segunda-feira, outubro 09, 2006

Entrevista de PC ao Jogo

Para serenar os ânimos, Pinto da Costa deu uma entrevista ao órgão oficial do clube.
Aqui ficam alguns excertos:
"Mas foram duas derrotas claras e isso certamente não pode ser considerado normal...
A derrota no Arsenal tem que ser considerada, não normal, porque uma derrota nunca é normal, mas compreensível, na medida em que o Arsenal foi finalista vencido da Liga dos Campeões, é uma equipa poderosíssima e fez um grande jogo, o que elimina qualquer hipótese de falar em escândalo. Agora, em Braga, perder até pode não ser muito anormal, mas houve uma forma de encarar a partida por parte de alguns jogadores que levou a que, no final do encontro, tenhamos que reconhecer que o Braga venceu bem, porque todos os que estiveram em campo deram o máximo e quando assim acontece, se não houver o mesmo empenho do outro lado, ganha-se. Já reflectimos todos, técnicos e equipa incluídos, sobre o que se passou e tenho a certeza absoluta que não se vai voltar a repetir.
Essa derrota em Braga aconteceu no início de um ciclo particularmente complicado para o FC Porto, com dois clássicos na agenda.
Isso é motivo para preocupações especiais?
Não. O campeonato é uma prova de regularidade na qual temos que jogar contra todos os adversários. Se os clássicos acontecem em Março ou em Janeiro é indiferente, porque no final é que se fazem as contas e não vejo aí nenhum motivos especial de preocupação. A equipa tem que reagir a estas duas derrotas e estou certo que já no próximo jogo, com o Marítimo, a atitude vai ser totalmente diferente daquela que vimos em Braga.
Já disse que a mudança de treinador influenciou a preparação da temporada. A saída de Adriaanse apanhou de surpresa meio Mundo. E a si?
Acho que a saída dele apanhou toda a gente de surpresa, sem excepções. Tinha ido ao estágio, no dia do seu aniversário, para o poder festejar com ele. Confraternizamos amigavelmente e tudo se estava a processar normalmente, nada fazendo prever que isto pudesse suceder. A verdade é que fomos surpreendidos com esse facto e houve que encará-lo. O treinador abandonou o trabalho, considerou-se afastado e temos o problema para resolução na FIFA, o que me parece ser a única via possível. Se quando um clube não cumpre o contrato com o seu treinador até ao final tem que lhe pagar, é óbvio que, quando um treinador, sem qualquer justificação, sem falar com ninguém, sai porta fora e abandona a equipa no estágio em vésperas de um jogo importante como era o que tinhamos em Inglaterra, é óbvio, dizia, que também temos que ser ressarcidos por isso. Até porque o seu abandono levou a que, para garantirmos a contratação de Jesualdo Ferreira, tivessemos que pagar uma indemnização ao Boavista.
Depois da forma como aconteceu a saída de Adriaanse, Jesualdo Ferreira foi a escolha possível?
Não, foi claramente a primeira escolha. Com a condição de se chegar a um entendimento com o Boavista, foi a primeira escolha. O professor sabe-o bem; o Boavista também, mas tínhamos alternativas para o caso de não ser possível esse acordo.
O facto ter assinado apenas um ano de contrato, pelo menos para já, foi uma forma de precaução depois da experiência com Adriaanse?
Não, quem conhece o professor Jesualdo Ferreira - e eu conheço-o há muitos anos - sabe que ele seria incapaz de tomar uma atitude dessas. Para mim, o professor Jesualdo até podia nem ter contrato que eu continuaria descansado. Estou seguro de que vai ficar não só este ano, nem dois; estou convencido de que vai ficar muitos mais.
Vai propor-lhe isso?
Sim, sim. Ele sabe. Temos conversado sobre o que pretendo para o futuro, e também sei o que ele pensa. Estou tranquilo a esse respeito.
E sobre Anderson, os adeptos do FC Porto podem ou não estar tranquilos depois das notícias sobre um eventual negócio com o Barcelona?
Olhe, o doutor Miguel Sousa Tavares, por exemplo, escreveu que constava que Pinto da Costa tinha vendido dez por cento do Anderson. Curiosamente, nesse mesmo dia, não só não vendi como comprei mais 15. O FC Porto tinha só 65 por cento e passou a ter 80. Mas, dito e escrito por ele, as pessoas são levadas a acreditar no contrário. Optámos por comprar, sacrificando os resultados imediatos em termos de exercício financeiro, dando preferência a um património desportivo mais valioso com um activo que nos possa tranquilizar em relação aos resultados negativos que, por opção, apresentaremos nas contas.
O acesso aos oitavos-de-final é o objectivo mínimo?
