. Carlos Carvalhal sofreu com isso e nem a grande dignidade demonstrada impediu uma desvantagem histórica de 28 pontos.
OFC Porto demorou a acreditar que este Benfica era diferente. O estado de negação foi evidente e foi fatal. Notou-se no discurso dos jogadores (que diziam não ver os jogos do rival), dos principais comentadores clubistas (que vaticinaram durante largos meses a queda da equipa de Jesus) e até de Pinto da Costa (que identificou o Braga como grande adversário do Porto).

Foi uma sucessão de erros de quem estava habituado a ter razão no fim. Até Jesualdo Ferreira, quando disse que este ano lhe ia dar mais gozo ganhar, alinhou nessa presunção resultante do hábito de que acabaria por ganhar. Que de facto, no futebol, só se tem razão quando se ganha. Quem ganha festeja e quem perda justifica e este ano inverteram-se os papéis. Precisamente no ano em que o Benfica tinha gasto a última reserva dos seus imaginativos financiamentos (com o fundo de jogadores). É isso que mais deve doer a Pinto da Costa. Sentir que falhou a estocada final no adversário de uma vida. Sem esta vitória o Benfica de Vieira poderia estar moribundo. Com ela está forte como nunca.

P.S. Carlos Queiroz escolheu todos os jogadores essenciais - dos que dei aqui como certos não falhei nenhum - mas cometeu erros (Daniel Fernandes é flagrante) nas opções alternativas. Afinal, um pouco como noutros tempos, Quim e Carlos Martins - que deviam estar nos eleitos e nem nos 6 suplentes surgem - estavam mesmo riscados à partida, e o mérito teve menos peso que o anunciado. É o que diz o esquecimento dos dois citados mas também de Daniel Carriço, Ruben Amorim ou Nuno Assis

Artigo de Opinião de Daniel Oliveira

Se eu fosse selecionador de bancada diria que ainda estou aqui às voltas com os guarda-redes escolhidos por Queiroz. Que a falta de Moutinho, Ruben Amorim, Carlos Martins ou Quim me deixam baralhado. Que a presença de Duda, Ricardo Costa e Zé Castro não é muito clara para mim. Que me parece que a lógica de Queiroz desafia a lógica. A ideia parece ser escolher quem tem de provar o que vale para garantir o esforço. Não sei se acredito na estratégia.

Mas não sou selecionador de bancada (OK, acabei de ser um bocadinho). E confesso que neste momento a minha preocupação em relação ao Mundial é outra. E vai parecer um pouco estranho escrever isto num jornal desportivo. O que me assusta é que depois de uma festa (merecida) do Benfica que juntou milhares nas ruas, de uma visita papal que deixou o país sem trabalhar durante um dia e meio, venha, sem pausa, um mês e meio a olhar para África do Sul.

Não sou dos que acha que quando as coisas estão mal temos de nos fechar em casa a curtir a depressão. Por estas alturas precisamos de alegrias. Mas uma coisa é guardar algum tempo para descomprimir, outra é usar o divertimento para não pensar.

Serei o último a tratar o futebol como coisa de alienados. Adoro, como sabem, essa doce alienação. Mas no meio de tanto jogo e missa, seria bom arranjarmos um intervalo para pensar no que nos espera fora dos estádios e das igrejas. E quem veja os telejornais fica a pensar que não vivemos um dos momentos mais importantes das últimas três décadas. Com papas e golos se podem enganar muitos tolos. Por isso, vamos gozar a festa da África do Sul, mas sabendo que só começa no final de junho.

domingo, maio 16, 2010

Entrevista com Luís Filipe Vieira - "Vamos ter Benfica mais forte"

Ui, que Azia ou Recordar é Viver

«A contratação do Saviola é igual à do Aimar no ano passado. Se fossem mesmo bons, se estivessem na parte boa da carreira, não vinham para o Benfica. Quero descobrir novos talentos, jogadores que possam dar tudo pelo Benfica e não acabar a carreira e passar férias. (…) Com estes jogadores, o Benfica vai fazer uma grande figura no Torneio do Guadiana».

Bruno Carvalho, candidato à presidência do Benfica, 27 de Junho de 2009.

«A aposta em Saviola faz lembrar a do ano anterior em Aimar: jogadores que já tiveram nome e que por isso são pagos caro e com elevadíssimos ordenados, mas que há vários anos não passam do estatuto de suplentes de luxo em Espanha.»

Miguel Sousa Tavares, 7 de Julho de 2009.

«(…) não vejo ninguém [no plantel do Benfica], nem o Luisão, que desperte o interesse de um clube disposto a pagar dinheiro que se veja (…). Eu, pessoalmente, não quereria, para o plantel do FC Porto, um só dos que constituem o do Benfica. Um só.»

