Os comentários de Luís Nazaré à exibição do Benfica no Dragão causaram pasmo. Porque quebraram o “não se fala mais nisso” recomendado na Luz. E no entanto, o que o presidente da assembleia geral do Benfica fez foi pensar como gestor. Um clube não é uma empresa mas assim deve ser gerido. Nazaré, apesar da experiência política e paixão desportiva, não é “boy” socialista nem boi de manada. É um economista e gestor e é nessa perspetiva que devemos discordar ou concordar com o que diz. Não por quebrar o tabu da não autocrítica sistemática.
Nazaré não criticou propriamente Jorge Jesus, apesar deste o merecer – pelas opções táticas desastrosas e aterrorizadas e pela incapacidade de suster a goleada. Ao contrário, Nazaré protegeu o treinador das expectativas que não poderá cumprir.
O Benfica é melhor do que mostrou no Dragão mas o FC Porto não é pior do que ali foi. Não são apenas pontos o que separa as duas equipas, é a dimensão competitiva. Em linguagem de gestão, o Benfica não tem os mesmos recursos. Daí que não possa ter as mesmas ambições à chegada do Natal que tinha à saída do verão. Compete para o segundo lugar, para a Taça e para passar à próxima fase da Champions. Ouvi-lo será odioso para os benfiquistas, mas dizê-lo é nivelar as expectativas – e, nisso, é proteger o treinador.
Jesus já demonstrou que é um grande treinador e líder, apesar do vexame destas “cinco batatas”. Como Villas-Boas está a provar que o é, para desgraça do Sporting, que o perdeu para um Carvalhal que não tem unhas para tocar (nem grande guitarra, diga-se). A diferença está na capacidade de liderança e nos recursos de cada um – a equipa. Nazaré disse o que diz o anúncio: uns têm, outros não. E, nisso, os treinadores são muito mais parecidos com os gestores do que supõem.
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