À alta competição estão associados muitos requisitos que implicam ter nervos de aço. Um atleta profissional deve estar preparado para uma prática desportiva intensa e exigente do ponto de vista físico e mental, uma vez que os desafios que lhe são colocados colocam à prova várias capacidades que não se limitam ao talento. Mas não é suposto que um jogador tenha que estar preparado para atuar num cenário de guerra. Foi porém esta atmosfera que se criou para o clássico.
Bolas de golfe, isqueiros, telemóveis. Estes são alguns objetos que ficam para recordação do FC Porto-Benfica. O diretor de comunicação dos encarnados, João Gabriel, levou consigo pelo menos uma bola de golfe, conforme fez questão, aliás, de mostrar na conferência de imprensa após o jogo. O restante material terá sido recolhido para memória futura ou qualquer outra utilidade cujos fins por enquanto se desconhecem.
O FC Porto não apreciou as denúncias benfiquistas (como se o país inteiro não tivesse visto e fosse preciso fazê-lo) e num comunicado ontem emitido recordou tragédias, dramas e agressões para envolver o seu rival. No fundo estava o túnel e as suas queixas de que o campeonato ficou ferido na sua verdade desportiva.
É altamente preocupante a escalada de violência - verbal e física – que envolve os jogos que opõem o FC Porto ao Benfica numa rivalidade que não se confina ao futebol e que há muito deixou de ser saudável. Cada vez que se defrontam, os dois clubes atuam em autênticos estádios de ódio que, afinal, apenas refletem o nível que atingiu a relação entre os dois emblemas e muito particularmente os dois presidentes.
Perante a incapacidade dos dirigentes dos clubes em contrariar a tendência desta espiral de violência e o contributo de certos comentadores que alimentam a fogueira com insinuações em nome dos interesses dos clubes que representam, só há uma saída: introduzir no regulamento disciplinar castigos pesados (e não meras multas) para atos de violência nos estádios. Talvez assim, todos aprendam.
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