Miguel Sousa Tavares, 30 de Junho de 2009, referindo-se ao plantel do Benfica da época transacta, que incluía nomes como Di Maria, David Luiz ou Cardozo, para dar apenas três exemplos de jogadores sem qualquer valor de mercado.

«O Benfica, quando bem pressionado no meio-campo, torna-se frágil».

António Tavares-Teles, 23 de Setembro de 2009.

«Adivinho, pois, um Benfica crescentemente impaciente, para dentro e para fora, a protestar contra tudo e todos quando as coisas não lhe correrem de feição e convencido, como de costume, que lhe basta alinhar vedetas como Aimar ou Saviola ou outras tidas como tais, para que o mundo lhe caia aos pés e todos se disponham a prestar-lhe vassalagem.»

Miguel Sousa Tavares, 30 de Junho de 2009.

«[Jorge Jesus] (…) estreou-se no comando dos encarnados com um empate frente à modesta equipa do Sion. (…) Relevante não foi (…) o empate frente aos suíços, mas as declarações de Jorge Jesus, após o jogo. Disse ele que vai ser muito difícil «travar este Benfica». Porquê, é que não entendi: por que razão uma equipa que, mesmo com todas as desculpas e atenuantes, tinha acabado de ser travada pelo Sion, há-de ser muito difícil de travar… por um FC Porto, por exemplo?»

Miguel Sousa Tavares, 14 de Julho de 2009. Quem nos dera que o mundo respondesse a todas as nossas inquietações com a mesma eloquência com que se encarregou de responder a esta.

«O Benfica em grande euforia. O novo treinador está satisfeitíssimo e confiante, e garante que ninguém será, doravante, capaz de travar a sua equipa. Os adeptos rejubilam com as boas novas, os jornalistas excitam-se com as exibições e encantam-se com Jesus e com a sua prosápia. Tudo isto é habitual e vulgar. Afinal, é preciso vender jornais, há seis milhões de almas que desesperam por boas notícias e, mais não seja para sairmos da crise, não se lhes pode retirar a esperança durante os meses de verão.»

Rui Moreira, 17 de Julho de 2009.

«(…) há, no mínimo, algum exagero relativamente às conquistas encarnadas.

Uma nota para o Sporting, que tem sido muito desvalorizado mas conseguiu, para já, o seu primeiro objectivo a caminho da Liga dos Campeões. Paulo Bento tem sabido concorrer com menos argumentos e, por isso, tenho a certeza que a sua equipa estará, certamente também, na corrida ao título nacional.»

Rui Moreira, 7 de Agosto de 2009. É incrível que, com esta capacidade para analisar o fenómeno futebolístico, Rui Moreira tenha o seu espaço reduzido a um programa de televisão e a uma coluna de jornal. Para quando uma rubrica na rádio?

«(…) a equipa [do Benfica] parece acusar o esforço prematuro do princípio da época».

Rui Moreira, 18 de Dezembro de 2009.

«Durante muito tempo, achei (…) que, com túnel ou sem túnel, o Benfica merecia ganhar este campeonato, porque era a equipa que melhor jogava (…). Mas a verdade é que um campeonato não são 15, nem 20, nem 25 jornadas: são 30 e o saldo final deve-se fazer às 30. E, no último terço do campeonato, desapareceu aquele Benfica que jogava mais e melhor.»

Miguel Sousa Tavares, 11 de Maio de 2010.

«(…) para grande irritação de alguns portistas, reafirmo, uma vez mais, os elogios que tenho feito, desde o início da época, ao futebol jogado pelo Benfica.»

Miguel Sousa Tavares, 23 de Março de 2010. Ou seja, já durante o último terço do campeonato.

Arquive-se!

P.S.: Algumas estatísticas curiosas deste campeonato: Weldon termina a prova com cinco golos marcados, exactamente o mesmo número de golos obtidos pelo super-hiper-ultra-extraordinário Givanildo, embora o super-hiper-ultra-extraordinário Givanildo tenha jogado mais 1091 minutos que Weldon, ou seja, o equivalente a um pouco mais de 12 jogos.

Nas jornadas em que pôde contar com o super-hiper-ultra-extraordinário Givanildo, o Porto perdeu três jogos e empatou dois. No período em que o super-hiper-ultra-extraordinário Givanildo esteve castigado só por ter participado num espancamento, o Porto perdeu apenas um jogo e empatou três. Em resumo, o Porto com Givanildo perdeu 13 pontos; sem Givanildo perdeu apenas 9. Maldita Comissão Disciplinar da Liga!