O objectivo mínimo seria o que não conseguimos na última temporada, que foi o apuramento para a UEFA. A UEFA também pode ser muito rentável, como foi há poucos anos para o FC Porto, aliás, mais rentável que muitas participações na Liga dos Campeões. Esse é o objectivo mínimo. O objectivo que traçámos é de facto o acesso aos oitavos-de-final, com a consciência que a partir daí tudo pode acontecer, mas que é uma prova muito difícil.
O FC Porto vai apresentar contas negativas nos próximos dias. Há razões para preocupações?
As contas são negativas mas por opção consciente. Se quisessemos apresentar contas positivas, bastava vender talvez um jogador e dois chegava de certeza absoluta. Foi uma opção não o fazer e ter esse resultado negativo e não estar demasiado preocupado com isso, na medida que é um património que se está a valorizar aquele que mantivemos em desfavor dos resultados.
Entretanto, têm-se registado algumas evoluções no processo Apito Dourado...
Não posso falar sobre o processo, mas posso dizer que foram emitidas onze certidões em meu nome e nove já foram arquivadas e nem sequer fui ouvido. Há só duas coisas que quero referir a propósito desse assunto. A primeira, para sublinhar a isenção da Justiça, que está a funcionar. Desde a primeira hora, em que vi em alguns jornais as coisas mais absurdas. Segundo um jornal, um dos processo dever-se-ia ao facto de eu ter falsificado a assinatura de um jogador. Nunca apareceu nenhum processo, porque isso simplesmente não era verdade. Foi dito que eu falava com árbitros. Nunca telefonei a nenhum árbitro, nenhum pode dizer que alguma vez lhe liguei, nem que fosse para dar os parabéns no aniversário. O que alguns jornais fizeram, foi uma pressão enorme e miserável sobre a própria justiça, publicando falsidades. Só que, felizmente, a Justiça tem sabido decidir pelos factos e não pelas mentiras publicadas em alguma comunicação social.
A comunicação social também deu conta de novas escutas, envolvendo outros dirigentes. Ficou surpreendido?
Não, não me surpreendo nada que apareçam registos de escutas a telefonemas do presidente do Benfica. Aliás, o que me surpreende é que não apareçam mais coisas, como por exemplo os telefonemas feitos pelo senhor Veiga ao senhor Pinto de Sousa a pedir que determinado árbitro favoreça o Estoril. Não foi a dizer que tudo lhe corra bem, foi a pedir declaradamente que favoreça o Estoril. Curiosamente, sobre isso não foi tirada nenhuma certidão.
Hermínio Loureiro tomou recentemente posse como presidente da Liga. Como viu críticas que lhe foram dirigidas, ainda antes de tomar posse?
Quando foi da última eleição do Major Valentim Loureiro e do Doutor Cunha Leal para direcção da Liga, eu estive, como é público, na oposição. Tínhamos um candidato, que era o Doutor José Guilherme Aguiar, que não conseguiu sequer ir a votos por não ter as assinaturas necessarias, que eram 20 por cento dos votos. Disse na altura que, a partir desse momento, não teria nenhum relacionamento com a Liga. Limitei-me ao longo dos últimos anos, a pagar as multas com que era periodicamente brindado, e não tive nenhum relacionamento com a Liga. Em contrapartida, ficou célebre a frase do presidente do Benfica na altura quando, a propósito da nossa contratação do Jankauskas, afirmou que não estava preocupado com jogadores mas em ganhar lugares na Liga. Foi ele que impôs, segundo me contou o Major Valentim Loureiro, o nome de Cunha Leal para Director Executivo. Fê-lo como condição para manter o apoio ao Major que tinha já convidado o Eng. Paulo Carvalho, presidente do Rio Ave, para o cargo. O que acho interessante é que, quem escolheu o Director Executivo, quem apoiou o presidente, quem nomeou os detentores dos mais diversos cargos, quem disse que seria a APAF a indicar o presidente do Conselho de Arbitragem - sabendo-se exactamente quem a APAF indicaria - foi precisamente o presidente do Benfica. E também foi ele que, no final de uma mandato particularmente nocivo para o futebol português, veio dizer que era preciso renegenerar a Liga que ele próprio tinha feito e patrocionado.
E quer continuar?
Ainda falta muito. Estamos em Outubro e ainda faltam mais de seis meses para tomar essa decisão. Não posso dizer uma coisa concreta, porque não sou pessoa de gerir êxitos do passado. Quero sempre mais. Se vir que podemos fazer mais e coisas que gostava de deixar no FC Porto, é óbvio que, se tiver saúde, recandidato-me. Vamos ver se é possível levar a cabo o projecto com o qual gostaria de terminar a minha careira de presidente do FC Porto, concretamente o pavilhão gimnodesportivo, em frente ao Dragão. Esse é o meu objectivo prioritário, porque é uma necessidade premente para as modalidades. Se vir que há condições para avançar, é possível que me recandidate; de contrário, pode ser que não me recandidate. "

