Foi necessário Valentim Loureiro ir à televisão e dizer “fui eu e o Pimenta Machado que definimos o ordenado de Gilberto Madaíl” para ficarmos a saber que o atual presidente da FPF ganha o equivalente a 28 ordenados mínimos, qualquer coisa como 13 300 euros/mês e ainda, segundo notícias mais recentes, 160 mil euros anuais em despesas de representação. Tudo somado: 402 mil euros/ano. Quem é que deixa um lugar destes, no qual só é necessário capitular, “dar graxa” (UEFA/FIFA), mudar de treinador e dar ares de preocupação?
Não é normal uma instituição que recebe dinheiros públicos lidar com este assunto como se fosse um “segredo de estado”, o que prova a opacidade das coisas do futebol, aliás na proporção exata de alguns escândalos de revelação recente, a envolver banqueiros, empresários, gestores públicos e todos aqueles – e são muitos – que vêm vivendo sob a lógica das “economias paralelas”...
Gilberto Madaíl é presidente da Federação há 14 anos e basta ouvir as pessoas que vivem o futebol “por dentro” para compreender não ser necessário procurar soluções reformistas para se justificar a solidariedade e o voto.
Menos estrangeiros nas competições profissionais e não profissionais, e agora, inclusive, nos escalões mais jovens? Não vale a pena. Está bem assim. Reformulação dos formatos competitivos, com tendência para exigir mais no acesso à competição profissional? Não vale a pena. Está bem assim. Clubes sem dinheiro para pagar a organização de cada jogo é coisa banal, que se deve estimular e proteger. Jogos a começar à sexta e acabar à segunda, sem qualquer motivo aparente? Está bem assim, porque não se pode conflituar com a Olivedesportos, cujo abuso de posição dominante ninguém ousa tocar. Clubes na Liga principal com médias de 3.000 espectadores, em estádios que são autênticos “elefantes brancos”? Está bem assim. Nada a dizer.
Tantas receitas recebidas da UEFA e da FIFA, cujos favores são muito bem pagos, sem dúvida, e a Casa das Seleções não passa da idade da... pedra? Uma Federação sem estatutos adaptados à lei, e o presidente não toma uma posição?! Pois claro que não. Quem fez a lei também não se preocupa, por que razão a FPF havia de preocupar-se? Vivemos um tempo de não exigência, que tudo parece justificar.
Opresidente da FPF vive, pacificamente, debaixo da tutela, com mordomias de luxo. Ninguém o questiona e, quando é questionado, em razão dos resultados menos bons da Seleção Nacional, ouve os patrocinadores, ouve a companhia Rodrigues & Oliveira, consulta a tutela (quando a ordem não vem logo de cima, encomendada) e toma as decisões que melhor o protejam. Um presidente da FPF que resiste ao que já resistiu pode, de facto, recandidatar-se.
OPaís e o “país da bola” assistem, com lusa bonomia, à gestão do calendário de Madaíl: até 2 de Dezembro (data do anúncio de quem organizará o Mundial’2018), não incomodem. E até o Amândio (quanto ganha?) se tornou numa grande figura do futebol indígena! Que pobreza!
NOTA – A Seleção Nacional, com uma bela exibição, banalizou os campeões do Mundo. Quando os jogadores querem, até o treinador é “bestial”.
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