Era preciso ganhar à Coreia do Norte e isso foi conseguido. Convinha marcar várias vezes, de forma a precaver um eventual desempate com a Costa do Marfim através da diferença entre golos marcados e sofridos, e isso também foi atingido. Só que, pelo meio, na Cidade do Cabo, a Selecção Nacional fez mais. E melhor. Com uma segunda parte histórica, Portugal voou para uma impensável goleada de 7-0 e, para além de se aproximar dos oitavos-de-final, mostrou-se ao Mundo.
Numa prova repleta de surpresas e onde muitos dos favoritos têm sido completamente ludibriados por conjuntos teoricamente mais débeis, a equipa de Carlos Queiroz fez questão de passar uma mensagem importante à concorrência, como que anunciando estar pronta para todas as eventualidades e apagando, de alguma forma, a prestação cinzenta, apática e medrosa da jornada inaugural.
Ainda assim, convém realçar (e recordar) que Portugal ganhou apenas uma partida. E frente à equipa com pior “ranking” entre as 32 que competem na África do Sul. Bater a Coreia do Norte não é nada de especial. Só que fazê-lo com uma goleada improvável, reduzindo o opositor à vulgaridade, é diferente. Ainda por cima, há dias, o todo-poderoso Brasil não conseguiu melhor que um sofrível 2-1.
É verdade que os norte-coreanos, a partir do 2-0, desistiram, deixaram de lutar com a disciplina férrea que se lhes reconhece. Contudo, mesmo não querendo cair no elogio exagerado – que facilmente aparece após um resultado tão gordo -, Portugal contribuiu imenso para o desnorte alheio. A forma célere e inteligente com que trocou a bola na segunda metade – fazendo um carrocel vistoso e eficiente – foi a chave do sucesso. Isso e a atitude dos jogadores que, desta vez, quiseram ganhar e, mesmo depois de garantidos os 3 pontos, procuraram jogar bem e marcar o maior número possível de golos.
Queiroz, para além da troca forçada de Deco por Tiago (que acabou por ser bastante benéfica para a equipa, já que o minhoto apresenta uma condição física bem superior à do luso-brasileiro que viveu uma época muito instável), teve a arte e a coragem de operar mais três alterações no onze. E acertou em cheio. Miguel, Simão e Hugo Almeida trouxeram maior dinâmica. O lateral, como sempre foi evidente, tem mais futebol que Paulo Ferreira, enquanto os companheiros – que mereceram a oportunidade face aos à escassa produção de Danny e Liedson na estreia – do ataque fizeram os golos que “mataram” a partida
Para a jornada de boa esperança ficar completa nem faltou o regresso aos golos de Cristiano Ronaldo e de Liedson. Por outras palavras, era difícil pedir mais e melhor. Ganhar, jogar bem, golear e ver uma série de futebolistas aumentar a respectiva confiança parece receita prescrita por toda uma nação que, por seu lado, também voltou a sorrir.
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