Já se nota o fervor dos adeptos à volta do jogo principal da 10ª jornada da Liga, e só se deseja que tudo se decida no relvado! Os ingressos estão a ser vendidos a bom ritmo e o Estádio do Dragão vai estar em ebulição. Decisivo ou apenas importante – uma questão de perspectiva e de interesse estratégico de comunicação, por parte dos “mercadores de esperança”, como Napoleão apelidou os líderes – o jogo de domingo já mexe, mesmo com compromissos europeus durante esta semana.
Estes jogos são de uma exposição enorme, e mesmo os jogadores mais experientes não se conseguem alhear do ambiente à sua volta. O facto de o Porto ter uma vantagem de sete pontos não retira a importância ao duelo, pois ainda estamos no primeiro terço da prova e ninguém é campeão a esta distância. O empate será mais vantajoso para o Porto, mas creio que, de acordo com a leitura do treinador dos portistas, esta será uma boa oportunidade para aumentar a vantagem, devido ao facto de jogar em casa. Ao Benfica só a vitória interessa, pois uma desvantagem de 10 pontos, ainda que com 20 jogos pela frente, não será fácil de recuperar a uma equipa como a do FC Porto. Uma certeza me parece evidente, ambas terão uma intenção clara no jogo: impor-se perante o adversário e ganhar!
O Benfica terá mais 48 horas de recuperação após o embate, deveras importante, com os franceses do Lyon e, por isso, Villas-Boas terá de avaliar se três dias serão suficientes para assegurar um rendimento máximo de excelência. Não me surpreenderia se alguns dos jogadores estruturais da equipa não fossem opção para o onze inicial frente ao Besiktas. As circunstâncias aconselharão uma gestão racional do plantel, até porque para o FC Porto, o jogo frente aos turcos não é assim tão decisivo.
Nesta partida vai haver ambição e ambas as equipas irão de forma declarada em busca da vitória, pois ambos assumem de forma positiva a posse de bola e possuem uma filosofia de ataque. Não me parece que vão surgir grandes alterações ao que as equipas têm apresentado como identidade, e tão pouco que os intérpretes no jogo sejam muito diferentes dos que têm sido maioritariamente utilizados pelos seus treinadores. Tenho muita curiosidade em observar a batalha táctica, a leitura dos treinadores, como interpretarão o jogo e aproveitarão para intervir no mesmo.
Defrontar-se-ão duas equipas que assumem organizações estruturais diferentes: o 4-3-3 em que os portistas se especializaram, vai medir forças com o 4-4-2 cristalizado dos lisboetas. Mas mais que o confronto de sistemas, aguardo com interesse o de dinâmicas. Como vão interagir e cooperar as equipas para contornar os obstáculos que se vão criando? Como manterão os equilíbrios no meio da entropia? Que duelos se evidenciarão na batalha colectiva? Que tipo de coberturas vai ter o opositor directo de Hulk? Como vai fazer o Porto para preencher os espaços entrelinhas normalmente explorados por Saviola? Como vai o Benfica anular o jogo exterior do lado esquerdo do Porto? Será que o Porto vai permitir o domínio do corredor central, devido à elevada mobilidade posicional do losango do meio campo benfiquista? Qual vai ser o papel do aproveitamento dos fragmentos do jogo (bolas paradas) por parte das equipas?
Enumerar apenas um factor crítico de sucesso é reducionista, dada a complexidade que assume um jogo de futebol. O conhecimento mútuo é profundo, a luta pela posse de bola vai ser tremenda e a inspiração dos jogadores pode ser fundamental. A relação entre a posse e a objectividade no jogo também pode ser determinante. Igualmente importante será a capacidade das equipas lutarem pela conquista dos espaços de jogo e de os anularem ao adversário, pois quem o conseguir, mais próximo estará do domínio. Além do mais, o jogo vai ter momentos de elevada intensidade e tensão. Creio que a atitude competitiva dos jogadores pode levar a excessos e neste duelo psicológico, também o domínio das emoções será crucial, tal como a eficácia das acções. O erro faz parte do jogo, mas é imperativo ser sublime!
Sem comentários:
Enviar um comentário