Jorge Jesus acaba o campeonato na dupla qualidade de campeão e vice-campeão, como autor material do título do Benfica e autor moral do segundo lugar do Braga, clube no qual foi o último treinador a vencer um título, a Taça Intertoto.

Miguel Sousa Tavares, em quem as exibições da equipa de futebol do Porto têm feito despertar um profundo amor pelo ténis, resumiu muito bem o último fim-de-semana desportivo. Fez referência à boa prestação de Frederico Gil no Estoril Open e anunciou a atribuição da Bola de Prata Imaginária a Falcao — cerimónia que não teve a cobertura noticiosa que merecia: uma vez que MST persiste em chamar Radomel a um desgraçado que se chama Radamel (logo ele, que é tão sensível com os nomes próprios), pela primeira vez na história um jogador que não existe venceu um troféu de fantasia, o que coloca dificuldades filosóficas extremamente interessantes. Mas, muito provavelmente por modéstia, MST não incluiu na lista de vitórias do fim-de-semana o troféu que o Porto ganhou: a Taça Rennie. Do ponto de vista digestivo é irónico que um campeonato ganho sem recurso à indigesta mistura de café com leite, rebuçadinhos e fruta tenha, ainda assim, causado tanta azia.

Belo Cartoon

A perdição de Karim Benzema, Frank Ribéry e Sidney Govou...

Artigo de Opinião de João Rui Rodrigues - Jesus ainda ganha menos que Camacho e Quique

Com a renovação contratual que celebrou na noite de quinta-feira, Jorge Jesus passou a ter o ordenado mais elevado desde que começou a carreira de treinador, mas ainda longe de outros técnicos que passaram pela Luz e que não tiveram sucesso.
Com o novo contrato, o treinador do Benfica passará a ganhar cerca de 1 milhão de euros por ano, o dobro dos 500 mil que auferiu no primeiro ano de águia ao peito e também em Braga.
Mesmo assim, Jesus continua a ganhar menos que José Antonio Camacho ou Quique Flores que tinham salários de 1,5 milhões por época, os mais altos já alguma vez pagos no Benfica. E mesmo com “aumento de campeão”, Jesus continua a ganhar menos que Jesualdo Ferreira e pouco mais que aquilo que Paulo Bento no Sporting. E continua também distante de Carlos Queiroz que no comando da Selecção portuguesa recebe o chorudo ordenado de 1,3 milhões por temporada.

Felizmente, Jesus não canta...

Artigo de Opinião de Alexandre Pais - Benfica, o poder da marca encarnada

O que une a TAP, a água do Luso, os CTT, as cervejas Sagres e Super Bock, a RTP, os cafés Delta, a Caixa Geral de Depósitos, o atum Bom Petisco ou o Correio da Manhã ao Benfica? São tudo marcas de grande projecção nacional, talvez as maiores, tão conhecidas dos portugueses como as palmas das suas mãos. Mas há uma, e só uma, capaz de mobilizar clientes, aos milhares, mesmo aos milhões, por todos os cantos do mundo – e essa marca, goste-se ou não, ame-se ou odeie-se o fenómeno desportivo e particularmente o futebolístico, chama-se Sport Lisboa e Benfica.

Estive há dias em Cabo Verde e fui uma vez mais confrontado com uma dura realidade: de um lado, a abastança dos turistas que, tudo tendo, se dão ao luxo de tudo desperdiçar e, do outro, a extrema pobreza dos empregados, que pouco têm. Esse contraste torna-se ainda mais chocante num resort de regime tudo incluído, em que a toda a hora se estraga comida como se de um bem excedentário se tratasse.

Os trabalhadores do hotel, algumas centenas de privilegiados numa ilha pobre e com escasso emprego, moram em casas modestíssimas no interior inóspito e desinfraestruturado. E ao largarem os seus turnos de serviço são rigorosamente revistados, estando impedidos de transportar qualquer alimento para fora das instalações patronais.

Tentei saber as razões de tão absurda proibição e um quadro superior da unidade, a título privado, deu-me uma pequena lição de gestão hoteleira. Quando se deixa o pessoal levar a comida em excesso para casa, a tendência é para ir garantindo sobras cada vez maiores, escondendo-as na cozinha e não as colocando à disposição dos hóspedes. E então lá se vai a fartura e a qualidade de vida, os clientes fogem, o negócio arruina-se e as barrigas, que generosamente se compuseram, ficam desempregadas. Triste lógica, esta.