17 comentários:

Anónimo disse...

Ao seu melhor estilo, Pinto da Costa, na resposta à pergunta sobre os apoios a Hermínio LOureiro, arrasa completamente Luis Filipe Vieira.
Gostava de que LFV fosse confontado com tais palavras do PC e que dissesse o que tivesse por conveniente sobre as mesmas.
E que não venha dizer que só agora - leia-se, quando foi divulgada uma escuta telefónica onde escolhia árbitros junto do Major - é que soube quem era o Valentim Loureiro, pois que antes julgava tratar-se de um santo.

Mestrecavungi disse...

"Foi dito que eu falava com árbitros. Nunca telefonei a nenhum árbitro, nenhum pode dizer que alguma vez lhe liguei, nem que fosse para dar os parabéns no aniversário."
Mas será que alguém acredita nisto?
Linda a forma como ele arrasa o assaltante de paquidermes, de resto nada de novo.Um verdadeiro lorenin.

VermelhoNunca disse...

Amigo Carlos, tenho andado um bocado ocupado, mas penso que me escapou alguma escuta. Elucide-me, o Cabeçudo foi apanhado em mais escutas?
E amigo Cavungi, as escutas ao Luís Duque e ao Manolo Vidal?

Anónimo disse...

Amigo Vermelhonunca:
que eu saiba, ainda não foi divulgada mais nenhuma escuta onde o Cabeçudo tenha sido apanhado.

Anónimo disse...

Foi interessante ver, no passado fim-de-semana, as imagens do Valentim Loureiro a assistir ao jogo da selecção acompanhado do Hermínio Loureiro, em alegre confraternização.
O simbolismo dessas imagens é deveras significativo.
Tão bem que eles se dão; tão bem que eles se entendem.
Alguém acreditará que vai mudar alguma coisa com a mudança de presidência na Liga?
Não parece evidente que estão ambos em total sintonia?
Se Hermínio Loureiro vinha para mudar alguma coisa, devia começar, desde logo, por se afastar do Major, e não dar essa imagem de conluio e de intimidade entre os dois que tem vindo a passar descaradamente para o público.

Vermelho disse...

amigo Carlos:
pelos vistos, a direcção do Sporting acredita, pois que estes corpos dirigentes da Liga foram eleitos com o seu voto favorável.
abraço.

Anónimo disse...

Amigo Vermelho:
Eles que acreditem à vontade, se quiserem.
Eu é que não posso acreditar nesta "nova" Liga quando é por demais evidente a cumplicidade existente entre o Major e o Hermínio, traduzida desde logo no facto de o Major "transitar" para Presidente da Mesa da Assembleia Geral.

Vermelho disse...

amigo carlos:
não duvido, minimamente, que não acrdites nesta nova/velha Liga.
Eu também não acredito.
O que estranho é que quem tão alto ergueu e ergue a sua voz contra o "status quo" vigente apoie e caucione estes corpos directivos da Liga.
abraço.

Anónimo disse...

