A estrondosa derrota do Benfica frente ao Hapoel pode querer dizer muita coisa e vir ainda a originar, ou a explicar, outras crises. Mas podemos dar já por certo que os jogadores encarnados estão fartos de Jorge Jesus – dos seus métodos, dos seus discursos, das suas simpatias e antipatias, da sua personalidade.
Um futebolista é como outro trabalhador bem pago: não brinca com a profissão que lhe dá uma qualidade de vida muito acima da média. Não se pense, por isso, que seja possivel, a este nível, formar um qualquer complô que tenha por objetivo destituir um treinador.
O problema é que o início da época benfiquista – com a derrota na Supertaça e uma série de resultados menos positivos – não permitiu que o "mar de rosas" da temporada anterior se repetisse na Luz. E o mau começo na fase de grupos da Champions e a desvantagem pontual entretanto conseguida na Liga pelo FC Porto contribuíram para a deterioração do ambiente, dentro e fora do grupo de trabalho. Já não há estado de graça, a recente "advertência" dos No Name, no Seixal, não deixa margem para dúvidas.
O Benfica vive hoje o que se poderia designar por "síndrome de Queiroz", ou seja, passa por aquela fase que a Seleção atravessou em que ninguém regateava esforços mas também ninguém dava aquele "plus" que uma quipa de futebol precisa para fazer a diferença.
Já o escrevi aqui no Record – no passado dia 8, na sequência da goleada sofrida pelo Benfica no Dragão – e o resultado de Telavive confirma-o, infelizmente: chegou ao fim a era de Jesus nos campeões nacionais. Agora, é apenas uma questão de tempo.
Com mais ou menos drama, com mais ou menos desmentidos, o técnico terá de receber o seu gordo cheque e procurar – e seguramente reencontrar – o seu sucesso noutro clube.
É assim a vida. E o espetáculo tem de continuar.
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