segunda-feira, junho 28, 2010

Espanha não é imbatível - Luís Avelãs

Horas depois de empatar (0-0) com o Brasil, Portugal ficou a saber que o adversário dos "oitavos" será a Espanha. Desde o dia do sorteio da fase final do Mundial que se temia a possibilidade deste choque ibérico surgir tão cedo. Por isso, sem rodeios, há que dizer que a sorte voltou a não bafejar as cores lusas. Assim, depois de nos ter destinado um grupinho com o Brasil e uma perigosa Costa do Marfim, tratou de nos "encomendar" a campeã europeia logo para o primeiro duelo a eliminar. É dose...

Assumir que nos calhou o pior adversário possível (as outras opções seriam Chile, Suíça ou Honduras) não é alinhar pela famosa postura do desgraçadinho. É, apenas e só, ter noção que, em teoria, qualquer um dos restantes oponentes seria mais facilmente "quebrável" para a equipa de Carlos Queiroz. Mas, a Espanha, sendo um dos conjuntos mais fortes da actualidade, não é uma equipa imbatível. Se até a Suíça, já na África do Sul, foi capaz de de derrotar os "nuestros hermanos", não é exagero, nem excesso de patriotismo, considerar que Portugal tem reais hipóteses de seguir para os quartos-de-final. Percentagens? Não me parece correcto analisar a situação dessa forma mas, para os fanáticos dos números, penso que se deve falar precisamente em 50% para cada lado.

A Espanha, é verdade, tem tido um comportamento mais eloquente nos últimos tempos, conforme se atesta pelo título europeu de 2008, bem como pela campanha dominadora realizada na qualificação para este Mundial. De resto, começando pelos atacantes Fernando Torres e David Villa, passando pelos médios Xavi, Iniesta e Fabregas, saltando para os defesas Puyol e Sérgio Ramos e acabando no guardião Casillas, possuem alguns dos melhores executantes mundiais do momento. Contudo, é preciso ter em conta que não vamos disputar um campeonato contra eles. Não se trata de, ao fim de determinado número de partidas, ver quem somou mais pontos. Isto vai ser uma "conversa" de hora e meia. Um pouco mais se o tempo regulamentar não desempatar a coisa. E nessas condições, se até as equipas pouco cotadas conseguem "enganar" os favoritos (como se tem visto várias vezes neste Mundial), era só o que faltava não acreditar que a Selecção Nacional pode vencer.

Portugal, com toda a certeza, vai ser obrigado a trabalhar muito, a sofrer em determinadas situações. Mas, num jogo a eliminar, e quando os pratos da balança não estão muito desnivelados, é sempre assim. Por outras palavras: agora é a hora do tudo ou nada. Já não se vai poder entrar em campo a pensar em empates, nos pontos necessários para seguir em frente ou na diferença entre golos marcados e sofridos. Isso acabou. A partir de agora "basta" eliminar o opositor. De preferência ao cabo de 90 minutos. Mas, se tiver de ser no prolongamento ou nos penáltis... que seja.

E para os menos esperançados uma ideia concreta: se nós tivemos azar ao apanhar com a Espanha, eles também não podem sorrir. É que Portugal, por estranho que possa parecer a alguns, é igualmente uma das melhores equipas no planeta. Diz o "ranking" da FIFA e, mais importante, vê-se em campo.

Sem comentários: