sexta-feira, novembro 05, 2010

Além de Jesus - Rui Santos

O campeonato nacional pode ficar resolvido no próximo domingo. Basta ao FC Porto ampliar a vantagem para 10 pontos sobre o seu rival.

O FC Porto é favorito, porque joga melhor, porque o novo treinador não constitui fator de desagregação e porque a equipa revela-se estruturada e coesa.

O FC Porto está a fazer, com menos impacte mediático, aquilo que o Benfica fez na época passada. Esse menor impacte mediático não resulta apenas da “força comercial” do Benfica junto dos media, mas também porque Jesus conseguiu quebrar, na Luz, um ciclo de 4 épocas sem ganhar o troféu mais cobiçado da bola indígena.

Este FC Porto-Benfica é mais do que o extemporâneo “jogo do título” de 2010-11. Em causa não estão apenas 3 pontos e, se os visitados vencerem, a verificação de que a luta pelo primeiro lugar “acabou”, mas algo de mais profundo e importante – a constatação de que o Benfica, se não estugar o passo do dragão, pode falhar o objetivo de não conseguir sustentar a ideia segundo a qual está em curso o fim do ciclo hegemónico do “FC Porto de Pinto da Costa” no futebol português, que só não ganhou seis campeonatos nos últimos 20 anos. É isso que está em causa. Em causa está o adiamento do pré-anunciado fim da “era Pinto da Costa” e o ressurgimento de um novo magistério de influência liderado por Luís Filipe Vieira.

O Benfica, no ano I de Jesus, foi competente e brilhante. Jogava o suficiente para não se discutirem arbitragens. O ano II de Jesus tem sido marcado, ao contrário, pelas polémicas em redor das arbitragens – no arranque, com algumas razões – porque a equipa não consegue ser tão competente. É menos disciplinada, brilha menos, mesmo nesta fase em que se reencontrou com as vitórias.

O Benfica reagiu a tempo. Achou um conjunto de ações suficientemente mobilizadoras a constituírem forte aviso à navegação. No meio das medidas, algumas demasiado ousadas, o objetivo de colocar o sector de arbitragem “em sentido”. Nesse contexto, e com Vítor Pereira a capitular, a eficácia foi imediata. Sem dano exógeno e porventura até com algum benefício, o Benfica ficou apenas exposto às suas debilidades. Mas o FC Porto, que fez essa coisa desconcertante e surpreendente de confessar, pelo verbo do seu próprio presidente, que a equipa (leia-se “estrutura”) não voltaria a desconcentrar-se, começou forte (exatamente a vencer o Benfica, na Supertaça) e não exibe sinais de rutura.

André Villas-Boas, avisado para os perigos de uma certa acomodação competitiva, não quer saber se Mourinho acha o jogo de domingo “decisivo” na atribuição do título, em 2011. Faz o seu jogo. O jogo dialético mais conveniente. Villas-Boas quer o FC Porto “ligado” em permanência.

Jesus sabe, por seu turno, que recuperar os índices de rendimento da época passada é possível, mas sabe, igualmente, que mais um desaire no próximo domingo desencadeará o debate interno sobre a natureza da sua liderança. É isso que também está em causa. Para além da “tática do autocarro”. A “verdade desportiva” é um valor demasiado importante para ser jogado aleatoriamente, de acordo com interesses conjunturais. Se o Benfica persegue a “verdade desportiva” tem de ser coerente e consistente. Para não correr o risco de se assemelhar a quem tanto critica.

1 comentário:

patriarca disse...

Excelente comentário, mas os DOIS ULTIMOS parágrafos do texto, contextualizam alí factores VIRTUAIS de dificil engendramento Benfiquista, porque deixa no ar algo de MUITO esquisito e a coisas que NUNCA se passaram, estão a passar ou alguma vez venham a acontecer no Glorioso Benfica. A jarvardice SEMPRE foi o PORCO e seus afins que a fizeram, estão a fazer e a continuar assim SEMPRE o farão, e aí os Benfiquistas têm responsabilidades, porque falam, falam, falam e não agem de harmonia com aquilo que contra si é engendrado continuamente, mas esse de podermos chegar a parecer com aqueles Canalhas NUNCA. E tal como o Vilas-podres, o JJ também ñão é aquilo que muita gente pensa, basta recuarmos DUAS ÉPOCAS ATRÁS e têm aí a "chave dos segredos", portanto o que interessa verdadeiramente é que quem vai julgar este jogo em campo, FOSSE IMPARCIAL, mas TODOS sabemos que á partida o NÃO É, pois o pedro porco proença tem AVERSÃO ao Benfica, TODA A GENTE SABE DISSO, contudo nada se faz, e é aqui que vai residir o resultado final, o pedro porco proença VAI GANHAR ao Benfica.
Infelizmente é isto que se passa no CORRUPTO futebol português dominado pelos Corruptos e cujo jogo é num Antro Corrupto.