Após 8 anos de invencibilidade em jogos a contar para as fases de qualificação de europeus e/ou mundiais, a derrota surgiu.
E surgiu de forma clara e indiscutível, infelizmente.
Portugal nunca se encontrou ao longo do jogo.
Foi sempre uma equipa sem dinâmica, sem chama, sem agressividade, sem fio de jogo e sem ligação entre os sectores.
Para além de ter incorrido em erros defensivos crassos e infantis.
Tal como havia sucedido frente à Finlândia, o discurso pouco ambicioso ou realista, conforme se queira encarar a questão, de Scolari determinou de sobremaneira a postura da equipa nacional.
Portugal apresentou uma alteração no onze em relação ao jogo com o Azerbaijão, a saber Petit no lugar de Maniche.
E não se pode dizer que a equipa tenha ganho alguma coisa com a troca. Antes pelo contrário, perdeu e não foi pouco.
Desde logo, acentuou o carácter defensivo da equipa, cerceando-lhe a capacidade de empreender transições ofensivas rápidas.
O processo defensivo embora haja sido numericamente reforçado, emergiu, na prática, enfraquecido pela confusão que a colocação de dois pivots à frente da defesa criou na equipa.
A coexistência em zonas demasiado próximas dos centrais e dos trincos conduziu a uma confusão de papéis, que levou a que, na maior parte das situações, nenhum daqueles ocupasse a posição que lhe estava destinada.
Foi, assim, que surgiu o primeiro golo polaco.
Alinhando com dois pivots defensivos não é admissível que possa aparecer um jogador solto na zona frontal sem qualquer tipo de marcação.
Costinha e Petit estavam tão recuados que os Ricardos se posicionavam na zona da pequena área, criando-se, deste modo, uma imensa terra de ninguém à entrada da grande área portuguesa.
Começava mal Portugal, ainda para mais dado que o golo polaco importava uma consequente alteração da estratégia pensada para o jogo.
Quando uma equipa é chamada a repensar o seu modelo de jogo tão cedo, por via de regra, não o consegue.
Assim aconteceu com Portugal.
É muito difícil alterar a mentalidade, a predisposição de uma equipa com o jogo a decorrer.
Volvidos 8 minutos, novo balde de água fria.
Uma incompreensível e a roçar o ridículo falha de Ricardo Rocha a meio-campo, permitiu à Polónia lograr o 2-0.
Estava traçado o fado da partida.
Se a equipa já se mostrava intranquila e destituída de confiança, ainda mais se agravou tal estado de espírito.
Desprovido de qualquer inspiração individual e sem capacidade para actuar colectivamente, Portugal pouco ou nada conseguiu reagir aos golos polacos.
Não que a Polónia se achasse a realizar exibição de monta, mas o simples aproveitamento dos erros lusos permitia-lhe controlar, por inteiro, o jogo.
Aliás, o modelo de jogo polaco assentava numa forte consistência defensiva, procurando explorar eventuais erros portugueses.
Expectativa e transições ofensivas rápidas, eis a chave do jogo polaco.
Portugal deixava-se enlear no jogo físico polaco, o que lhes facilitava e muito a tarefa. Portugal nunca soube ou conseguiu imprimir a velocidade necessária para se furtar ao contacto físico com os jogadores polacos.
Por outro lado, era inacreditável a facilidade com que os polacos rompiam entre linhas, penetrando a seu bel-prazer na área portuguesa.
Simples mudanças de velocidade bastavam para ultrapassar irremediavelmente os defensores lusos.
Ao longo de toda a partida, foi confrangedor observar a falta de velocidade e de rins dos defesas portugueses, sucessiva e facilmente ultrapassados pelos avançados polacos, mormente por Smolarek.
A partir do 2-0 exigia-se que Scolari fizesse algo para alterar o rumo dos acontecimentos.
Uma qualquer intervenção fosse por substituição, fosse pela alteração do sistema táctico, urgia realizar.
Ao invés, Scolari permaneceu impávido e sereno, observando placidamente o naufrágio colectivo da selecção nacional.
Limitou-se a trocar os alas, numa operação tão comum, quanto inócua.
Por esta altura, Portugal navegava num mar de equívocos.
E, assim, continuou até ao final da partida.
Ao intervalo, Scolari mexeu na equipa, mas mal.
Tirou Costinha e fez entrar Tiago.
Introduzir um jogador que nunca se impôs na selecção num contexto de desvantagem só se for para o queimar de vez.
Numa equipa à beira de um ataque de nervos, deficitária de confiança, introduzir um jogador também ele falho de confiança não se percebe.
Impunha-se a entrada de Nani ou quanto muito de Maniche (nunca deviam ter ido para o banco sequer – Nani deveria ter alinhado no lugar de Simão e Maniche no de Costinha).
Depois, fez entrar Nani e retirou Petit.
Bem, mas tarde, muito tarde.
Nani deveria ter entrado ainda na primeira parte, mas o conservadorismo de Scolari, certamente, nunca tal equacionaria, quanto mais o permitiria.
Por fim, já nos minutos finais da partida, fez entrar Maniche e sair Deco.
Mal no timing, muito tarde, e mal no jogador a substituir.
Cumpria ter arriscado minimamente, pelo que se impunha a saída de Nuno Valente para a entrada de Maniche.
Se é indesmentível que Portugal fez um péssimo jogo, não menos verdade é que ainda assim podia ter empatado a partida.
Portugal só dispôs de três verdadeiras oportunidades de golo.
Uma de Simão, uma de Ronaldo e aquela que redundou no golo de Nuno Gomes.
Acaso Ronaldo tivesse concretizado a flagrante oportunidade de que beneficiou e Portugal, sem ter feito nada para isso e, como tal, sem o merecer, lograria empatar a partida.
Nada está perdido, muito pelo contrário, mas a manter-se a postura evidenciada neste jogo tudo se complicará.
3 comentários:
Derrota justa, perante um adversário que foi sempre superior à nossa selecção. Há jogadores portugueses que estão numa forma lamentável, casos de Nuno Valente, Simão, Nuno Gomes, Costinha. Scolari confiou mais uma vez neles, mas saiu-se mal desta vez. Tudo está em aberto, concordo com o administrador. Várias selecções de renome e qualidade estão com dificuldades, bem superiores às nossas.
Condómino Zex, eu até que diria mal dos jogadores do FCPorto na selecção...ajude-me a encontrá-los, depois da barbárie de Ricardo Costa. Você tem uma equipa estrangeira em jogar em Portugal.
Excelente análise do nosso administrador.Do jogo está tudo dito.Mau demais.
No entanto li com estupfacção na chauvinista imprensa desportiva, segunite titulo:"surpreendente Sérvia no 1º lugar do grupo A"
Surpreendente?Para quem?A Selecção Jugoslava sempre esteve nas fases finais das mais importantes competições,quando elas eram só para a elite.8 seleções nos europeus e 16 nos mundiais.
A Polónia e a Finlândia são da terceira divisão europeia, mas não esquecer a Bélgica, que esteve na Coreia-02, passou aos oitavos de final e está regularmente nas fases finais, e com quem nós geralmente, perdemos.Não este em Porygal nem na Alemanha porque estava no grupo da Rep. Checa, Roménia, Holanda e Croácia.Em suma,
o apuramento não vai ser nada fácil.
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