Estava disposto a não "mexer" mais na questão da lista de convocados para o Mundial, até porque, como já referi, só um caso me parece verdadeiramente incompreensível, embora não subscreva mais duas-três opções. De resto, estejamos de acordo ou não, o seleccionador fez as escolhas e será com os seus eleitos que Portugal irá tentar brilhar na África do Sul. Eu, mais uma vez, quero acreditar que é possível conseguir algo de significativo. Aliás, mesmo olhando com tremenda desconfiança para o "ranking" da FIFA (tenho dificuldade em entender a lógica de funcionamento), seria irracional não considerar a terceira colocada uma das candidatas a fazer boa figura na prova.
Volto, então, ao tema da convocatória, porque Carlos Queiroz, durante a conferência de imprensa que marcou o arranque do estágio na Covilhã, fez questão de explicar as razões da ausência de Quim. E depois de ouvir as suas palavras fiquei ainda mais atónito por o guarda-redes do Benfica não constar na lista dos três melhores do país, nem na dos quatro, pois convém não esquecer que depois de Eduardo, Beto e Daniel Fernandes, o treinador escalou ainda como suplente Rui Patrício.
Queiroz disse que "Quim é um excelente profissional". Ao afirmar isto deitou por terra a tese de que o afastamento poderia estar relacionado com algo que se passou fora do campo. Assim, e sabendo que foi a partir da goleada sofrida no particular no Brasil que o titular benfiquista deixou de ser eleito, o técnico dá a entender que a decisão é meramente técnica. Ainda bem. Todavia, nem por isso concordo. Longe disso.
"O Quim tem presente pelas qualidades e tudo o que fez no Campeonato, mas tem menos futuro. Por isso fiz esta opção. Na área dos guarda-redes, os que escolhi dão-me garantias de que no presente são excelentes profissionais e jogadores com competência para estar na Selecção e reconheço em todos grande margem de manobra para o futuro", comentou Queiroz.
Não coloco em causa o valor dos eleitos e aceito que possuem todos margem de progressão. Todavia, não posso concordar que seja uma previsão de futuro a deixar Quim de fora no presente. Sempre pensei (e com Queiroz ainda mais) que à Selecção iriam os melhores em cada momento e em relação a isso, dando de barato que Eduardo possa ser melhor (não me parece), recuso ver Beto e Daniel Fernandes como valores mais seguros nesta altura. Não jogaram tanto esta época, não estiveram expostos a tanta pressão, não possuem uma experiência acumulada similar (na Selecção, nos clubes ou nas competições internacionais) e não têm um passado parecido nas equipas nacionais.
Ao agarrar-se a este estranho argumento, Queiroz deixa espaço para ser ainda mais criticado. Por exemplo, não estando em causa o valor (e a importância na equipa) de Deco, a verdade é que o seu presente não é famoso e o futuro depois do Mundial, independentemente de onde jogar e da sua forma, já não estará ligado à Selecção. Contudo, nem por isso (e bem, pois não se vislumbram alternativas tão sólidas) ficou de fora. O mesmo também se poderá aplicar a Liedson, pois custa admitir que o avançado leonino (que fez uma temporada sofrível, talvez a menos exuberante desde que chegou a Portugal) esteja nas devidas condições para, em caso de qualificação, marcar presença no Europeu de 2012, quando estiver a caminho dos 35 anos. Mesmo assim (e novamente bem), o avançado está nos eleitos. E está porque, hoje em dia, tem valor para isso. Amanhã logo se vê, pois a convocatória para o primeiro jogo pós-Mundial ainda não deve estar feita, embora se saiba que Quim não irá fazer parte dela...
1 comentário:
É por demais evidente que o argumento apresentado por Queirós não constitui o verdadeiro motivo da "sua" decisão... existem interesses e talvez motivos de outra ordem por trás disto e isso é grave!
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