Nos tempos que correm, em que a crise é cada vez mais evidente, custa perceber como é que os principais emblemas nacionais conseguem comprar futebolistas por verbas entre os 7 e os 10 milhões de euros. Se estivéssemos a falar de clubes ricos, cujas sad’s tivessem lucros consideráveis, ainda entenderia esses investimentos “loucos”. No entanto, todos sabemos, as contas de Benfica, FC Porto e Sporting são tudo menos um “mar de rosas”. E escusam de me tentar explicar, através de complicadas manobras de engenharia financeira, que o caso não é bem assim. Podem continuar a assobiar para o lado e a negar as evidências mas, o mais certo - a manter-se este tipo de actuação - é que um dia a coisa “rebenta”.
Mas, quando se gasta uma soma avultada num jogador há, antes de tudo, que equacionar o valor futebolístico do atleta. Convém ter em conta o seu passado, o rendimento por onde passou, a margem de progressão, a possibilidade de ganhar dinheiro numa venda futura e ter a certeza que a sua inclusão no plantel é essencial. Ora, é exactamente fazendo esse tipo de avaliação que não consigo entender como é que o Benfica resolveu pagar 8,5 milhões de euros pelo guarda-redes espanhol Roberto.
Eu sei que, nesta altura, é fácil colocar em causa a validade da operação encarnada, pois o guardião, logo no primeiro teste mais a sério, teve dois deslizes, o primeiro dos quais se engloba na categoria dos frangos. Contudo, posso garantir, este texto estava programado há muito. Só não veio a público antes porque, devido ao Mundial, estive “sintonizado” na África do Sul.
Por princípio tenho dificuldade em aceitar que um guarda-redes possa custar tanto dinheiro. No futebol, sempre assim foi e será, os elementos mais caros são os avançados, os jogadores que marcam golos, os artistas que fazem a diferença. Como em tudo, no entanto, existem excepções. Gastar uma boa maquia por gente como Buffon, Casillas, Cech ou Júlio César (o do Inter) parece-me adequado, face ao seu rendimento ao longo dos anos. São “keepers” com provas dadas.
O caso de Roberto começa antes de o próprio ser escolhido. Jesus é o responsável e, melhor que ninguém, deve saber o que faz falta à equipa. Porém, abdicar de Quim quando o internacional português fez a sua melhor temporada na Luz – contribuindo para a conquista do título – é bastante discutível. O treinador quer um titular claro, que garanta pontos ao conjunto. É uma ambição legítima. Só tenho dúvidas é que com Quim isso não estivesse contemplado. Afinal de contas, quantos pontos perderam os encarnados por causa do guarda-redes na época passada? E se o minhoto era assim tão falível então como se justifica que ele fosse titular absoluto no Nacional? E jogou a final da Taça da Liga, quando o titular vinha sendo outro, porquê?
Jesus nunca escondeu que não apreciava Quim. O afastamento estava há muito agendado e só não aconteceu mais cedo porque o guarda-redes mostrou, em campo, ser o melhor do plantel. A força que o técnico fez para que as águias contratassem Júlio César ao Belenenses comprova a sua intenção. Aliás, ele bem se esforçou por tentar “puxar” pelo brasileiro. Contudo, este – a exemplo do que sucedeu com Moretto anos antes – não se deu bem com a passagem de um clube mediano para um obrigado a vencer. E, pior, não conseguiu conviver com uma titularidade prevista “a priori”. Curiosamente, finda a temporada, Jesus disse que Júlio César ainda “era um miúdo que tinha de aprender”. Aceito a observação, só não entendo é como é que alguém considera normal utilizar a Liga Europa para “ensaios”...
Regressemos a Roberto, o menos culpado de tudo isto. Era fácil de prever que o espanhol iria estar debaixo da atenção dos adeptos e que, desde sempre, as suas prestações iriam ser escalpelizadas ao pormenor. Só não se previa é que, à primeira, se espalhasse ao comprido. Agora, se não se recompõe depressa, o Benfica vai ter um problema complicadíssimo para resolver, nomeadamente Jesus.
PS – Não sou nada dado a bruxedos e coisas do género mas, sinceramente, acho que alguma força oculta resolveu importunar a carreira de Quim. Ser dispensado do Benfica depois de ter sido totalista no Nacional é incompreensível (mais ainda quando os seus dois suplentes continuam...); não fazer parte do lote de três guarda-redes para o Mundial da África do Sul foi uma injustiça tremenda (alguém consegue dizer que Daniel Fernandes já fez mais, nos clubes ou na Selecção, pare merecer estar à sua frente?), mas sofrer uma lesão grave (que o obriga a paragem de cerca de 6 meses) logo num dos primeiros treinos no Sporting de Braga é... demais!
1 comentário:
Concordo com a questão financeira como realça, principalmente, em tempos de crise económica do país, do mundo em geral e dos clubes especificamente, pois penso que realizam determinados investimentos, que nos dias que correm, são muitíssimo arriscados, embora em alguns casos vêm a revelar-se excelentes mais-valias.
O que não concordo é com a incoerência do seu texto, quando revela que investimentos deste montante em Guarda-redes, como os que menciona, são positivos e como analista desportivo, devia saber que o Real Madrid perdeu alguns pontos na última Liga de Espanha, que possivelmente dariam o Campeonato ao Real, se não fossem os "frangos" do seu Casillas, que por acaso, hoje é Campeão do Mundo.
Por fim, mais uma incoerência que revela uma profunda falta de conhecimento ou intenção clara de só dizer mal, sem nenhum critério jornalístico da sua parte. Pois se recuar precisamente um ano, no encontro do ano passado com este mesmo Sion, deveria se lembrar dos ditos "frangos" que tão exuberantemente critica relativamente ao Roberto, mas que relativamente ao Quim se esqueceu de mencionar e como diz, não foi por isso que o Benfica não deixou de ser Campeão e o Quim o seu totalista na baliza, sendo talvez a melhor época por ele realizada ao serviço do Benfica e que muito injustamente não foi premiado com a ida ao Mundial, mas isso são outras questões do futebol português e do sistema que o controla, mas isso o Sr. Luís Avelãs deve estar bem informado, se calhar foi um dos que andou constantemente a criticar o antigo Seleccionador Scolari e agora com o Sr. Carlos assobia para o lado.
Resumindo, o Sr. como coerente no discurso deixa muito a desejar. Pena, é que como o Sr. no meio desportivo nacional, não é o único. Já agora, devia comentar o empate do Porto com aquele colosso da Alemanha e também a manta de retalhos que é aquela equipa do Sporting.
Fique bem... e espero que daqui a um ano não se venha a desculpar como muitos fizeram, por exemplo, no caso de Javi Garcia, Saviola, Aimar,etç... e não fizeram, por exemplo, no caso Prediguer, Valeri, Orlando Sá,etç...
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