Jorge Jesus ficou “enjoado” quando, após o embate em que o Benfica derrotou o Sunderland (2-0), lhe perguntaram sobre a ausência de Roberto. Segundo me recordo, o treinador acusou o jornalista de estar sempre a colocar questões sobre o guardião espanhol.
Não faço ideia se o repórter em causa tem feito muitas perguntas similares. Contudo, tenho a certeza que, após o primeiro embate em que o ex-guarda redes do Saragoça ficou de fora, era imperativo questionar o técnico sobre o porquê da alteração. Em condições normais, concordo, tal não seria um tema pertinente, pois todas as equipas costumam rodar os respectivos plantéis na pré-temporada. No entanto, até este duelo com os britânicos, Jesus tinha explicado ao Mundo que, com ele, era Roberto e mais 10!
Já disse várias vezes que não me pareceu minimamente acertada a decisão do clube da Luz em não renovar contrato com Quim. Também já referi que tenho dificuldades em perceber o que leva um emblema a abdicar de um titular (totalista na Liga) para manter nas suas fileiras os segundo e terceiro guarda-redes da época anterior quando, ainda por cima, o treinador é o mesmo. Depois, constatar que a aposta para a vaga não passa por um nome inquestionável, mas sim por alguém que tem como cartão de visita 19 jogos no campeonato espanhol... é igualmente estranho. Como não é normal saber-se que o negócio custou 8,5 milhões de euros aos cofres benfiquistas. Mas, o mais impressionante é ver a forma completamente descontrolada como Jesus tem tentado atenuar os contínuos deslizes do espanhol.
Com toda a sinceridade, não me parece grave que Roberto tenha sofrido uns frangos. Não há guarda-redes a quem isso não aconteça e, se pudessem, todos escolhiam tropeçar quando ainda nada está em causa. E tendo em conta que mudou de clube, de país, de treinador e de companheiros isso até acaba por ser normal. De resto, ainda não fez nenhuma partida com o esperado quarteto defensivo (Maxi Pereira-Luisão-David Luiz-Fábio Coentrão) à sua frente.
O problema é que se Jesus fez bem em defender o atleta, conferindo-lhe confiança, esteve mal ao conseguir ver boas exibições quando toda a gente observou prestações medíocres. O técnico podia e devia ter desvalorizado os erros, mas ao não reconhece-los, tornou o guardião um alvo ainda mais apetecido. E também ficou mal na fotografia, pois alguém que costuma ser muito directo quando tem de dizer determinadas verdades (incómodas para terceiros em diversas ocasiões), devia saber que há explicações e explicações. E ele tem utilizado algumas sem pés nem cabeça para justificar... o injustificável.
Jesus é o treinador do Benfica e tem toda a legitimidade para dispensar e contratar quem quer, da mesma forma que só a ele compete escolher o onze. Mas, não se pode esquecer que uma equipa não é formada apenas por 11 jogadores. E quando alguém falha, o normal passa por dar oportunidades aos outros. Roberto não pode ter o estatuto de intocável. E muito menos se teimar em falhar quando joga. Júlio César e Moreira não são meros figurantes no plantel, e, coincidência ou não, com o Sunderland não sofreram golos, algo que Roberto ainda não fez uma única vez com excepção do embate com os suíços que ninguém sabe quem são nem em que divisão actuam.
Reafirmo que as partidas de pré-temporada pouco ou nada valem, mas é certo que servem de indicadores. E no caso concreto do Benfica, se se pode dizer que, ofensivamente, a máquina parece continuar oleada, na baliza as coisas têm estado complicadas. E por muito que isso custe a Jesus (e não só), o problema tem sido... Roberto. O tal guarda-redes que foi contratado para valer pontos ainda não garantiu nem perdeu nenhum, mas se já estivéssemos a falar de jogos a sério... tinha oferecido alguns ao Sion e ao Groningen.
Se Jesus não quer que a imprensa tenha fixação com as perguntas sobre Roberto, deveria começar por não estar fixado em transformá-lo em titular à força.
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