Os contactos com os turistas estão também condicionados. Simpatia, respostas afáveis, mas inexistência de iniciativa dos locais para iniciar uma conversa. Assim, só por acaso a minha filha conseguiu falar com uma jovem cabo-verdiana, que trabalhava nos quartos e que aproveitou a ausência da supervisora para pedir: “Tu é que me podias mandar, de Lisboa, umas roupas para o meu filho, que tem 5 anos. Ele anda bem arranjado, mas eu queria umas coisas mais bonitas, que tu tens lá em Portugal. Amanhã, dou-te euros...”

O pedido foi imediatamente aceite: “OK, mas guarda o teu dinheiro.” Faltava um pormenor: “Compra-me ainda, para o miúdo, uma camisola do Benfica, em casa somos todos Benfica.” E desabotoou a farda, exibindo uma camisola encarnada com a marca registada que desconhece fronteiras.

Artigo de Opinião de Luís Avelãs - Quim: problema é o futuro...

Estava disposto a não "mexer" mais na questão da lista de convocados para o Mundial, até porque, como já referi, só um caso me parece verdadeiramente incompreensível, embora não subscreva mais duas-três opções. De resto, estejamos de acordo ou não, o seleccionador fez as escolhas e será com os seus eleitos que Portugal irá tentar brilhar na África do Sul. Eu, mais uma vez, quero acreditar que é possível conseguir algo de significativo. Aliás, mesmo olhando com tremenda desconfiança para o "ranking" da FIFA (tenho dificuldade em entender a lógica de funcionamento), seria irracional não considerar a terceira colocada uma das candidatas a fazer boa figura na prova.

Volto, então, ao tema da convocatória, porque Carlos Queiroz, durante a conferência de imprensa que marcou o arranque do estágio na Covilhã, fez questão de explicar as razões da ausência de Quim. E depois de ouvir as suas palavras fiquei ainda mais atónito por o guarda-redes do Benfica não constar na lista dos três melhores do país, nem na dos quatro, pois convém não esquecer que depois de Eduardo, Beto e Daniel Fernandes, o treinador escalou ainda como suplente Rui Patrício.

Queiroz disse que "Quim é um excelente profissional". Ao afirmar isto deitou por terra a tese de que o afastamento poderia estar relacionado com algo que se passou fora do campo. Assim, e sabendo que foi a partir da goleada sofrida no particular no Brasil que o titular benfiquista deixou de ser eleito, o técnico dá a entender que a decisão é meramente técnica. Ainda bem. Todavia, nem por isso concordo. Longe disso.

"O Quim tem presente pelas qualidades e tudo o que fez no Campeonato, mas tem menos futuro. Por isso fiz esta opção. Na área dos guarda-redes, os que escolhi dão-me garantias de que no presente são excelentes profissionais e jogadores com competência para estar na Selecção e reconheço em todos grande margem de manobra para o futuro", comentou Queiroz.

Não coloco em causa o valor dos eleitos e aceito que possuem todos margem de progressão. Todavia, não posso concordar que seja uma previsão de futuro a deixar Quim de fora no presente. Sempre pensei (e com Queiroz ainda mais) que à Selecção iriam os melhores em cada momento e em relação a isso, dando de barato que Eduardo possa ser melhor (não me parece), recuso ver Beto e Daniel Fernandes como valores mais seguros nesta altura. Não jogaram tanto esta época, não estiveram expostos a tanta pressão, não possuem uma experiência acumulada similar (na Selecção, nos clubes ou nas competições internacionais) e não têm um passado parecido nas equipas nacionais.

Ao agarrar-se a este estranho argumento, Queiroz deixa espaço para ser ainda mais criticado. Por exemplo, não estando em causa o valor (e a importância na equipa) de Deco, a verdade é que o seu presente não é famoso e o futuro depois do Mundial, independentemente de onde jogar e da sua forma, já não estará ligado à Selecção. Contudo, nem por isso (e bem, pois não se vislumbram alternativas tão sólidas) ficou de fora. O mesmo também se poderá aplicar a Liedson, pois custa admitir que o avançado leonino (que fez uma temporada sofrível, talvez a menos exuberante desde que chegou a Portugal) esteja nas devidas condições para, em caso de qualificação, marcar presença no Europeu de 2012, quando estiver a caminho dos 35 anos. Mesmo assim (e novamente bem), o avançado está nos eleitos. E está porque, hoje em dia, tem valor para isso. Amanhã logo se vê, pois a convocatória para o primeiro jogo pós-Mundial ainda não deve estar feita, embora se saiba que Quim não irá fazer parte dela...

quinta-feira, maio 13, 2010

David Luiz, comprate questo fenomeno!

