Todos os adeptos, jogadores, treinadores e dirigentes, de norte a sul, de leste a oeste, concordam que a arbitragem do futebol precisa de ser auxiliada com meios tecnológicos, para que não mais golos-fantasma continuem a pairar como almas penadas nas páginas da história do jogo. Todos? Não! Quatro irredutíveis velhinhos das federações inglesa, escocesa, galesa e norte-irlandesa continuam a fazer finca-pé na “pureza do jogo” e não admitem sequer que o International Board possa discutir o assunto. E se eles não querem, não há discussão!
O International Board é composto por quatro membros dessas federações que supostamente representam as origens do jogo e mais quatro elementos nomeados pela própria FIFA, e mesmo que o presidente desta, Joseph Blatter, considere “ridículo” não abrir o dossier das novas tecnologias aplicadas à arbitragem, depois do que aconteceu no Mundial da África do Sul, com o golo marcado pela Inglaterra à Alemanha e o fora-de-jogo de Tévez, frente ao México, a discussão está fora da agenda.
Amanhã, em Cardiff, o International Board volta a reunir-se e já fez saber que apenas haverá um assunto em cima da mesa: “O estudo da eventual aprovação de pedidos feitos por muitas confederações e federações membros da FIFA acerca da aplicação da experiência de dois árbitros adicionais nas competições das épocas de 2010/11 e 2011/12.”
Isto é, muito provavelmente, as equipas de arbitragem de mais alguns jogos – e não apenas da Liga Europa – passarão a ser compostas por cinco elementos e os meios tecnológicos continuarão a ser parte apenas de fóruns académicos e tertúlias de furiosos dramáticos; isto é, ao pé dos dirigentes das federações britânicas (mais Michel Platini, o entusiasta dos árbitros de baliza), Joseph Blatter manda zero, tem influência zero, e as suas preocupações são tratadas como assuntos ridículos. A Inglaterra ganhou o Mundial’1966 com um golo-fantasma, 44 anos depois foi eliminada com outro e não se passa nada. Ridículo, claro.
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