Carlos Queiroz desmultiplicou-se esta semana em entrevistas. Tudo espremido, o seleccionador tinha pouco de novo para dizer, o que até se compreende porque desde antes do estágio na Covilhã que ele anda a falar.
Aparentemente, Carlos Queiroz sentiu que a mensagem não tinha passado e tentou resolver ele próprio o problema.
Má opção.
Por um lado, o principal problema da selecção tem estado dentro do campo. E esse não se resolve, lamentavelmente, com entrevistas. É preciso jogar. Sobretudo, é preciso fazer os portugueses vibrar. Com rigor, sem riscos parvos, sim, mas também com audácia.
Por outro lado, Carlos Queiroz está longe de ser um treinador bem-amado. Logo, o seu discurso não cativa. Acho que hoje em dia produz o efeito contrário.
Por fim, a selecção tem apresentado espantosas fragilidades na comunicação. A lista de casos mal geridos impressiona. A lesão de Nani. A chamada de Ruben Amorim. A partida de Nani. As palavras de Nani à chegada a Lisboa. A resposta azeda do seleccionador. As declarações de Deco. O pedido de desculpas de Deco. E agora a lesão de Deco.
Quando Nani decidiu deixar a África do Sul, o empresário do jogador falou e a Federação limitou-se a confirmar. Agora com a lesão de Deco sucedeu o mesmo. O assessor do futebolista antecipou-se, ao seleccionador restou o papel de dizer que sim com a cabeça.
Aprecio especialmente a qualidade profissional das pessoas que trabalham na área da comunicação da selecção nacional. Aliás, são bastante experientes nestas competições. O que só adensa o mistério: o que está a impedir a Federação de lidar bem com estes casos?
P.S.: Era só o que faltava se a selecção, hoje ao almoço, voltasse a jogar com medo. Logo ali, na Cidade do Cabo. Empatar, perder, ganhar, tudo isso é legítimo. Não ousar é ser incapaz de estar à altura do momento.
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