PORQUE SOU DO SCP
Em dois artigos de opinião já publicados, o Condómino Cavungi explicou porque não era da selecção e o Condómino Fura-Redes relatou o seu percurso como adepto do FCP.
Fazendo a síntese dos dois artigos, inspirei-me para escrever a minha crónica, que subordino ao tema “Porque sou do SCP”.
Sendo eu nortenho, natural de uma localidade situada a 30 Kms do Porto, a primeira questão que se colocaria era “porque não sou do FCP?”.
Devo confessar que, quando muito pequeno, cheguei a ser adepto do FCP.
O que orientou, na ocasião, essa minha preferência foi a simples razão de o meu pai fumar cigarros “PORTO” – uns maços de tabaco azuis claros com a imagem da Ponte da Arrábida estampada no invólucro.
Recordo-me, contudo, que o FCP era uma pequena equipa de província que me desiludia constantemente com os resultados e era por isso imperioso mudar de clube se queria ter alegrias.
Para além disso, o meu pai tinha mudado de marca de tabaco, para os inenarráveis “Negritos”, tendo mesmo acabado por deixar de fumar.
Já sei que vão dizer: “Se és do Norte, devias apoiar uma equipa nortenha, e, ainda assim, o FCP é a maior equipa do Norte!”
Certo, mas também sou natural de uma terra que ao contrário se lê RAVO e nem por isso sou “gay”.
Que clube, então, deveria escolher?
O Benfica tinha, já na ocasião, 6 milhões de adeptos, razão mais do que suficiente para não querer ser também “mais um”.
Sempre gostei de ser diferente e achei que ser adepto de uma equipa que não fosse o Benfica, usar o relógio no braço direito e – mais tarde - não pôr açúcar no café seria suficiente para vincar a minha originalidade.
Jogava, nessa época, no SCP o grande Yazalde, que, para quem não é desse tempo, era uma espécie de Jardel do anos 70, para melhor.
E na baliza havia o Damas, que saltava de um lado ao outro da baliza como se tivesse molas nos pés.
A tudo isto acrescia a explicação racional: “É o verdadeiro clube de Portugal, pois que é Sporting Club de PORTUGAL!”
Foi o suficiente para fazer a minha opção clubística.
Passado pouco tempo, vi que tinha feito asneira.
O SCP, ainda ganhou um ou dois campeonatos, mas depressa entrou na crise dos 19 anos, ao passo que o FCP começava a ganhar campeonatos atrás de campeonatos.
Como quem espera a sua vez para pagar num hipermercado, muda de fila porque a fila onde está não anda e depois verifica que a fila para onde mudou ficou encravada, assim me sentia eu – com a agravante de, na ocasião, nem sequer haver hipermercados no nosso País.
Mas já era tarde para mudar.
Nestas coisas da preferência clubística manda, como se sabe, o coração, e o meu - contra-natura - estava já verde.
Tinha já entrado também na mística sportinguista, uma mística diferente da dos lampiões e dos andrades, que dificilmente a conseguirão compreender.
Os lampiões porque se afundam todos nessa voracidade dos 6 milhões e na mania de que ser maior é ser melhor, os andrades porque se confinam ao seu bairrismo.
Ser sportinguista é ser diferente, é, como dizia o Luís, “nunca contentar-se de contente; é um cuidar que ganha em se perder”…
É ter Futre, Figo, Ronaldo, Quaresma, Moutinho e Nani e deixá-los partir…
É saber ser grande na derrota e pequeno na vitória.
É cor, juventude e originalidade…
É ter as mais bonitas mulheres de Portugal…
Por isso fiquei sporténgue e sporténgue me mantenho com muito orgulho.
16 comentários:
amigo Carlos:
valeu a pena esperar!
brilhante artigo este.
saboroso e pontuado por uma prosa de eleição.
sentido e apaixonado, sem deixar de ser racional.
em suma, um texto que é o espelho da alma do seu autor.
abraço
p.s.
essa de sempre teres gostado de ser diferente só pode ser exercício literário...
abraço.
(também uso o relógio no braço direito)
Amigo Carlos: após o Carnaval que foi o artigo do derrotado Cavungi, nada melhor que um artigo de elevada qualidade de um habitante de uma terra bem conhecida pelo seu Carnaval. Define bem o que é ser do Sporting. Clubes de bairro, ou adeptos do tipo rebanho não se adequam à nossa maneira de ser.
Saudações Leoninas!
Amigo Vermelho, também uso o relógio à direita...embora me pareça que o seu relógio ontem parou no tempo, após uma vergonha daquelas...
Amigo Carlos,
Parabéns.Um excelente artigo de um sportinguista equilibrado.Hoje, percebo porque é tão diferente dos adeptos lagartos, que eu, infelizmente, tão bem conheço.
Saudações Benfiquistas.
Amigo Cavungi, mantenha a calma, sei que o dia está dificil de passar, mas outros melhores virão.
Brilhante artigo do Camões deste espaço.
Agora percebo porque te tratam por J.C.
Afinal és o Jovem Camões.
Percebi, também, agora porque andaste desaparecido nos últimos dias escapando às minhas prementes questiúnculas.
Como sempre desconfiei tens bons princípios.
Pena que depois BORRES a pintura toda, sendo certo que nunca o fazes à tarde!!
Começaste a ser simpatizante do FCP, devias, assim, ter continuado, pois neste momento tinhas mais razões para exibir a tua aplicação finaceiro-dentária.
De qualquer modo já sei que no próximo fim de semana o resultado que se verificar em Alvalade não te deixará muito albalado, seja ele qual for.
Pela primeira vez vi-te dizer que eras Nortenho. Gostei.
Somos provincianos, bairristas?! é vero, mas também não me importo.
Nunca reparei que, TAMBÉM, usasses o relógio na mão direita.
Está criado o código da nossa congegação. Espero que o Idanhense também siga tal ritual.
Todavia, uma coisa me preocupa, que é essa coisa de tu quereres ser diferente.
Tenho muito receio dessas manias, dessas modernices, dessas ideias.
Sendo certo que 88% da população portuguesa é heterosexual o meu amigo estará por acaso a pensar em levar a diante essa sua ideia?
Espero bem que não.
Também espero que não seja a nova Greta Garibaldi, que tem andado afastada destes palcos.
Ou quererá antes, o que será mais consentâneo com a imagem que tenho de si, enveredar pela poligamia?
E já agora, se as mulheres do Sporting são as melhores , quem é que trata delas?
Posso-te dar um exemplo, a Isabel Figueira é sportinguista, era boa, até à última vez que a vi, Há cerca de meio ano, e andava a ser TRATADA por um gajo do FCP.
Abraço e CONTINUA.
F****.. eu tb uso o relógio no braço direito e não sou gay...
E da Marisa Cruz condómino Fura-Redes, quem trata dela é o também portista João Pinto.
amigo fura-redes:
excelente comentário, mas deixa-me acrescentar que nunca de tarde e não antes de um café e de um cigarrinho...
abraço
Isto não me está a cheirar nada bem.
Abraço.
amigo Holtreman:
uma coisa não invalida a outra.
ainda tenho esperança que o faça.
não custa nada, é apenas um pequeno esforço.
abraço
caro Carlos aceite os meus parábens pela magnífica prosa com que nos brindou.
saudações cordiais e de estima
O amigo Nunca, condómino Holtreman, está sem paciência para vos aturar( refiro-me apenas a alguns condóminos, atenção), portanto não espere que eu volte à carga tão cedo. Quando possível contribuirei com os meus posts.
amigo vermelho nunca:
conto contigo para a semana.
abraço
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