Niente di futuribile, questa volta. Nessun prospetto in evoluzione, nessun baby fenomeno destinato a diventare negli anni uno dei protagonisti assoluti del calcio mondiale.
Il profilo di oggi è più un allarme, relativo al talento assolutamente straordinario di un giocatore che tutta Europa apprezza e che l'Italia non può lasciarsi sfuggire senza almeno concedere l'onore delle armi.
Abbiamo imparato da tempo, ormai, a sconfiggere pregiudizi vari riguardanti ruoli associati a nazionalità. Non è raro vedere brasiliani disimpegnarsi alla grande in difesa, piuttosto che in porta, spesso con risultati anche migliori rispetto a quelli dei loro pari ruolo europei. Soprattutto nell'ottica di un calcio votato all'attacco, un calcio totale di cui (lo avrete capito) chi vi scrive è sostenitore accanito, è indispensabile non concedere nessun giocatore in nessuna delle due fasi all'avversario, rendendo dunque assolutamente indispensabile che chiunque possa disimpegnarsi praticamente con la stessa abilità sia nell'atto di offendere che in quello di difendere. Troppo banale, ma sicuramente utile anche ai profani, può essere l'esempio dell'Inter di Mourinho e della rivoluzione che il tecnico portoghese ha apportato allo stile di gioco nerazzurro, in cui i centravanti fungono da primi terzini quando la squadra subisce l'iniziativa avversaria, ed in cui i centrali difensivi (Lucio è un maestro in questo) sono i primi a dare il là alle più ficcanti ripartenze.
Giocatori con questo genere di mentalità risultano assolutamente fondamentali per il successo a grandissimi livelli, ed il protagonista di questo articolo incarna perfettamente quello che chi ama questo tipo di football non può che considerare come il prototipo del difensore del futuro.
David Luiz Moreira Marinho è reduce dallo strepitoso successo in campionato del Benfica. Le aquile di Jorge Jesus, paragonato in patria (frettolosamente, c'è da dire) a Josè Mourinho, sono ritornate al successo dopo l'exploit firmato Giovanni Trapattoni, mettendo però in pratica un calcio molto piacevole ed armonioso, eseguibile solo da interpreti dediti al sacrificio da un lato, e dall'altro dotati di qualità superiori.
David Luiz, come anticipato, è uno degli assoluti protagonisti di questa squadra, è il perno del reparto arretrato delle Aguias, incarnando il suo ruolo in una maniera talmente unica da renderlo quasi indefinibile.
Difficile da decifrare dove finisca lo stopper e dove inizi il playmaker, in virtù di un abbinamento strepitoso di fisicità, tecnica e visione di gioco che, associate ad un atletismo da purosangue, ne fanno uno degli emblemi del calcio moderno.
La sua favola inizia, come spesso accade nei futuri protagonisti della SuperLiga portoghese, dal Brasile. David Luiz nasce infatti a Diadema, nello stato di San Paolo, il 22 aprile del 1987. Inizia presto ad interessarsi di calcio, tanto fin da bambino viene inserito nei quadri giovanili del Vitoria, club di Salvador de Bahia, club con cui a soli 16 anni firma il suo primo contratto da calciatore professionista.
Con la casacca dei Leao da Barra inizia una parabola inarrestabile, lanciato dalla lungimiranza di Renè Simoes, che lo colloca dapprima sulla fascia sinistra della difesa, ruolo in cui vengono affinate le sortite offensive del ragazzo, per poi impiegarlo principalmente come centrale difensivo, posizione in cui il suo talento verrà definitivamente consacrato.
Seguono le prime convocazioni nelle nazionali brasiliane di categoria, in particolare con l'Under 20 verdeoro, che gli consente di partecipare al Sudamericano 2007 in Paraguay, e di dare ampia risonanza alle sue prestazioni anche in Europa.
Il più lesto ad approfittarne è dunque il Benfica che, prima con un prestito semestrale, poi con un acquisto a titolo definitivo, concede la fiducia e le cure necessarie affinche il germoglio possa sbocciare in uno dei più bei fiori del calcio mondiale.
I paragoni illustri non tardano ad arrivare, si va da Lucio a Nesta, scomodando comunque il clichè del difensore moderno e totale. Il suo metro e 89 centimetri, abbinato agli 89 chili di muscoli gli permettono di non sfigurare nemmeno nell'uno contro uno e nella marcatura a uomo (retrò ma sempre necessaria), completando una gamma di caratteristiche impossibile da non notare.
Pensiero peraltro condiviso dai maggiori club europei, Barcellona in testa, che da un paio di stagioni hanno iniziato a bussare con insistenza sempre maggiore alle porte dell'Estadio Da Luz.
Servono soldi, ne servono tanti, ma uno così deve essere preso. Per forza.