No jogo com a Espanha bastava a Carlos Queiroz ter tido a inspiração, o rasgo de génio para, aos 57 minutos da segunda parte, substituir Cristiano Ronaldo por Danny, deixando ficar em campo Hugo Locomotiva Almeida, e teríamos, hoje, garantido não a vitória, porque isso é impossível de afirmar, mas, pelo menos, a tranquilidade de espírito necessária à população em geral para recordar a passagem da selecção portuguesa pelo Mundial de 2010 sem cair naquela fúria tão a gosto e tão portuguesa de apontar culpados.
Nem sequer ninguém poderia apontar o que quer que fosse ao próprio Cristiano Ronaldo que, sem ter feito um grande Mundial, também não fez muito menos do que um Mundial razoável. No jogo com a Costa do Marfim foi o único que conseguiu estremecer o adversário num remate direito ao poste que levou Drogba a benzer-se, no jogo com a Coreia do Norte fez um golo meio maluco e, no final, foi-lhe elogiada a disposição com que se envolveu no jogo colectivo da equipa, no jogo com o Brasil não esteve pior nem melhor do que os companheiros e, finalmente, no jogo com a Espanha, e de novo na marcação de um livre, obrigou Casillas a largar uma bola que só não deu golo porque os companheiros da recarga chegaram atrasados.
E depois deste lance, aos 27 minutos da primeira parte, Ronaldo pouco mais produziu contra os espanhóis. Não fosse ele Ronaldo e a sua substituição, antes do primeiro quarto de hora da segunda parte, teria sido muito bem compreendida pela imprensa e pelos adeptos. Sendo ele Ronaldo, a sua substituição não teria provocado nenhum motim na equipa portuguesa, Carlos Queiroz teria produzido um notável exercício de justiça e de autoridade e, tivesse ele um bocadinho de sorte ao jogo, estaria agora dispensado de vir para os jornais falar sobre «camisolas pequenas demais». E, muito menos, de vir falar de braçadeiras grandes demais.
O Uruguai foi duas vezes campeão do mundo há muitos, muitos anos. E depois ofuscou-se, vá lá saber-se porquê, e nunca mais voltou a exibir-se como um candidato forte no patamar das grandes emoções. Este Uruguai de 2010 tem sido um encanto de ver jogar e ganhar. E marcar. Forlán e Suarez rêm cumprido impecavelmente as suas missões lá na frente e Cristian Rodriguez nem sequer está no Mundial. Como diz um amigo meu, muito versado em temas internacionais, ao Uruguai está a acontecer precisamente o que aconteceu ao Benfica. Ou seja, melhorou bastante desde que abdicou da cebola.
Quim voltou para o Sporting de Braga de onde saiu para vir para o Benfica. É um percurso lógico para um guarda-redes que, já não sendo um jovem, ainda não está em fim de carreira. Em Braga, Quim não vai querer desperdiçar a oportunidade de provar a Carlos Queiroz que ainda tem futuro e de provar aos adeptos do Benfica que também ele teve a sua quota-parte importante nos títulos nacionais alcançados em 2004/2005 e em 2009/2010.
Entretanto, o Benfica gastou 8,5 milhões de euros para comprar Roberto ao Atlético de Madrid. Há quem se espante com o volume financeiro do negócio. É normal. Já no ano passado aconteceu haver quem desconfiasse dos 7 milhões dados por Javi Garcia e bastaram meia dúzia de jogos do jovem espanhol para desvanecer a desconfiança geral. Sobre Roberto, os benfiquistas sabem pouco. Cresceu no Atlético de Madrid e, pelos vistos, cresceu bastante, mede 1 metro e 94 centímetros. Lesionou-se no primeiro terço da época passada, cedeu o lugar a Gea e, em Janeiro deste ano, foi emprestado ao Saragoça que lutava para não descer de divisão. Roberto terá sido decisivo nessa luta o que facilmente se confirma pesquisando nos sites dos adeptos do Saragoça que, sem êxito, lançaram a campanha Roberto quédate porque não queriam ver a ir-se embora.
As opiniões dos adeptos são sempre de levar em conta porque não são movidas por outros critérios que não sejam os da produtividade e eficácia. Ao contrário dos empresários, dos jornalistas, dos teóricos e dos treinadores, os adeptos nunca se enganam. A tristeza com que a afición do Saragoça viu partir Roberto garante, à partida, a alegria com que o vamos receber.
Ou não será assim? Porque também é verdade que ninguém viu ou ouviu os adeptos do Saragoça a chorar quando Fábio Coentrão se veio de lá embora depois de meia temporada incógnita na liga espanhola. O futebol, afinal, não é tão simples como parece.
JOSÉ EDUARDO BETTENCOURT tanto anunciou que o Sporting, nesta época, ia «deixar a pele em campo» que a equipa logo se estreou com um 10-0 frente ao Sarilhense, o adversário escolhido para abrir a pré-temporada leonina. É verdade que com o Sarilhense é difícil haver sarilhos dentro das quatro linhas, mas esse facto não invalida nenhum dos dez golos que lhes foram aplicados em campo pelos sportinguistas.
Fora de campo, o Sporting de Costinha esmera-se também em evitar sarilhos. E ninguém acredita que Hugo Viana tenha aceitado baixar o salário em 40 por cento para se juntar aos eleitos de Alvalade e também ninguém acredita que João Moutinho tenha ficado minimamente aborrecido por perder o estatuto que a braçadeira lhe conferia. Aliás, o próprio Paulo Sérgio já explicou bem a situação: «Moutinho será um dos meus capitães.»
No futebol profissional ao mais alto nível, os capitães são como os chapéus, enfim, há muitos.
Na segunda-feira, o primeiro golo da Holanda contra a Eslováquia nasceu de um passe certeiro de Sjneider para Robben, que não desperdiçou. Depois, já perto do fim do jogo, Sjneider fez o 2-0 e acabou com a discussão. Os dois holandeses que não serviram para o Real Madrid serviram, muito bem, para o Inter de Milão e para o Bayern de Munique, onde se sagraram campeões, e continuam em maré de prestar bons serviços, agora à selecção do país onde nasceram.
Sjneider deu uma entrevista curiosa, na África do Sul, desejando toda a sorte do mundo a José Mourinho, que considera o melhor treinador com quem trabalhou, e afirmando peremptoriamente que «nem morto» regressa ao Real Madrid onde, diz, lhe faltaram ao respeito.
É por estas e por outras que ainda não perdi a esperança de ter Di María, para o ano, de volta ao Benfica na condição de emprestado…
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