Se eu fosse selecionador de bancada diria que ainda estou aqui às voltas com os guarda-redes escolhidos por Queiroz. Que a falta de Moutinho, Ruben Amorim, Carlos Martins ou Quim me deixam baralhado. Que a presença de Duda, Ricardo Costa e Zé Castro não é muito clara para mim. Que me parece que a lógica de Queiroz desafia a lógica. A ideia parece ser escolher quem tem de provar o que vale para garantir o esforço. Não sei se acredito na estratégia.
Mas não sou selecionador de bancada (OK, acabei de ser um bocadinho). E confesso que neste momento a minha preocupação em relação ao Mundial é outra. E vai parecer um pouco estranho escrever isto num jornal desportivo. O que me assusta é que depois de uma festa (merecida) do Benfica que juntou milhares nas ruas, de uma visita papal que deixou o país sem trabalhar durante um dia e meio, venha, sem pausa, um mês e meio a olhar para África do Sul.
Não sou dos que acha que quando as coisas estão mal temos de nos fechar em casa a curtir a depressão. Por estas alturas precisamos de alegrias. Mas uma coisa é guardar algum tempo para descomprimir, outra é usar o divertimento para não pensar.
Serei o último a tratar o futebol como coisa de alienados. Adoro, como sabem, essa doce alienação. Mas no meio de tanto jogo e missa, seria bom arranjarmos um intervalo para pensar no que nos espera fora dos estádios e das igrejas. E quem veja os telejornais fica a pensar que não vivemos um dos momentos mais importantes das últimas três décadas. Com papas e golos se podem enganar muitos tolos. Por isso, vamos gozar a festa da África do Sul, mas sabendo que só começa no final de junho.
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