Quem trabalha com Jorge Jesus reconhece rapidamente duas características fortes na forma de o treinador benfiquista trabalhar: competência e uma insatisfação permanente, muitas vezes em alturas que não se justifica. Nem mesmo no final da época passada, quando após o jogo com o Rio Ave na Luz o Benfica tinha assegurado o regresso aos títulos, JJ fugiu ao que lhe é habitual e lembrou aos responsáveis encarnados que o golo sofrido por Quim podia ter tido custos acrescidos. Até ali, naquele momento de euforia coletiva, o treinador deixou claro que havia algo que não lhe tinha agradado. É assim e não há volta a dar.
No começo da nova temporada, seria de esperar um Jesus mais comedido nos desejos, até porque Luís Filipe Vieira e Rui Costa mantiveram, até à data, a base de toda a equipa que foi campeã, com exceção à saída já previsível de Di María. Já chegaram Roberto, Fábio Faria, Gaitán e Jara, mas o treinador continua insatisfeito e a pedir mais jogadores, quase de forma insaciável. Jesus nunca está, nem estará contente com o plantel que tem à disposição e os próprios responsáveis do Benfica sabem disso mesmo e estão perfeitamente habituados às exigências do técnico.
Mas a ambição do treinador das águias não se resume apenas aos reforços que deseja ainda ver na Luz. Jesus sabe o quanto os adeptos benfiquistas são exigentes e que a bitola está este ano mais elevada, muito também por culpa e competência do próprio JJ. Por isso mesmo não se entende o recado dado pelo treinador após as falhas de Roberto no jogo com o Sion, afirmando que o “treinador do Benfica sabe quem são os melhores”. É perfeitamente normal que saiba, mas não pode (e não deve) menosprezar a opinião do adepto, o mesmo adepto que o rotulou de grande obreiro do título na época transata. A empatia conseguida entre Jesus e o “Terceiro Anel” deveu-se, sobretudo, ao facto de o técnico se colocar ao nível dos adeptos. Mesmo insatisfeito com as críticas, não pode desperdiçar esse capital conquistado.
1 comentário:
Estou-me nas tintas que Jesus esteja nas tintas para as opiniões dos adeptos benfiquistas, desde que no final as contas batam certo.
Ele é o treinador e é pago para decidir e defender as suas decisões. O balanço faz-se no final.
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