quarta-feira, maio 31, 2006

A entrevista do Ciganito ao Mais Futebol

Ricardo Quaresma fala em entrevista sobre a sua ausência do Mundial.
Maisfutebol: Depois do mau Europeu que fez passa-lhe pela cabeça que Scolari possa estar de alguma forma satisfeito e dê as suas exibições menos conseguidas nos sub-21 como justificação para a ausência no Mundial?
Quaresma: [Risos] Ele não tem que pensar isso, pois se viu os jogos do Porto sabe o meu valor. Isso ele nunca pode pensar, pois sabe o valor que tenho.
Por que é que acha que não foi convocado para o Mundial?
Sinceramente não sei. Nunca ninguém me disse nada e eu também nem quero saber.
Não quer saber porquê?
Porque eles é que são os treinadores e eles é que mandam. Os jogadores só têm que respeitar.
Pensa que Scolari mantém de si a imagem do miúdo que ainda não cresceu?
Ele não pode pensar isso de mim, porque como pessoa talvez me conheça pouco. Como jogador conhece-me muito. Já demonstrei muita coisa e considero-me um homem. Nunca vim para os jornais criticar ninguém, nunca atribuí culpas aos outros, sempre assumi responsabilidades e por isso considero-me um grande profissional e um grande homem.
Acredita que provou no F.C. Porto que já é um jogador de equipa e não um individualista, como se dizia no passado?
Se formos analisar esta época ninguém pode falar disso. Ajudei a minha equipa a conquistar dois títulos. Fiz golos, fiz assistências, fui regular¿
Mas isso não chegou para ser chamado à selecção A. Para mim chegou e fiquei bastante feliz pela época que fiz.
Termina esta época de consciência tranquila?
Gostaria de acabar a época em grande sendo campeão da Europa. Não foi possível, mas vou de férias de consciência bastante tranquila.
Considera os 23 convocados como os melhores jogadores portugueses ou como um plantel que merece a confiança de Scolari?
[Risos] Não vou entrar por esse caminho. No mundo do futebol há coisas que nos surpreendem e uma das coisas que me surpreendeu foi não ir ao Mundial. Mas não vou comentar se é a equipa do mister Scolari ou se estão lá os jogadores que mereciam. Nunca pedi explicações a ninguém e nem quero saber por que é que não estou lá.
Da mesma forma que ficou surpreendido com a sua ausência, surpreendeu-o a chamada de algum jogador?
[Risos] Não me surpreendeu, até porque eu friamente já esperava ir aos sub-21. Tive esperança de ir ao Mundial mas depois algo me dizia que ia aos sub-21. Há coisas que nós pressentimos e eu pressenti que este Mundial ainda não era para mim.
Porquê? Sentiu falta de confiança na selecção A?
Não. O que senti foi falta de oportunidades, porque confiança em mim sempre tive e nunca me senti nem mais nem menos do que ninguém. O que fazem jogadores que lá estão eu também faço. Sei o valor que tenho, sei a grande época que fiz e como já disse respeito as decisões. Não perguntei nem vou perguntar a ninguém por que é que não fui chamado.
Então sente que não são os melhores que estão na selecção A?
Tenho que respeitar, pois cada treinador toma as decisões que entende e eu como jogador só tenho que respeitar. Não vou dizer se este ou aquele devem lá estar ou não, pois não sou treinador. Felizmente ainda sou jogador.
Se fosse treinador quais eram os seus 23 convocados?
Isso não vou dizer, pois não quero entrar em guerras com ninguém. Certamente tenho os meus 23.
Que não são aqueles?
Se são ou não, não vou dizer. Eu pelo menos estava lá, mas como não sou eu a escolher.
Incluía mais alguém da selecção sub-21 no lote dos 23?
Se calhar, porque há jogadores dos sub-21 que têm muito valor. Mas não somos nós que mandamos. Eu felizmente sou jogador e quando for treinador sou eu que vou decidir. Como ainda não sou treinador tenho que respeitá-los.
Na próxima época já não tem idade de sub-21. Irá de vez à selecção A?
Vou continuar a trabalhar para voltar a ter oportunidade da selecção A.
O que é que se passou em Barcelos depois do jogo com a Sérvia e Montenegro? Agrediu um adepto como veio a público?
Eu vinha a sair da zona dos balneários e estava a dar um autógrafo a um miúdo. Um individuo chegou ao pé de mim, pôs-se aos gritos, dizendo: «Não foste para a Alemanha e vens para cá e não jogas nada. Tens a mania e não és jogador nenhum. Não jogas nada. Não vales nada.» Disse-me isto entre outras coisas, de que nem me recordo. Esse senhor agrediu-me verbalmente e eu empurrei-o para se calar, mas não agredi ninguém.
A polícia foi chamada a intervir?
Houve um agente da polícia que assistiu a tudo e viu que quem me provocou foi ele e constatou que eu não provoquei ninguém. Eu passei, dei autógrafos, passou-se essa situação e entrei de seguida no autocarro da selecção nacional e fui para o hotel. Quando saí vi que o polícia ficou lá com ele e pediu-lhe a identificação.
Para além desta situação fora do relvado, no jogo com a Alemanha esteve envolvido num lance polémico com o guarda-redes. O que se passou? Houve agressão?
Foi um lance normal. Pensei que ia chegar à bola, estiquei a perna e foi pena tê-lo atingido. Não foi com intenção de aleijar ninguém. Não houve agressão.

2 comentários:

VermelhoNunca disse...

O cigano protege-se bem na entrevista. Não mete a boca no trombone, mas para ele falar também não é fácil, pois não tem o dom da palavra. Agredir adversários e adeptos parece ser o seu prato preferido.

VermelhoNunca disse...

Amigo Zex Trivela: a questão é que o Sporting vende os jogadores muito cedo, ainda jovens, quando estão em plena formação civica. Temos vários casos exemplificativos disso, a começar pelo Choramingas Simulão, que o grande Manolo Vidal esclareceu publicamente que o Sporting falhou na formação como homem...