Amigo Vermelho:
Os únicos que não apoiaram a nova LIga, ao que sei, foi o Nacional e o Benfica.
Não creio que isso signifique que sejam - os seus dirigentes - impolutos e pessoas de bem.
Não percebo muito destes emandors do futebol, mas ficar ao lado do Benfica e do Nacional, com os dirigentes que têm neste momento, não creio que tivesse sido boa companhia.
Também creio ter lido ou ouvido algures que o SCP terá dado uma espécie de benefício da dúvida aos novos dirigentes da Liga.

Vermelho disse...

amigo carlos:
não quis em, momento algum, afirmar que quem está contra a direcção da Liga é impoluto e pessoa de bem.
aliás, afirmá-lo apenas pela negativa, isto é, os que lá estão não são, logo os que não estão são, seria estultício da minha parte.
Nem sequer assim penso, como as posições que aqui tenho expresso o demonstram.
por outro lado, assumir uma posição contra a ordem vigente não estabelece a obrigatoriedade de constituição de alianças.
o benfica está contra esta direcção da Liga e, ao que sei, não estabeleceu qualquer aliança com o Nacional.
simplesmente, ambos estão contra, o que não significa, sequer, que comunguem das mesmas razões de oposição.
o que me parece é que o sporting não quis ficar, de novo, fora da direcção da Liga. não quis ficar de fora do centro do poder.
indicou um elemento para a direcção e ao fazê-lo tornou-se co-responsável pelo que de bom e de mau lá se passe.
abraço.

Anónimo disse...

Amigo Vermelho:
Terá sido, então, uma questão de estratégia política.
Talvez controle melhor o que lá se passe tendo um membro seu na direcção.
Não se poderá daí retirar que irá ficar co-responsável pelo que lá se passe.
Pelo menos, não o ficará se denunciar falcatruas e vigarices de que tenha conhecimento ou se abandonar a direcção da Liga logo que se aperceba de que a vigarice continua.

VermelhoNunca disse...

Amigo Vermelho, relativamente à presença do Sporting na direcção da Liga háq quem tenha uma leitura diferente da sua. Em vez de estar lá, para o bem e para o mal, está lá para verificar o que está mal. Porque ao ausentar-se da Liga nos últimos anos o Sporting estava completamente fora do centro das operações. Portanto estar na direcção não significa estar com a mesma, isto na perspectiva do Sporting.

Vermelho disse...

amigo vermelho nunca:
desculpa, mas essa tua visão não pode corresponder à realidade.
quereria significar que o sporting seria oposição interna à direcção ou o seu órgão fiscalizador.
seria contra-natura e desleal.
uma atitude própria dos protagonistas do futebol nacional nos últimos anos.
nenhuma declaração de qualquer dirigente leonino vai nesse sentido.
quem aceita integrar a direcção de um qualquer órgão é porque comunga do programa a executar e dos seus interpretes.
se depois existem desvios ou actuações pouco claras, isso é outra coisa e o caminho a seguir será a saída, caso não logre encontrar vencimento interno das suas posições.
aliás, não nos esqueçamos que Hermínio "bácoro" Loureiro é, assumidamente, adepto leonino e que foi o sporting que propôs a sua candidatura.
abraço.

VermelhoNunca disse...

Por falar em mentes, verifico que saiu do túmulo o amuado. O senhor dono da razão não concorda comigo, uma vez que vive em regime ditatorial no seu clube, e quem não está consigo ou não tem a sua opinião, é seu inimigo( muito ao estilo de Luís Ventoinha).
A minha opinião mantem-se. Para o Sporting é preferível estar dentro do que fora do teatro das operações, não sendo que isso signifique que está com a direcção. Faz parte dela, participando assim, activamente, nas decisões que envolvem o futebol. Aliás foi muito criticada por vários sportinguistas a ausência na última direcção, uma vez que estava totalmente a leste de tudo o que se passava.

VermelhoNunca disse...

O iluminado amuado talvez nos possa esclarecer no seguinte ponto: o que é necessário para fazer parte da direcção da Liga? Sabe, ou anda aqui a mandar postas de pescada só para se mostrar?

VermelhoNunca disse...

Conclusão, Veiga mamou os milhões! Será que deu algum ao Ventoinha?

Anónimo disse...

Conclusão:
Há muito mais no futebol - em termos de podridão, diga-se - do que o que sabemos do apito dourado.
Esta será a outra face negra do desporto rei: é o lado dos negócios escuros, do dinheiro das comissões, do que passa por baixo da mesa.