Não conheço nenhum portista que não tivesse reagido com um «oh, que pena!» à notícia de A BOLA dando conta do assédio do FC Porto a Jorge Jesus no final desta época.
E conheço muitos que reagiram com um saudoso «ai, ai, nos seus bons velhos tempos o nosso presidente tinha-vos dado mesmo a golpada!» e outros, mais dados à teoria histórica, que logo recordaram com um «ah, era lindo, um bocado parecido com aquela vez que fomos buscar o Rui Águas quando ele era o vosso ídolo e símbolo».
Na verdade, nada mais dentro do reportório de Pinto da Costa do que tentar fazer um número com Jorge Jesus que, em termos de apego ao Benfica, tem bem menos responsabilidades do que tinha Rui Águas desde que nasceu e, especialmente, no ano de 1988.
Mas, desta vez, o número falhou. Há artistas que, com o tempo, perdem qualidades.
E o silêncio oficial sobre o assunto é tão eloquente…
Pouco genial, presidente, pouco genial.
Em Junho de 2001, Pinto da Costa estava aborrecido com Domingos Paciência, em final de carreira, e Domingos estava aborrecido com Pinto da Costa, que, pelas nossas contas, já tinha passado o meio da carreira, e que criticava o ex-menino de ouro nestes termos: «Não venham agora com choradinhos de simbologias quando os jogadores são eminentemente profissionais e quando têm oportunidade de sair não abdicam de as aproveitar». Tudo isto a propósito de uma experiencia pouco empolgante do mesmo Domingos no Tenerife e do seu regresso, também pouco empolgante, ao Estádio das Antas, pois era assim que se chamava na altura o recinto do FC Porto.
O episódio já se passou há muito tempo e não é o simpático e distante Tenerife que o traz à baila. É antes o exemplo que Pinto da Costa deu do atleta que, segundo ele, mais e melhor significava a pureza do desinteresse material e do amor à camisola. «Só conheço um jogador que, desde que calçou umas botas ou sapatilhas para jogar futebol, só vestiu a camisola do FC Porto. Esse jogador foi Rodolfo Reis. Todos os outros aproveitaram quando tiveram oportunidade de ir para melhor».
Pois bem, resta-nos dizer que, face a acontecimentos bem mais recentes, Rodolfo Reis está completamente tramado.
Se na apresentação de André Villas-Boas, o presidente do FC Porto afirmou peremptoriamente que não conhecia, no universo portista, nenhum «céptico» quando ao bom juízo da sua escolha, imagine-se só que, no mesmo dia, veio Rodolfo Reis não só desalinhar como também desmentir Pinto da Costa em declarações públicas em tudo contrárias ao discurso presidencial sobre a unanimidade em torno do novo treinador: «Não sei o que dizer e acho que é a opinião de milhares de pessoas do universo portista. André Villas-Boas foi o técnico da Académica e lá fez um trabalho banal, apenas. É um risco total».
E Rodolfo Reis é mesmo um símbolo do FC Porto.
Pronto, lá estragaram as férias ao nosso Rúben Amorim. E, ainda por cima, que merecidas férias para quem tanto labutou e jogou um ano inteiro. Lamentavelmente, Rúben Amorim vai viajar para a África do Sul porque Nani, que prometia estar em grande, se lesionou num ombro ainda em Portugal.
Curiosamente, o comunicado da FPF a anunciar a indisponibilidade do jogador não especifica as circunstâncias em que Nani se magoou. Terá sido a jogar ping-pong com Cristiano Ronaldo? Ou terá sido a comemorar o seu bonito golo aos Camarões com uma sequência de cambalhotas? Em Manchester, Sir Alex Ferguson passa-se com os saltos mortais do português e alguma razão terá.
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